Acabo de encontrar vinte euros numas calças que iam para a máquina! Olé!
(mais até do que ganhar, não perdi: que daqui a cinco minutos tinha papas de euro naquele bolso…)
Acabo de encontrar vinte euros numas calças que iam para a máquina! Olé!
(mais até do que ganhar, não perdi: que daqui a cinco minutos tinha papas de euro naquele bolso…)
Claro que é também evidente que a lei é completamente estúpida. Não se pode responsabilizar ninguém pelo conteúdo de uma página a menos que o autor admita que é sua. Basta que esteja num servidor internacional já é muito mais difícil e complicado. Mas pura e simplesmente, mesmo assinada com todos os nomes e apelidos, basta que se diga ‘não, isso não é meu’. E depois, como é que se prova?
(aliás, por isso é que documentos oficiais na forma virtual são ainda mais difíceis de certificar que documentos escritos e assinados em papel)
Eu nem me devia meter nisto que este blog não é para opiniões sérias sobre assuntos de natureza séria mas vá…
Vamo lá por partes:
Ontem vários blogs mexeram-se muito; mexeram-se no sentido de se torcerem um bocado nas cadeiras, como se elas de repente tivessem picos, sendo esses picos sob a forma da lei abaixo indicada. Li vários posts, comentários, disparates totais e claro, meti ali a lei, o cabeçalho em cima e mais umas quantas parvoíces, para mostrar, num registo irónico, o ridículo da coisa. O ridículo não é a lei, é a reacção.
Às vezes sinto-me no papel de ser a pessoa que puxa as orelhas aos meninos (já me aconteceu muita vez na minha vida profissional) quando começam com o disparate. É que os meninos se levam demasiado a sério e depois dizem coisas que não fazem sentido nenhum: aliás, se é referida a coerência, as reacções de ontem demonstraram por a+b que a coerência afinal não existe, nem precisam de se preocupar mais. Senão vejamos:
– Não é o caso do meu tasco, que é propositadamente alucinado (mas como muito bem disse a minha irmã, organizado na incoerência, evidentemente), mas há blogs que se levam imensamente a sério, cujos autores querem ser os novos opinionmakers do bairro: esses blogs claro que têm linha editorial e são organizados de forma coerente; como este também é. Que faça mossa ou não, isso já é outra conversa, mas que são, ou que querem ser, isso é evidente. E se um blog, ou o seu autor ou autores querem ser levados a sério e contribuir para qualquer coisa que, vamos supor, é para o melhoramento da sociedade, quanto mais não seja por serem levantadas outras vozes que não as dos media, não podem depois fugir com o rabo à seringa nas suas responsabilidades. Que foi o que ontem aconteceu, em alguns casos que entendi que os comentários ou posts em blogs sobre este assunto não eram irónicos e sim de indignação.
Ora um organismo regulador não é um lápis azul. Digo eu. Claro que depois podem existir abusos, logo se verá. Mas o que idealmente esse organismo pode fazer é zelar pela manutenção da ordem e não deixar que os blogs avancem para além das leis estabelecidas. Não vejo que seja a censura, mas censura é uma palavra que hoje em dia se diz em qualquer situação, é de uso fácil. Vejo que se possa recorrer a um organismo regulador se acaso o bom nome das pessoas for manchado, se existirem situações de plágios, se uma data de coisas acontecerem. O cidadão normal dar a sua opinião não vejo que isso seja matéria para que um organismo regulador se dê ao trabalho de agir.
Mas no fundo o que interessa ( que estou farta deste assunto, quero ir tomar café e não tenho paciência para seriedades no meu tasco) é que não pode haver alguém que queira ser levado a sério e depois essa mesma pessoa queira também ficar à margem da lei e diga (ou escreva) tudo o que lhe apeteça com impunidade total.
É assim na vida real, passa a ser assim na blogsfera. Qual é o problema?
Declaro que este tasco não tem qualquer tratamento editorial nem coerência: já toda a gente sabia mas fica registado não vá o Diabo tecê-las.
Não passarão e o caneco!!!! E viva o 25 de Abril e isso tudo!
