O Natal é sempre a 25 de Dezembro
Não sou nada boa para datas e a do Natal não é diferente. Oh, eu sou boa em datas, sei perfeitamente que na semana que vem fulano de tal faz anos e no mês que vem é preciso pagar o IMI e no ano que vem convinha entregar as folhas de IRS e até no dia me lembro mas ou não calha ou não dá ou é mais daqui a bocado ou é Natal dia 25 mas ainda há tempo dia 26 do ano anterior. É sempre assim.
Começo a preparar o Natal lá para os saldos de Janeiro 12 meses antes, quando encontro aquela coisa que afinal não sei quem queria imenso e agora está mesmo baratíssimo. Claro, 12 meses depois, sabe-se lá onde ficou arrumada e vou prosseguindo assim pelo ano fora, a organizar os presentes com imensa antecedência e a perdê-los e a reorganizá-los e a usar para outra finalidade.
Até parece que são centenas e, quando lá para finais de Novembro faço a lista, percebo que não são assim tantos e qualquer tarde de compras resolvia o assunto, mas eu gosto de complicar: o nosso Natal foi sempre a família, desde a avó até ao bebé ainda por nascer, mas tudo faz parte. E a cerimónia do Pai Natal que antigamente batia à porta a seguir ao jantar de 24 e agora só chega a 25 de manhã porque a miudagem ficava impossível nessa noite, entre a excitação e o cansaço, e os sapatos todos espalhados pela sala, sempre nos mesmos sítios, nas mesmas cadeiras primeiro em casa da avó e depois em casa de cada um, no 25, cada um com uma pilha de embrulhos, também faz parte. O Natal é para as crianças e nós, lá em casa, temos esse condão, de todos sermos crianças pelo menos um dia por ano. Não interessa se foi caro ou se é uma coisa de 50 cêntimos, desde que tenha um embrulho e fitas e laços e cartões a dizer “a ver se deixas de descascar as cenouras com essa coisa ferrugenta e um grande beijos de boas festas” ou “este embrulho não tem nada dentro mas ficava aqui giro” e mais os envelopes todos com os desenhos dos garotos e a cara deles quando entram na sala. É a magia do Natal, também e desde pequena que me lembro e conseguimos sempre manter o entusiasmo e a vontade e a felicidade que se espalha com os sorrisos quando se desembrulham brinquedos e o descascador que fazia mesmo falta. Ou coisas muito muito maiores, que se aproveitam para oferecer nesta altura em vez de ser noutra, de ajudas preciosas.
E é por isso que, para todos nós, a preocupação com os presentes é tão grande. É que são todos muito pensados para aquela pessoa a quem se vai oferecer, para ser o presente certo, que não seja uma coisa a despachar só para não se deixar de dar qualquer coisa. Sempre me fez aflição isso, a falta de vontade, a seca que vejo nas pessoas, despacho aqui as tias com uns chocolates e tá a andar, embora compreenda, de alguma forma: sei que o Natal é diferente para cada um e há muita gente a achar que é um inferno, um aborrecimento e uma data a passar rapidamente. Para mim não.
Neste olarilolé de jinglebells e lá ando eu nas preparações atempadas, portanto, a vangloriar-me no princípio de Dezembro que tenho tudo mais que tratado, tirando uma coisa ou duas que, não se sabe porquê, mas penso que se baseia na lei do caos que rege o universo, afinal são dez ou quinze e já é meio de Dezembro e como vai ser num instantinho também se trata na semana que vem…e é nesta parte que estou agora. É já a semana que vem, faltam 4 dias para tentar encaixar vários metros cúbicos de embrulhos ainda por fazer numa mala de um carro que nunca chega (mas cabe sempre tudo, verdade seja dita) e seguir para o meu Natal. E afinal ainda falta imensa coisa e eu aqui a escrever posts a ver se as coisas ficam acabadas por milagre. Ou assim.
Logo se há-de conseguir, mas lá está, ninguém me tira agora este pânico total. Um stress, o Natal.
- Avatar, o filme: A fauna e a flora de Pandora
- Os anjinhos de Natal – update
:)))
gosto!
(o nosso é por cá, com espírito semelhante)
Também acho que não é o valor das prendas que é importante, mas sim o que elas representam para a pessoa que as recebe… E explicar isso ao resto da malta cá de casa??? “Não vais oferecer um descascador de batatas à tua mãe…” Mas porque não? É uma coisa que ela precisa, não o vai comprar por ela, e vai-lhe dar um jeitão… Ia sendo escorraçada do natal passado pelos meus irmãos…É isso e as peúgas para o pai… Se ele próprio admite que anda com peúgas rotas por falta de tempo e paciência para as comprar… Bem… voltar aos meus embrulhos, que me estão a olhar de lado…