100nada


Prós e Contras na RTP1

“Os presidentes dos quatro maiores bancos nacionais juntos no maior debate da televisão portuguesa.”

Vi, troquei sms’s com várias pessoas e tirei uma data de conclusões. Fica uma:

– Porque raio é que publicitam a marca de sapatos da Fátima Campos Ferreira, se não conseguimos ver-lhe os pés?!


1000Folhas na Caixa de Costura

O André chegou ao post 1000 (e 1001, também). É escusado dizer que é um dos meus blogs favoritos e que ali leio, entre outras coisas, as histórias de uma das minhas famílias favoritas, a família de uma das minhas grandes grandes grandes amigas, a minha querida Ana. E que gosto muito deles todos. Era sobre a Caixa de Costura, este post, mas o blog ultrapassa muito os posts.

Parabéns e vê lá se agora desencravas a coisa e começas a escrever mais!




Aconteceu uma coisa má na comunidade portuguesa do SL

e não sei lidar com isso. Estou em estado de choque e, embora não fosse minha amiga, várias pessoas de quem gosto muito, estão de luto. Na vida real. Não sei como é que se processa uma coisa destas internamente. Não conhecemos aquela pessoa (no meu caso), mas falei com ela várias vezes, boa onda, boa pessoa, boa amiga do seu amigo. Uma rapariga normal, uma morte estúpida, são todas estúpidas.

É aflitivo, isto. Amigas minhas eram muito amigas dela. Algumas chegaram a conhecê-la, outras logo se combina, fica para um dia destes. Nunca se chegaram a ver. Esta coisa das relações virtuais chegadas, das amizades reais que se fazem e que, por mero acaso, não calha alguma vez darem um abraço. É tudo muito confuso.

Penso nisto, penso nas pessoas com que todos os dias falo. Por email, em blogs, ao telefone. Vivem longe, nunca nos vemos, algumas nunca nos vimos. E, um dia, já não há mais oportunidades para tudo o que se vai fazer qualquer dia, um dia destes. Estão tão perto e nunca nos vimos. São tão importantes para mim e nunca nos vimos. São AMIGOS e nunca nos vimos.

Eu sei que é assim, que um corte total e absoluto nos impede de fazer tudo aquilo que ainda faltava. Mas, foda-se, nisto falta muito. Nem um primeiro abraço. Há aqui alguma coisa que não está certa, nas nossas prioridades por pensarmos que há tempo.

Às vezes não há. Para as minhas queridas amigas, amigas dela, um grande abraço.


A crise financeira e a minha bola de cristal

Não, não é economia para totós, mas alguma coisa que 1) me permita organizar as ideias e explicá-las de forma simples e 2) armar-me em vidente e prever um bocadinho o futuro.

1. Sem margem de dúvidas, estamos perante a maior crise económica e financeira do século. Soa bem dizer isto e podemos, já que o século é um século ainda novinho. Se estamos perante a maior crise económica e financeira dos últimos tempos? Sim, mas também não é uma catástrofe. Parece, vai ser sentida como tal, mas não é uma catástrofe. E não é por uma razão muito simples: todos os esforços estão e serão feitos para evitar uma catástrofe. Há mecanismos para isso. É uma “quase-catástrofe”.

2. Não sendo uma catástrofe, é gravíssima. E aqueles tais efeitos que se vão sentir não são agora. Provavelmente iremos todos culpar o preço disto ou daquilo, daqui a um ou dois anos no governo, no PM da altura (que cada vez mais me parece que vai ser exactamente o mesmo que temos agora) e já ninguém se vai lembrar desta crise, mas é assim que as coisas funcionam: efeitos espectaculares no curto prazo, o que tem que rebentar estoira com muitas luzinhas, mas as canas que caírem depois é que vão doer a sério.

3. Não vou estar aqui com grande explicações sobre o que motivou e o que aconteceu e o que está a acontecer. A esta hora do campeonato toda a gente já tem uma ideia do que é o sub-prime e as bolas de neve financeiras (uns bancos pediram emprestadas umas coroas a outros bancos maiores, para darem crédito aos pobrezinhos; quando os pobrezinhos ficaram mais pobrezinhos e deixaram de pagar os empréstimos, os bancos mais pequenos também deixaram de conseguir pagar os empréstimos aos bancos maiores, os bancos maiores ficaram a arder, as seguradoras que seguravam essas coroas ficaram a arder, os produtos que os bancos tinham vendido e que tinham garantias hipotecárias transformaram-se em casas que ninguém quer e papel sem valor e, no meio desta merda toda, andam uns gajos completamente histéricos a vender tudo o que têm na Bolsa para minimizar prejuízos e outros igualmente histéricos andam na Bolsa a comprar e a vender e a fazer lucros brutais no curtíssimo prazo e as empresas cotadas em Bolsa deixam de valer o que valiam de um dia para o outro. E outras que não valiam nada mas os investidores achavam que valiam, afinal não valiam mesmo nada. E por ai fora. É a bola de neve que ainda por cima, por dentro é de plástico. Rola e engrossa e quando bate, estoira e sobra “neve” para toda a gente.

