Inventar tempo (dia 2)
Atirar para o lado, para trás das costas, para debaixo do sofá, do tapete, eu a aprender com a cadela, ou ela comigo, ou sempre fomos as duas assim, eu a dizer pairar acima, ela a esconder a bola no canto mais complicado de chegar. Haverá quem diga não é saudável, a bola fica sempre lá e dá cabo das costas ir buscá-la depois, mas que se lixe, não é? enquanto ali estiver não se vê, ou o pó, o lixo que se acumula na vida e as outras coisas que não falamos porque atiramos para o lado e assim não as vemos. Não devias, e então? Se serve, siga e não mexe e depois logo se verá, o preço que se paga amanhã pela tranquilidade de hoje, interessa alguma coisa? Não a mim e há sempre outra bola entretanto. Detesto tudo o que se deve e teme, modelos e sistemas estabelecidos, mas olha que funcionam! Pois que seja, não comigo, não em mim. Pairo agora, chuto para canto, atiro para o lado e depois, na verdade, esqueço-me. Ou escondo até de mim, talvez até nem corra bem mas, até lá, haverá o que é mais preciso: tempo.
Pois! Estou como tu. Lixo, pó, cotão? Que eu saiba ninguém partiu pernas a tropeçar no cotão, já noutros objetos ou seres vivos pensantes é bem diferente – partem-se outras “coisas”. É a vidinha, com a idade vou perdendo a fé(?) na humanidade, aliás nunca fui mulher de muitas “feses”
Nunca retirei o teu blogue do meu feedly.com, esperando, pacientemente, que voltasses, e que aqui estamos. Noticias já tenho 4 netas (só mulheres, é claro) 18 e 16 as mais velhas já, praticamente, adultas, da Pal – o filho decidiu-se mais tarde e deu-me duas netas – 11 e 5 anos – e mais uma filha italiana de quem gosto mesmo!
*11 e 6 anos todas já em escolas… e a saber ler
“Deixa para amanhã o que te dá muita maçada resolver hoje” já é práticamente o meu lema de vida. qual é a pressa em ter tudo resolvido e arrumado nas respectivas gavetas ou num saquinho do lixo prontamente fechado e despejado no contentor próprio? qual é a pressa de andar a remexer em tralha? não me apetece e o raio das alergias (as literais e as metafóricas) não me deixam. amanhã é um dia novo. ou então levo com um camião a atravessar a estrada e o tempo que não empatei em arrumações foi tempo que ganhei a saborear o aqui e agora que é coisa que prefiro mil vezes fazer.
ainda no outro dia, a mais de meio de uma longa caminhada pelo monte, o meu gajo dizia-me “devíamos ir por ali, que é um caminho mais curto” e eu a olhar para uma subida demoníaca e a sentir os joelhos aos berros. olhei para o outro caminho: uma recta maravilhosa, durante metros e metros a fio. “não, vamos por aqui.” e ele a insistir “mas por aí depois vamos dar uma grande volta e pode haver mais subidas lá mais para a frente” e eu “sim sim, mas isso é um problema para a Sandra do futuro, a Sandra do presente não tem capacidade para subir mais nada de momento.”, e assim foi, fez-se a recta suave que deu descanso às articulações e à alma e o depois foi-se fazendo. no monte, como na vida. :))))