100nada


O chá nocturno

Cidreira-mel. Maçã-canela. Ao som das ventoinhas dos processadores. Canecas de promoção de chocolate em pó. Tudo o que parece diferente, pode na realidade ser semelhante. E tudo o que parece igual, pode na realidade ter ficado alterado. As gavetas das memórias só devem conter coisas boas.

Read more



Conto de Natal (6)

Genoveva grita. Ainda sem acordar, grita. Há mais de trinta anos que as criadas avisam as novas, não te assustes, a senhora grita sempre de manhã. Depois pára. Há trinta anos não parara. Gritara sempre, durante dias e dias, durante o enterro do Conde, durante as rápidas manobras políticas da…

Read more

Conto de Natal (5)

Deixemos Genoveva de manhã, a saltar da cama e a esfregar os olhos, perdida de sono e de contentamento, ela não sabe ainda que o Conde não costuma dormir até esta hora tardia, temos tempo depois para os gritos e os desmaios…o que é urgente agora é regressar para junto…

Read more

Conto de Natal (4)

Mas, perguntarão os leitores (ou não perguntam, mas eu estou-me nas tintas, que na literatura abundam estas figuras de estilo), qual a razão de tanto interesse de uma Abenticalli de Souza num menino pobrezinho, filho de uma Lurdes qualquer? Ela (Lurdes) nunca se questionara acerca disso, ingénua que era, acreditando…

Read more

Conto de Natal (3)

Seria realmente feliz, a mãe do menino pobrezinho, aquela Lurdes que dez anos antes, num dia quente de Verão, tinha regressado à aldeia, para passar uns dias com a família? Tudo lhe tinha parecido tão bonito! As casas de pedra, as árvores carregadas de maçãs, o céu muito azul, o…

Read more

Conto de Natal (2)

Nesse preciso momento, o menino pobrezinho sentiu uma vontade avassaladora de possuir aquela caixa. Era uma vontade absoluta, uma vontade que, num segundo, o transformou de criatura de Deus em desejo puro. Esqueceu a lama que o cobria, o calor gelado que a fome lhe deixava sempre no estômago, a…

Read more