4. Então mas afinal como é que isto nos afecta e o que é que pode acontecer de positivo?

Bom, quer queiramos quer não (e a EU não quer mas é o que se passa) a economia mundial assenta no dólar. O país é sólido, a economia é sólida, a moeda é universal e sólida. É?

Era. Agora já não é. Agora é uma moeda que não se consegue aguentar face às pressões todas. Não se está a conseguir aguentar. Não é só por causa da crise e das movimentações de capitais na Aldeia Global. É que calha (ou se calhar não calha, mas adiante) que o dólar é, neste momento, a moeda de um país à beira de uma eleição. Das mais complicadas dos EUA, já que saí um Presidente que é, no mínimo de políticas polémicas e, no extremo, o culpado desta merda toda e, em lugar dele, existe uma incógnita, já que ambos os candidatos estão muito empatados. Mas, para além da instabilidade deste facto (véspera de eleições, incógnita quanto ao futuro, o que causa ainda mais instabilidade), há pior: nenhuma das alternativas é fácil (para não usar a palavra “boa”). Se existe continuidade (menos radical) em McCain, tem a outra maluca que, sendo um belo número de circo, só faz sentido lá estar como golpe publicitário; ou seja para Vice e se mudar de penteado e enterrar a carabina, serve; mas para Presidente e chefe do mundo, se acontecer alguma coisa ao outro? Deus nos livre e guarde! Venha a Oprah que de certeza fazia melhor figura. Por outro lado, o elegante e intelectual Obama, que ainda por cima pode facturar no facto de ser mais moreno que os Presidentes até agora, é uma total incógnita no que irá fazer, herdando um país todo escafiado financeiramente. Já deve andar a maldizer o dia em que se propôs candidatar, porque não vejo que vá ter espaço para todas as medidas líricas e vagas a que se propõe. Portanto já estão a ver o nervosismo dos mercados: não se sabe quem vem aí e nada daquilo é grande espingarda. Claro que não se endireitam por mais medidas que sejam tomadas. Até às eleições norte americanas não vai haver estabilidade financeira naquele lado e, por conseguinte, do dólar.

Ora isto, sendo uma desgraça para as economias que assentam no dólar, é uma extraordinária e única oportunidade para a EU. Têm agora uma janela temporal para dizer ao mundo, aquela moeda é uma merda, viram? Transaccionassem em euros que a nossa é estável e sólida, olha aqui tão linda. Descemos as taxas de referência dos Bancos Centrais e ela…(ela sendo o a moeda, ie o euro)

…ela

Ela sobe?! A grande cabra!

Alto! Tem que ser feita mais alguma coisa para estabilizar a moeda europeia, devolver a confiança aos mercados. Vá de injectar capital, linhas, coisas, isto não vai abaixo nem que amanhã a inflação aumente e isto fique o descalabro: agora tem é que se organizar o descalabro de hoje: estabilizar o euro, estabilizar os mercados de capitais europeus, aproveitar enquanto os EUA não se decidem a acabar com a crise deles.

A União Europeia tem esta oportunidade de ouro para fazer um brilharete. Todos os sinais, todas as medidas apontam para isso. E, quando todos os dias vemos mais baixa de taxas de referência, mais injecções de capital, percebemos que é isso que está a acontecer. Estes gajos demoraram muito tempo e custou muito esforço fazer uma união europeia: agora finalmente vão usar o facto de ser união e moeda única e mandar uma biqueirada no dólar tal que talvez ele nunca mais recupere. Penso que, se não acontecer, não foi por falta de esforços mas vejo as coisas assim: depois disto nada será igual e o euro vai emergir como uma alternativa ao dólar.

Para nós não é mau de todo. No longo prazo. No curto, tempos complicados. Para toda a gente. Suspeito que, nos próximos 2, 3 anos, todos nós vamos andar muito mais apertados. É aguentar, porque depois o ecossistema equilibra-se e recomeça.