100nada

Puxando as orelhas aos meninos que não aprendem (um post sério para variar)

Eu nem me devia meter nisto que este blog não é para opiniões sérias sobre assuntos de natureza séria mas vá…

Vamo lá por partes:

Ontem vários blogs mexeram-se muito; mexeram-se no sentido de se torcerem um bocado nas cadeiras, como se elas de repente tivessem picos, sendo esses picos sob a forma da lei abaixo indicada. Li vários posts, comentários, disparates totais e claro, meti ali a lei, o cabeçalho em cima e mais umas quantas parvoíces, para mostrar, num registo irónico, o ridículo da coisa. O ridículo não é a lei, é a reacção.

Às vezes sinto-me no papel de ser a pessoa que puxa as orelhas aos meninos (já me aconteceu muita vez na minha vida profissional) quando começam com o disparate. É que os meninos se levam demasiado a sério e depois dizem coisas que não fazem sentido nenhum: aliás, se é referida a coerência, as reacções de ontem demonstraram por a+b que a coerência afinal não existe, nem precisam de se preocupar mais. Senão vejamos:

– Não é o caso do meu tasco, que é propositadamente alucinado (mas como muito bem disse a minha irmã, organizado na incoerência, evidentemente), mas há blogs que se levam imensamente a sério, cujos autores querem ser os novos opinionmakers do bairro: esses blogs claro que têm linha editorial e são organizados de forma coerente; como este também é. Que faça mossa ou não, isso já é outra conversa, mas que são, ou que querem ser, isso é evidente. E se um blog, ou o seu autor ou autores querem ser levados a sério e contribuir para qualquer coisa que, vamos supor, é para o melhoramento da sociedade, quanto mais não seja por serem levantadas outras vozes que não as dos media, não podem depois fugir com o rabo à seringa nas suas responsabilidades. Que foi o que ontem aconteceu, em alguns casos que entendi que os comentários ou posts em blogs sobre este assunto não eram irónicos e sim de indignação.
Ora um organismo regulador não é um lápis azul. Digo eu. Claro que depois podem existir abusos, logo se verá. Mas o que idealmente esse organismo pode fazer é zelar pela manutenção da ordem e não deixar que os blogs avancem para além das leis estabelecidas. Não vejo que seja a censura, mas censura é uma palavra que hoje em dia se diz em qualquer situação, é de uso fácil. Vejo que se possa recorrer a um organismo regulador se acaso o bom nome das pessoas for manchado, se existirem situações de plágios, se uma data de coisas acontecerem. O cidadão normal dar a sua opinião não vejo que isso seja matéria para que um organismo regulador se dê ao trabalho de agir.

Mas no fundo o que interessa ( que estou farta deste assunto, quero ir tomar café e não tenho paciência para seriedades no meu tasco) é que não pode haver alguém que queira ser levado a sério e depois essa mesma pessoa queira também ficar à margem da lei e diga (ou escreva) tudo o que lhe apeteça com impunidade total.
É assim na vida real, passa a ser assim na blogsfera. Qual é o problema?

0 thoughts on “Puxando as orelhas aos meninos que não aprendem (um post sério para variar)

  1. hipatia

    Descendente de um anarquista que sempre pagou demasiado caro ter a coragem de pensar fora do pensamento instituído, seria talvez de bom tom falar contra a regulamentação seja do que for. E, no entanto, não faz sentido. Viver em sociedade implica viver segundo regras. São essas que nos garantem a continuidade do próprio corpo social. Estando este, quase sempre, organizado sob a forma de um Estado, será natural que esse mesmo Estado tenha como uma das funções regular a sociedade. E é por isso que temos leis e que somos obrigados a respeitá-las. Não porque uma qualquer entidade pidesca e oligárquica o exige, mas porque até agora ainda ninguém conseguiu provar que existe outro modelo melhor.

    Ora, sendo que a lei, em última instância, garante a própria liberdade que todos abrimos a boca para exigir, porque não haveria a lei de estabelecer onde acaba a liberdade de um para que comece a liberdade de outros? E porque raios haveriam os blogues de escapar, incólumes, à regulamentação de uma actividade que tantos gostam de promover como “melhor do que”, “menos comprometida do que”, “mais séria do que”?

    Não tendo nada a temer, não me assusto facilmente com polícias. Saber que haverá uma entidade que tentará resgatar direitos e deveres iguais não me assusta. Assusta-me muito mais o descontrolo, a ignorância com que se fazem apelos e acusações, se despenalizam os abusos, se vêem plágios e tretas que tais em catadupa, se fomenta a mesquinhice de quem acha que tudo pode só porque não há nada que o impeça, nem que aponha a culpa a quem fez.

    Quem tem medo do lobo mau? Talvez quem tanto grita lobo que, quando o lobo realmente aparece, já nem se pode acreditar.

    (O facto de eu, pessoalmente, achar que esta ERC não vai conseguir evitar seja o que for daquilo que todos sabemos que vai mal, nem tem nada a ver com aquela que me parece a verdadeira questão em debate: quem não deve não teme.)

  2. saltapocinhas

    eu concordo contigo. Há blogs que mais não são que páginas pornográficas com o nome de blogs. Não quero dizer que não devam existir mas não deviam andar misturadas, muito menos chamarem-se “blog”.
    Depois há os blogs só de política. Se um jornalista que calunia alguém pode ser chamado à pedra e ter de provar o que disse, por que haveriam os “blogers” de poder dizer o que lhes passa pela cabeça impunemente?

  3. Vi

    Pois minha boa amiga, disse tudo o que tinha que ser dito!!! A coisa é assim: a nova altridade é feita para se meter com quem pisar o risco, e depois? Só precisa de se preocupar com isso quem já pisou ou pensa vir a pisá-lo… Tomaria a gente que funcionassem assim (e bem) os polícias de trânsito – e acabassem com os estacionamentos à papo-seco, as ultrapassagens em traço contínuo e tudo o mais que prejudica ou atrapalha o trânsito; e tomaria a gente que funcionassem assim (e bem) os senhores dos impostos, e descobrissem realmente quem ganha/tem quanto(€), e obrigassem cada um a pagar com justiça.
    Só tem medo da lei quem acha que não pode/quer respeitá-la, quem quer usar o seu meio de comunicação social ou pessoal para dizer ou escrever o que não deve… ou seja, quem não quer ter tento na língua – ou no teclado.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *