100nada

Das coisas maravilhosas que nos passam por cima

Dia 1 de Fevereiro de 2010, exactamente às 18:14, deu-se um acontecimento maravilhoso, assistido por milhares de pessoas. É certo que, provavelmente, grande parte delas é capaz de não ter dado por nada, ocupadas que estavam com o volante, o rádio do carro, a vida e outras coisas assim. Outra parte terá talvez pensado “olha que bonito” mas depois terá passado, assim como passou realmente: pois dois minutos mais tarde e já não estava lá nada, assim são as coisas maravilhosas de verdade, acontecem e depois já passou. Talvez por isso, por serem tão voláteis, nos queixemos que não acontecem. Mas elas estão lá, um segundo, um minuto e às vezes (algumas ou tão poucas, ocupados que estamos a vida e outras coisas assim) conseguimos olhar e apanhá-las ali, naquele segundo ou minuto e torná-las mais perenes (ou para nós eternas) na nossa memória.

Dia 1 de Fevereiro de 2010, exactamente às 18:14, estava noite em terra e dia no céu. Assim, escuro, muito escuro já na estrada, com faróis de carro e luzinhas nas janelas das casas ao longe. Escuro quase noite fechada em terra e ali por cima, um glorioso céu completamente azul claro. Como se o dia tardasse em ir, sem querer, ainda em despedidas à porta, mais um abraço, como se não o voltássemos a ver logo no dia seguinte. Um minuto, contei, foi o que durou. Depois então, cor de fim do dia e noite a chegar.

Talvez não seja uma coisa maravilhosa daquelas que são extraordinariamente maravilhosas. Mas, para mim, foi uma coisa maravilhosa exactamente por não ser extraordinária. Por ser uma coisa inha, apenas de dia de inverno, quando o eixo está mais desviado e a noite cai muito mais depressa.

Foi tão importante que não só resolvi escrevê-la, como reabro o ano de 2010 aqui no blog com ela. Parece-me bem.


Não há tempo para tudo

Não, não há. Não há tempo para tudo, nunca há tempo para tudo. É essa paz de espírito que estou a tentar encontrar, incorporar esse pedaço de sabedoria [os pedaços de sabedoria nunca se entranham facilmente: ou não seriam pedaços de sabedoria mas apenas pedaços de senso comum e, mesmo esses, às vezes custam; um pedaço de sabedoria é muito mais complicado, fica ali encalacrado e só se incorpora ao empurrão e uma pessoa sempre a negar, não, não, não é nada assim, eu sou capaz, espera espera lá, não combina com o meu sistema, eu não sou isso, eu consigo, é só mais um esforço. Mas é um esforço inglório e que só causa ansiedade e frustrações [estão a ver eu a negar, a negar e a dizer-me isto a mim mesma? é este texto, eu a convencer-me ao empurrão e a embirrar comigo mesma]

(- não é nada, eu sou capaz)
(- ó cala-te e escreve, teimosa de merda)

Não há tempo para tudo. Não há tempo para tudo. O universo inteiro quase que sai do caminho para nos mostrar isto a cada segundo. O universo inteiro, reparem, está aí em todo o lado, a ocupar o espaço todo e a dizer-nos “tou aqui mas é mais que evidente que o facto de estar aqui, eu universo, não quer dizer que tu, pessoa, me vás conhecer senão uma ínfima parte, mas mesmo daquelas que não valem sequer um micronésimo de um grão de areia”. Um gajo devia olhar para o céu e aprender logo isso, sobre a eterna falta de tempo para tudo, mas não se convence, tá bem, mas ao menos vou a Badajoz ou qualquer coisa.

Também é um facto que, não fosse essa ânsia de ao menos ir a Badajoz ou assim, estavam ainda as amebas a discutir mesmo ao lado da praia, epá eu até ia ali adiante ver o que é aquilo da areia seca, mas para quê, responde a que está ao lado, já viste bem o tamanho do universo? Quando muito vais conseguir andar dois, três metros vá durante a vida toda e entretanto acaba-se-te a adrenalina e não ganhaste nada com isso. E a primeira, muito teimosa, mas eu consigo, caneco, há tempo e a outra logo, olha que é melhor estabeleceres uma meta antes: senão depois não tens tempo para tudo e ficas aí feita tola parada, toda lixada com o universo que está ali a berrar-te que há limites para uma ameba.

Não há tempo para tudo. Basta entrar na Fnac ou, se quiserem, no site da amazon e perceber que nunca se vai conseguir ler o catálogo inteiro; nem sequer tudo o que se gostaria. Não vai haver tempo para chegar do trabalho à hora do jantar e fazer um assado no forno, desde o tempero até ao molho. Não vai haver tempo para visitar toda a gente que se gostaria de visitar, para almoçar com toda a gente com quem se queria estar, para estar em vários sítios ao mesmo tempo, para ver tudo o que se quereria, para dizer tudo o que apeteceria. Não vai haver tempo, porque não há tempo para tudo.

E, não havendo tempo para tudo, seja para uma ameba ou uma pessoa, o melhor mesmo é incorporar que é assim, não fomos feitos para englobar tudo. Estabelecem-se metas, meio metro de cada vez, quem sabe até se chega aos quatro. Somos feitos de material frágil e perecível, é escusado dar cabo de nós a tentar alcançar o impossível e o esforço é mais bem empregue a tentar a tranquilidade do realmente provável.

E é por isso que estou a escrever isto em vez de embrulhar mais uma prenda de forma impecável, ou de ir lavar mais roupa para não ficar suja. Estou a estabelecer o meu meio metro e acho que isso me ajuda muito mais do que stressar que ainda falta tanta coisa. Não falta nada, mesmo que só tenha ficado metade. Não falta porque eu (no meu caso) estou a escrever que é o que eu queria agora e não o que devia agora.

E sabem que mais? Acho que quem está à nossa volta nos prefere assim.


Os anjinhos de Natal – update

Há cerca de três semanas, escrevi aqui sobre os anjinhos de Natal, iniciativa da minha amiga Ana Almeida e em que eu e a Ana Frazão participamos.
Agora é a altura de dar conta do resultado a toda a gente que participou e contar algumas das histórias desta enorme onda de solidariedade que para mim é um assombro de generosidade das pessoas, especialmente em época de crise.

As fotos do monte de presentes podem ser vistas aqui neste post da Ana Almeida, após a “operação rena” da Ana Almeida, de recolha dos presentes de toda a gente, com a ajuda da Madalena Vidal, que se entregou a esta causa de alma e coração.

Este ano TODOS os meninos tiveram presente. Todos os anjinhos inscritos tiveram um Pai Natal. De acordo com a Ana Almeida, “1200 anjinhos inscritos, 357 anjinhos distribuídos por nós, 55 anjinhos pedidos por uma empresa directamente ao E.S. por causa de um dos nossos emails de divulgação. Fomos nós quem distribuiu e recolheu mais presentes para anjinhos no país.

Isto foi graças a vós, as pessoas que participaram. (estou a escrever isto e pareço parva, de lágrimas a caírem pela cara abaixo). As pessoas são fantásticas e estas coisas é que nos fazem acreditar que há muita bondade e generosidade no mundo. As crianças então, são extraordinárias. Recebemos telefonemas de mães em lojas de brinquedos a pedirem mais anjinhos porque os filhos estavam com elas e, ao saberem desta iniciativa, também quiseram oferecer presentes aos meninos com o dinheiro deles. Miúdos a comporem os presentes com coisas deles, porque aquela menina não podia ter só uma boneca e então mandava mais umas e roupinhas e coisas. Embrulhos com chocolates dentro, cartões e desenhos de boas festas, balões colados aos embrulhos, gente que passa dificuldades a participar mesmo assim, pessoas a mandarem mais roupa porque “o fato de treino é fininho e assim fica mais quente”, enfim, uma preocupação tão grande que estes meninos tivessem uns presentes bonitos. Isto foi muito além da entrega monetária, foi uma entrega pessoal, de carinho, de espírito de solidariedade.

No dia de Natal, há mais uma data de crianças felizes. Isso é muito muito bom.
Um ENORME OBRIGADA A TODOS! Isto é que é mesmo mesmo o verdadeiro Natal.


O Natal é sempre a 25 de Dezembro

Não sou nada boa para datas e a do Natal não é diferente. Oh, eu sou boa em datas, sei perfeitamente que na semana que vem fulano de tal faz anos e no mês que vem é preciso pagar o IMI e no ano que vem convinha entregar as folhas de IRS e até no dia me lembro mas ou não calha ou não dá ou é mais daqui a bocado ou é Natal dia 25 mas ainda há tempo dia 26 do ano anterior. É sempre assim.

