O romantismo causa gripes
Hoje precisei de andar uns quarteirões até ao carro. Uma chuva daquelas que se parece com o duche em casa, nos dias em que a água tem mais pressão. Eu sem guarda chuva e de casaco fininho. A culpa é da Etelvina, claro. Há anos que me debita o estado do tempo e as notícias de manhã, logo a seguir ao a menina já viu as horas? .
Intrigam-me imenso as notícias. A Etelvina não lê jornais. Só liga a telefonia quando eu saio de casa porque não aprecio a antena um. Não me consta que a carreira já tenha rádio. Desconfio que o lobby das Etelvinas tem uma reunião matinal na paragem, altura em que trocam notícias do país real, assaltos durante a madrugada, raparigas perdidas e crianças desaparecidas. Há sempre uma facada nessas notícias. Depois traz também, já em terceira página da sua própria edição, algumas coisas que apareceram nos telejornais da véspera. O que quer dizer que foram as que li em blogs dois dias antes. A Etelvina não lê blogs. É o que me vale. Senão já se tinha despedido à conta das mentiras que aqui escrevo sobre ela. Na realidade ela é a fada do meu lar e trabalha em mim (trabalho na menina há um ror de anos!) há…um ror de anos, pois.
Já o estado do tempo foi sempre infalível. Lá fora um sol lindo e a Etelvina a dizer, a menina leve um casaco quente e um guarda chuva. E, se eu não seguia aquelas instruções, claro que apanhava uma molha nem dez minutos depois. Tem sido um excelente barómetro. Até agora.
Ultimamente a Etelvina tem vindo a queixar-se de sintomas muito estranhos. São uns enjoos, uns o café caiu-me mal ando aqui toda moída, uns ai menina só me apetece chorar e nem sei porquê, uns calores, umas dores…deve ser do ferro, menina, diz-me ela, muita roupa, e eu, assisto àquilo e também não a vou elucidar, não é? Mas o que é certo é que a quebra de estrogénios lhe deu conta do sistema metereológico.
E assim, ao fim da tarde, estava eu a ver chover e de casaco fininho. E este post já vai longo. Continuo no próximo.
“Não me consta que a carreira já tenha rádio.”
É engraçado que só me lembro desta expressão (“Carreira”) na boca dos meus avós beirões. A carreira das 6 da manhã quando Vénus já ia vem alto… Agora já é mais o expresso que vai para Lisboa… com rádio.