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
Lei n.º 53/2005
de 8 de Novembro
Cria a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social,
extinguindo a Alta Autoridade para a Comunicação Social
Artigo 6.º
Âmbito de intervenção
Estão sujeitas à supervisão e intervenção do conselho regulador todas as entidades que, sob jurisdição do Estado Português, prossigam actividades de comunicação social, designadamente:
a) As agências noticiosas;
…
e) As pessoas singulares ou colectivas que disponibilizem regularmente ao público, através de redes de comunicações electrónicas, conteúdos submetidos a tratamento editorial e organizados como um todo coerente.
Via Adufe, via Blasfémias
Estou com um daqueles ataques de sono dos mesmo grandes, que até fica a doer a cabeça só de tentar manter os olhos abertos. Já bebi uma garrafa de água e dois cafés seguidos, já tomei cêgripes e vitaminas, já comi uma bola de berlim com creme, nada! Isto tá mesmo mal! E acho que me começou a doer um dente. Bolas. Uma caminha, quero uma caminha, quero uma caminha, quero uma caminha, quero uma caminha…
(obrigada pelos comentários todos, estou completamente incapaz de responder ao que quer que seja, uma caminha, uma caminha, uma caminha, uma caminha)
A bófia anda atarefadíssima a colocar bloqueadores em tudo quanto tem quatro rodas estacionadas em cima dos passeios e em locais proibidos. Acho muito bem, assim as pessoas enchem os cofres do estado e nem dá trabalho nenhum, que uma coisa é a pessoa sentada no carro à espera da carrinha para desbloquear a roda e outra, muito diferente, é o ladrão a correr pela rua com a carteira da velhinha: o primeiro cenário é dinheiro certo em caixa, já o segundo é apenas o agradecimento da sociedade na manutenção da segurança e ordem pública e a probabilidade não muito remota de uma facada.
Mas acho muito bem à mesma.
Agora bloquear os carros estacionados em segunda fila, convenhamos que é um pouco estúpido, não? Então e os utentes estacionados nos locais da ‘primeira fila’, se quiserem tirar o carro, coméqué?
Já estou farta de me rir, embora seja meio estranho. Cada vez que abro a minha lista no tal Kinja está tudo mudado: blogs que acrescentei são apagados, aparecem outros que nem nunca ouvi falar…ou isto é coisa geral, o que duvido muito, ou então anda alguém a brincar comigo. Tudo bem, quando me aborrecer apago a coisa mas, por agora, tirando o trabalho de ter de voltar a acrescentar os meus favoritos, confesso que já dei umas boas gargalhadas com as escolhas do random agent.
Lá vou eu acrescentar outra vez alguns que já lá estavam: Xupacabras, Sociedade Anónima, Afixe, Anarca, Estórias da Ruiva, Vanus, Ideias Soltas, Modus Vivendi, Mas certamente que sim, TheOldman, Opiniondesmaker, bem a lista é imensa, nem vale a pena, eram quase todos os da coluna da direita, agora só estão meia dúzia. Esquisito mesmo.
Quando a minha irmã mais nova era pequena, mesmo pequena, tinha a mania de desaparecer na praia. Ia pela beira-mar com um pauzinho, a fazer desenhos na areia molhada, joelho em terra joelho no ar (frase da minha Mãe), fazia o desenho e andava mais para a frente, para onde a areia ainda não tinha qualquer risco; e fazia mais um desenho. Ia indo e esquecia-se que tinha de voltar, que não se podia afastar. Também não era muito difícil encontrá-la: era ir seguindo os desenhos e no fim dos riscos e das formas, lá estava ela, joelho em terra joelho no ar, a desenhar ainda mais um, sem ter dado pelo tempo a passar.
Quando a minha irmã mais nova era pequena e já não tão pequena, eu era a irmã mais velha. Ainda sou, claro, mas durante muitos muitos anos fui a irmã mais velha. Há um peso inerente a ser a mais velha, como há em ser a do meio, ou em ser a mais nova. Durante anos é mantida esta classificação, esta regra quase militar, feita de frases de dar o exemplo ou de seguir o exemplo, de tu ainda não podes mas a mana pode que é mais crescida, ou podes se fores com ela, há milhares de situações, de coisas, de acontecimentos, sempre dentro desta ordem de mais-velha-mais-novas-mais-novas-mais-velha. E eu sempre uma irmã-galinha, a filha mais velha muito responsabilizada, fosse no clássico tens de tomar conta delas, fosse no menos clássico de ainda muito novinha receber instruções concretas para o caso de (filha, se o Pai pifar e a Mãe é capaz de não ser capaz de tomar conta das coisas logo na altura, tens de ser tu, estão uns dossiers aqui e ali, falas com tal pessoa e tal outra pessoa, e tomas conta das tuas irmãs e da Mãe). E levei este papel a sério, muitas vezes para grande desgosto e raiva das minhas irmãs mais novas.