Começo a preparar o Natal lá para os saldos de Janeiro 12 meses antes, quando encontro aquela coisa que afinal não sei quem queria imenso e agora está mesmo baratíssimo. Claro, 12 meses depois, sabe-se lá onde ficou arrumada e vou prosseguindo assim pelo ano fora, a organizar os presentes com imensa antecedência e a perdê-los e a reorganizá-los e a usar para outra finalidade.

Até parece que são centenas e, quando lá para finais de Novembro faço a lista, percebo que não são assim tantos e qualquer tarde de compras resolvia o assunto, mas eu gosto de complicar: o nosso Natal foi sempre a família, desde a avó até ao bebé ainda por nascer, mas tudo faz parte. E a cerimónia do Pai Natal que antigamente batia à porta a seguir ao jantar de 24 e agora só chega a 25 de manhã porque a miudagem ficava impossível nessa noite, entre a excitação e o cansaço, e os sapatos todos espalhados pela sala, sempre nos mesmos sítios, nas mesmas cadeiras primeiro em casa da avó e depois em casa de cada um, no 25, cada um com uma pilha de embrulhos, também faz parte. O Natal é para as crianças e nós, lá em casa, temos esse condão, de todos sermos crianças pelo menos um dia por ano. Não interessa se foi caro ou se é uma coisa de 50 cêntimos, desde que tenha um embrulho e fitas e laços e cartões a dizer “a ver se deixas de descascar as cenouras com essa coisa ferrugenta e um grande beijos de boas festas” ou “este embrulho não tem nada dentro mas ficava aqui giro” e mais os envelopes todos com os desenhos dos garotos e a cara deles quando entram na sala. É a magia do Natal, também e desde pequena que me lembro e conseguimos sempre manter o entusiasmo e a vontade e a felicidade que se espalha com os sorrisos quando se desembrulham brinquedos e o descascador que fazia mesmo falta. Ou coisas muito muito maiores, que se aproveitam para oferecer nesta altura em vez de ser noutra, de ajudas preciosas.

E é por isso que, para todos nós, a preocupação com os presentes é tão grande. É que são todos muito pensados para aquela pessoa a quem se vai oferecer, para ser o presente certo, que não seja uma coisa a despachar só para não se deixar de dar qualquer coisa. Sempre me fez aflição isso, a falta de vontade, a seca que vejo nas pessoas, despacho aqui as tias com uns chocolates e tá a andar, embora compreenda, de alguma forma: sei que o Natal é diferente para cada um e há muita gente a achar que é um inferno, um aborrecimento e uma data a passar rapidamente. Para mim não.

Neste olarilolé de jinglebells e lá ando eu nas preparações atempadas, portanto, a vangloriar-me no princípio de Dezembro que tenho tudo mais que tratado, tirando uma coisa ou duas que, não se sabe porquê, mas penso que se baseia na lei do caos que rege o universo, afinal são dez ou quinze e já é meio de Dezembro e como vai ser num instantinho também se trata na semana que vem…e é nesta parte que estou agora. É já a semana que vem, faltam 4 dias para tentar encaixar vários metros cúbicos de embrulhos ainda por fazer numa mala de um carro que nunca chega (mas cabe sempre tudo, verdade seja dita) e seguir para o meu Natal. E afinal ainda falta imensa coisa e eu aqui a escrever posts a ver se as coisas ficam acabadas por milagre. Ou assim.

Logo se há-de conseguir, mas lá está, ninguém me tira agora este pânico total. Um stress, o Natal. :)


Avatar, o filme: A fauna e a flora de Pandora

Eu nem sabia que era em 3D e muito menos que era em 3D Digital que é a mesma coisa que 3D, excepto que é um avanço tecnológico e os óculos são muito mais fixes. A sério. Quando se vai para o intervalo e se dá a volta ao balção para comprar as pipocas (os nachos) a um empregado que não tem uma fila de 20 pessoas e se volta para dentro da sala e tá toda a gente com os óculos postos, é mesmo giro, ver aquela gente toda mascarada de Aristóteles Onassis: os óculos são das melhores coisas do filme.

Aliás, são mesmo os óculos que são a parte mais importante do filme Avatar. Embora eu não soubesse que era em 3D e até tivesse ficado um nadinha de pé atrás, não fosse em 3D e o filme era
“uma xaropada”, diz ele “uma xaropada que não se aguenta”
era menos, vá, menos bonito.

O filme é mesmo bonito. É lindo. Lindo. Ele é florestas e plantas flutuantes até ao cabelo do senhor da fila da frente, e bichos aliens a correrem mesmo direitinhos a nós e mais coisas flutuantes e voadoras e com dentes e sem dentes tudo ali em cima dos espectadores até lá diante ao ecrã e os óculos não fazem confusão nenhuma. Espectacular. Lindo de morrer. O som fantástico também, as flores e os rinocerontes azuis e muito coisa cor de rosa e malva e roxa e fluorescente de noite e essa coisa toda e eu a dar o desconto até ao intervalo, tá bem, mas é para maiores de 6 anos, é uma história simples, é isso.

Mas no fim lá dou a mão à palmatória. Não é para maiores de 6 anos, que a violência é um bocado, vá, violenta, enfim. Eu sei que os putos hoje em dia são menos crianças, mas o meu cá de casa, que iria adorar o 3D, se calhar espero até ao filme que aí vem dos dinossauros também em 3D digital e escusa de estar ali a ver aquela gente azul toda a morrer. Tá bem, são aliens, mas porra, não são bem bonecos. E a mensagem, bom a mensagem também sinceramente, vou ali e já venho, porque não obstante os bons ganharem, a verdade é que ganham porque a mãe natureza lá aceitou as preces e tal; não é exactamente o selvagem azul de tanga, arco e flechas a ganhar ao sacana psicopata da metralhadora, quem ganha é mesmo a árvore branca que fica a modos que arroxeada (é lindo de morrer) à noite. Como mensagem, sinceramente, é mais bolos.

E depois, enerva-me solenemente que andem a limpar com uma borracha os cigarros do Bogart, mas se o Cameron resolve meter a Signorney Weaver a fumar de uma ponta à outra do filme, já é para 6 anos. Ah não, afinal nos EUA é para maiores de 13, portanto só nos filmes para adultos mesmo é que o fumo é proibido, tá certo. Cá somos muito mais tolerantes e achamos tudo bem e sempre dá mais algum a arrecadar à Zon Lusomundo meter a coisa para M06.

Enfim, teria ido depois de saber isto? Teria, claro. O filme é lindo. Lá isso é. Como documentário sobre a fauna e a flora de Pandora, sim, sem dúvida. A história é a coisa mais básica e banal do mundo, nada de novo ali, incluindo a cena da floresta com as máquinas contra os selvagens, coisa que o George Lucas já inventou há vinte anos pelo menos.

Trocado por miúdos: o argumento é uma boa merda (mas o filme é lindo).


olha agora não tenho tema, mas que coisa…

A culpa é toda dele. Que metia uma bomba na farm e como é que eu passava as noites a clicar nas vacas e eu a refilar com isto e aquilo e a contar coisas e a pensar coisas e a debitar coisas e ele, mas escreve, escreve isso! Escreve, escreve, escreve, escreve, tens um blog, escreve no blog, estás aí a roer isso, queres escrever isso, escreve no blog, bloqueio-te o FB, juro, palavra de honra que meto uma bomba na merda da farm, escreve! E eu a clicar nas vacas, ah que não me apetece escrever, sabes, já não me apetece, já não tenho nada para dizer, como não tens? ainda agora me contaste isso e podias escrever, escreve, escreve, claro que tens vontade, não tens porque estás aí a clicar na farm, larga isso, vai ao teu blog e eu, sim, tá bem, um dia destes, amanhã ou assim, agora tou cansada, tenho sono mas se tens sono vai dormir, larga as vacas, andas cansadíssima por causa de uma porcaria de uma farm, e eu que sim, tens razão, vou dormir, amanhã escrevo e

e um dia lá recomeço, falta-me espaço no FB ou assim, já nem sei, recomeço e depois a coisa arranca, enfim, vai andando e as vacas começam a perder a piada e já estou farta de vacas e deixo as vacas em paz para escrever. É um (re)início, cansada à mesma, com sono e falta de tempo, mas lá vai indo e de repente

parece que está tudo encravado, tudo dentro a querer sair de repente e já estou a escrever posts nos semáforos e a atravessar ruas e a olhar para o céu e o rio e as luzes de natal e os carrinhos de supermercado das pessoas da fila da caixa e antes de adormecer e nas filas de trânsito e enquanto dou conta que é preciso encher o frasco do Ikea com mais gel de banho e se olho para as unhas ou para lombadas de processos ou se descubro que gostava de saber mais sobre coisas como direito marítimo internacional e biscoitos da bimby e pressão dos pneus e também me falta tempo, é um facto.