Sou uma grande chata.
Depois as irmãs mais novas crescem e claro, começam a a saber coisas que nós não sabemos e admiramo-nos um bocado, mas ainda achamos que são mais novas e não sabem tudo o que nós sabemos. Mas começam a saber, cada vez mais e um dia qualquer, não se sabe bem quando, uma pessoa olha para elas, para as irmãs mais novas, e descobre que o que fica de ser irmã mais velha é aquele instinto protector que nunca passa, mas o resto, que a irmã mais nova é uma miúda um bocado pró miúda, essa parte desaparece. Já não é a miúda (bom, às vezes é): é uma rapariga crescida, uma mulher e ó espanto! Então não é que a gente se entende bem, tirando uma discussão ou duas? Temos montes de coisas em comum, montes de diferenças engraçadas, gostamos muito umas das outras e, de amigas de palhaçadas várias, passamos a ser amigas mesmo. Daquelas que estão lá sempre para as coisas importantes e daquelas que também estão lá sempre, todo o santo dia, quanto mais não seja na outra ponta da linha do telefone, para contar que se comprou um par de sapatos muito giros ou perguntar o que é que mete na sopa de beterraba ou se o brufen e o benuron se pode dar de três em três horas a um bebé com febre ou que o sobrinho disse uma coisa cómica ou que a outra mana isto e aquilo. As quatro mulheres lá de casa vivem em eterna comunhão de partilha de informação e dados olha ainda não te contei? mas eu pensave que já tinha contado…ah pois foi, contei foi à outra! Ah mas já sabes, ela disse-te, pois…e isto é muito mais do que família.
É o dois em um ideal: a família que também é constituída pelas melhores amigas que temos.
Isto tudo para dizer que a minha irmã, que continua a ser a minha irmã mais nova mas que também é uma das minhas melhores amigas, uma mulher cheia de vida e de coração e alma e coisas bestiais e também um feitio do caneco, como não poderia deixar de ser, faz hoje anos. O cómico da coisa é que não consigo lembrar-me de quantos são, troco-me sempre, mas isso também não é muito importante. O que é importante é que faz anos, no mesmo dia em que fazia anos o meu avô paterno, que tinha uma casa de praia numa ilha com um areal muito comprido. E que, às vezes, ainda vejo a minha irmã mais nova dessa forma: uma menina que se esquece de tudo e vai andando pela vida fora sem olhar para trás, entretida com riscos que pinta na areia, num equilíbrio de joelho em terra joelho no ar, sem se importar se depois o mar os apaga. O que interessa não é tanto deixar a nossa marca, mas sim desenhar aquilo que mais se quer naquele momento.
Have a nice day and a happy life, sis.
Será que o Attila está a correr?
‘O homem nem sequer se vira. Continua a fitar o mar. Silêncio. De vez em quando mergulha o pincel numa tigela de cobre e esboça na tela poucos traços leves. As cerdas do pincel deixam atrás de si a sombra de uma obscuridade muito pálida que o vento imediatamente seca trazendo de volta à superfície o branco anterior. Água. Na tigela de cobre só há água. E na tela, nada. Nada que se possa ver.
Sopra como sempre o vento do norte e a mulher envolve-se na sua capa roxa.
– Plasson, há dias e dias que trabalhais aqui. Por que razão trazeis convosco todas essas tintas se não tendes coragem de utilizá-las?
Isso parece acordá-lo. Isso atingiu-o. Vira-se para observar o rosto da mulher. E quando fala, não é para responder.
– Peço-vos, ficai assim – diz.
Depois aproxima o pincel do rosto da mulher, hesita um instante, encosta-o aos lábios dela e passa-o lentamente de um canto ao outro da boca. As cerdas tingem-se de vermelho-carmim. Ele observa-as, mergulha-as rapidamente na água e levanta de novo o olhar em direcção ao mar. Nos lábios da mulher fica a sombra de um sabor que a obriga a pensar “água do mar, este homem pinta o mar com o mar” e é um pensamento que provoca arrepios. ‘
Oceano Mar, Alessandro Barricco
para ti.