E agora falta-me tema, caneco. Já viram isto? E digo para o lado, agora apetece-me imenso escrever e ele, sobre quê? e eu, pois é o problema, agora falta-me tema e apetece-me escrever! e enquanto ele se ri eu digo-lhe que a culpa é toda dele e vou escrever sobre isso mesmo.


Os cavalos lusitanos dos Açores

Este deve ser o post mais desinteressante de todo o blog. Mas está aqui atravessado e eu quero escrevê-lo como forma de consolidar conhecimento e porque pode ser árido e chato e tudo, mas eu gostei desta matéria, gosto de saber estas coisas e ter um exemplo (que não é meu, btw, foi-me dado) recente, actual e que, de alguma forma, me faz um clique nisto tudo.

Há umas semanas, foi o drama dos lusitanos nos Açores. Se não estou em erro, os cavalos vinham para o continente para uma prova, tinham sido embarcados numa quinta feira e o cargueiro encalhou a um sábado. Na segunda-feira seguinte, todos vimos os cavalos a serem resgatados com gruas; coitados (mesmo) já deviam estar a ficar completamente à toa, fechados em caixas aqueles dias todos, a levarem com os abanões do mar.

E fecha-se a história, os cavalos foram resgatados, foram para casa e foram felizes para sempre.

Ou não?

Não. Pois é. Não. A história não acabou. Graças ou (des)graças ao direito marítimo internacional e coisas afins que eu desconhecia até há bem pouco tempo.

No Açoriano Ocidental Online de dia 6 de Dezembro, vem a seguinte notícia (autor, Pedro Nunes Lagarto):

” Cavalos resgatados continuam reféns

Os proprietários dos sete cavalos de raça pura lusitana que estavam a bordo do navio São Gabriel, que encalhou a 21 de Novembro na costa sul da ilha de São Miguel, correm o risco de não reaver os animais.
Com base na lei marítima internacional a empresa norte-americana que procedeu ao resgate do cargueiro, a Titan, usufrui do direito de retenção de mercadoria em “avaria grossa” pelo que tem os animais à sua guarda.”

Isto parece chinês, não é? Porque raio fica a empresa que resgatou o cargueiro com os cavalos, caneco?
Pois é isso que vou passar a explicar em linguagem para leigos, coisa que também eu sou.

Aquela “avaria grossa” ali entre aspas é que é a razão disto tudo. E esta “avaria grossa” não quer – de todo – dizer que foi uma avaria muito grande nas máquinas ou coisa parecida. É que nem de longe.

Uma “avaria grossa” é um dano. Uma avaria, em direito marítimo é um dano, sofrido pelo navio ou pela carga. Há dois tipos, grossa e particular, iadaiada siga para a “avaria grossa” que assenta num princípio mesmo giro do direito marítimo: há uma espécie de solidariedade entre o dono do navio e os donos das mercadorias transportadas: em caso de ser preciso tomar medidas para salvar o navio as despesas são repartidas entre os donos do navio e das mercadorias transportadas. Giro, não é? Eu acho. acho interessantíssimo isto. A sério.

Ora agora, saindo da parte teórica e extrapolando para a realidade, ali o que aconteceu foi que foi preciso recorrer a um rebocador da tal empresa norte-americana para salvar o navio. E alguém tem que pagar a conta. É o dono do navio? Sim, mas como é “avaria grossa” os donos das mercadorias transportadas também terão que pagar, na devida proporção etc e tal. Ora os cavalos eram a mercadoria. Donde, depreende-se que os cavalos foram retidos até a conta ser paga.

Estão a ver a cena? Eu estou. Lá vão os cavalos embora. Eu morra aqui ceguinha se não é isto que vai acontecer.


Oh shit! (mirror mirror on the wall…)

for Guy Vincent, because he can’t read my post in portuguese

Oh, what a hell this all is! I was staring at my Twitter timeline and there was a new twitt from @Guy_Vincent. For those who don’t know him, Guy is brilliant and I’m a total fan. Why? Because he makes art on Twitter. Yes, click, click on the link to understand what I mean and if any smart ass says “ascii code, piece of cake” go and try to do the same. I know what I mean, because, yeah, I publicly admit here, I’ve tried to do something simular. Looks easy, sure, that’s why it is so beautiful, the simplicity of it; but it’s anything but easy and it has the creative side to it, which is amazing. In short, every time it appears on my timeline, it makes my the day. It’s like a ray of sunshine beating on the sidewalk when you go for a walk, or a leaf falling from a tree, or an empty space amongst the crowd, a silence in the midst of all that conversation: it’s a breathing space on Twitter. And offers you a smile, because it is beautiful.

Well, I saw Guy Vicent’s twitt, went to his timeline to see what I had missed during the day, and noticed that he had only 2000 something followers. I was a bit stunned, because he is such a well known artist, and I though he would have hundreds of thousands of folowers. But no. Apparently people prefer non-stop conversation. Ok, I grant that, but it is BEAUTIFUL. And beauty, on something like Twitter, is not exactly what you see the most.

So, I was thinking about it and I wanted to write about it. And then, hum, not exactly a normal thing for my blog, this theme, but then, this usual thing of writing quick thoughts directly connected to my fingers, is not something that will serve for Diário2. Indecisions, indecisions, I have to twitt about it, why such a short number of followers, but oh, bother, what if he gets offended? I do not worry too much about offending someone when I’m ranting, but when I’m praising something or someone its more annoying … if he blocks me I will loose his art on my timeline and then something really important is lost on my Twitter.

Anyways, I decided to write about this all. Darn it, I look upon the mirror and nothing, nothing, all is moist.


oh que chatice! (espelho mágico, espelho meu…)

Mas que inferno isto! Agora estava ali a olhar para a timeline do Twitter e apareceu mais um twitt do @Guy_Vincent. Para quem não sabe, este tipo é brilhante e eu sou fã total. Porquê? Porque ele faz desenhos no Twitter. Sim, cliquem, cliquem no link, para perceber o que é e se algum cromo mais espertinho dizer “código ascii, isso é canjola” pois então vá lá fazer parecido a ver se consegue. Sei do que falo que já andei, sim, confesso aqui publicamente, a tentar fazer uma coisa daquelas. Parece fácil, pois tá claro, é por isso que é tão bonito, é a simplicidade da coisa; mas é tudo menos fácil e ainda tem o lado criativo, que é um espanto. Em resumo, cada vez que aparece um twitt dele, já ganhei o dia. É assim um bocadinho de sol a bater no passeio quando se vai a andar a pé, ou uma folha a cair de uma árvore, ou um espaço livre entre a multidão, um silêncio no meio daquela conversa toda: é uma paragem para respirar no Twitter. E sorrir, porque é bonito.

Bom, vi o twitt, fui ver os que tinha perdido hoje na timeline dele e reparei que só tinha 2000 e tal seguidores. Fico um bocado pasma, porque é um tipo conhecidíssimo e pensar-se-ia que teria centenas de milhares de pessoas a segui-lo. Mas não. Pelos vistos as pessoas preferem conversa sem paragens. Ok, concedo, mas é BONITO. E a beleza, numa coisa como o Twitter, não é exactamente aquilo que mais existe.

Bom, eu a pensar nisto e a pensar que ia escrever sobre. E depois penso, hum, não é bem para o meu blog, este tema, mas no meu tom de post rápido de pensamento ligado aos dedos, também não é coisa que sirva assim de repente para o Diário2. Indecisões, indecisões, vou mandar um twitt sobre isso, porque é que ele terá tão poucos seguidores, mas oh, que chatice e depois se ele se ofende? Não é que me preocupe muito ofender alguém, mas é quando casco; quando elogio, é mais aborrecido…e se me bloqueia lá fico eu sem desenhos na minha timeline e há qualquer coisa de importante que se perde no meu twitter.

Enfim, acabo por resolver escrever sobre isto mesmo. Que chatice, e a ver-me ao espelho e nada nada, tudo embaciado. 😉