A crise financeira e a minha bola de cristal
Não, não é economia para totós, mas alguma coisa que 1) me permita organizar as ideias e explicá-las de forma simples e 2) armar-me em vidente e prever um bocadinho o futuro.
1. Sem margem de dúvidas, estamos perante a maior crise económica e financeira do século. Soa bem dizer isto e podemos, já que o século é um século ainda novinho. Se estamos perante a maior crise económica e financeira dos últimos tempos? Sim, mas também não é uma catástrofe. Parece, vai ser sentida como tal, mas não é uma catástrofe. E não é por uma razão muito simples: todos os esforços estão e serão feitos para evitar uma catástrofe. Há mecanismos para isso. É uma “quase-catástrofe”.
2. Não sendo uma catástrofe, é gravíssima. E aqueles tais efeitos que se vão sentir não são agora. Provavelmente iremos todos culpar o preço disto ou daquilo, daqui a um ou dois anos no governo, no PM da altura (que cada vez mais me parece que vai ser exactamente o mesmo que temos agora) e já ninguém se vai lembrar desta crise, mas é assim que as coisas funcionam: efeitos espectaculares no curto prazo, o que tem que rebentar estoira com muitas luzinhas, mas as canas que caírem depois é que vão doer a sério.
3. Não vou estar aqui com grande explicações sobre o que motivou e o que aconteceu e o que está a acontecer. A esta hora do campeonato toda a gente já tem uma ideia do que é o sub-prime e as bolas de neve financeiras (uns bancos pediram emprestadas umas coroas a outros bancos maiores, para darem crédito aos pobrezinhos; quando os pobrezinhos ficaram mais pobrezinhos e deixaram de pagar os empréstimos, os bancos mais pequenos também deixaram de conseguir pagar os empréstimos aos bancos maiores, os bancos maiores ficaram a arder, as seguradoras que seguravam essas coroas ficaram a arder, os produtos que os bancos tinham vendido e que tinham garantias hipotecárias transformaram-se em casas que ninguém quer e papel sem valor e, no meio desta merda toda, andam uns gajos completamente histéricos a vender tudo o que têm na Bolsa para minimizar prejuízos e outros igualmente histéricos andam na Bolsa a comprar e a vender e a fazer lucros brutais no curtíssimo prazo e as empresas cotadas em Bolsa deixam de valer o que valiam de um dia para o outro. E outras que não valiam nada mas os investidores achavam que valiam, afinal não valiam mesmo nada. E por ai fora. É a bola de neve que ainda por cima, por dentro é de plástico. Rola e engrossa e quando bate, estoira e sobra “neve” para toda a gente.
4. Então mas afinal como é que isto nos afecta e o que é que pode acontecer de positivo?
Bom, quer queiramos quer não (e a EU não quer mas é o que se passa) a economia mundial assenta no dólar. O país é sólido, a economia é sólida, a moeda é universal e sólida. É?
Era. Agora já não é. Agora é uma moeda que não se consegue aguentar face às pressões todas. Não se está a conseguir aguentar. Não é só por causa da crise e das movimentações de capitais na Aldeia Global. É que calha (ou se calhar não calha, mas adiante) que o dólar é, neste momento, a moeda de um país à beira de uma eleição. Das mais complicadas dos EUA, já que saí um Presidente que é, no mínimo de políticas polémicas e, no extremo, o culpado desta merda toda e, em lugar dele, existe uma incógnita, já que ambos os candidatos estão muito empatados. Mas, para além da instabilidade deste facto (véspera de eleições, incógnita quanto ao futuro, o que causa ainda mais instabilidade), há pior: nenhuma das alternativas é fácil (para não usar a palavra “boa”). Se existe continuidade (menos radical) em McCain, tem a outra maluca que, sendo um belo número de circo, só faz sentido lá estar como golpe publicitário; ou seja para Vice e se mudar de penteado e enterrar a carabina, serve; mas para Presidente e chefe do mundo, se acontecer alguma coisa ao outro? Deus nos livre e guarde! Venha a Oprah que de certeza fazia melhor figura. Por outro lado, o elegante e intelectual Obama, que ainda por cima pode facturar no facto de ser mais moreno que os Presidentes até agora, é uma total incógnita no que irá fazer, herdando um país todo escafiado financeiramente. Já deve andar a maldizer o dia em que se propôs candidatar, porque não vejo que vá ter espaço para todas as medidas líricas e vagas a que se propõe. Portanto já estão a ver o nervosismo dos mercados: não se sabe quem vem aí e nada daquilo é grande espingarda. Claro que não se endireitam por mais medidas que sejam tomadas. Até às eleições norte americanas não vai haver estabilidade financeira naquele lado e, por conseguinte, do dólar.
Ora isto, sendo uma desgraça para as economias que assentam no dólar, é uma extraordinária e única oportunidade para a EU. Têm agora uma janela temporal para dizer ao mundo, aquela moeda é uma merda, viram? Transaccionassem em euros que a nossa é estável e sólida, olha aqui tão linda. Descemos as taxas de referência dos Bancos Centrais e ela…(ela sendo o a moeda, ie o euro)
…ela
Ela sobe?! A grande cabra!
Alto! Tem que ser feita mais alguma coisa para estabilizar a moeda europeia, devolver a confiança aos mercados. Vá de injectar capital, linhas, coisas, isto não vai abaixo nem que amanhã a inflação aumente e isto fique o descalabro: agora tem é que se organizar o descalabro de hoje: estabilizar o euro, estabilizar os mercados de capitais europeus, aproveitar enquanto os EUA não se decidem a acabar com a crise deles.
A União Europeia tem esta oportunidade de ouro para fazer um brilharete. Todos os sinais, todas as medidas apontam para isso. E, quando todos os dias vemos mais baixa de taxas de referência, mais injecções de capital, percebemos que é isso que está a acontecer. Estes gajos demoraram muito tempo e custou muito esforço fazer uma união europeia: agora finalmente vão usar o facto de ser união e moeda única e mandar uma biqueirada no dólar tal que talvez ele nunca mais recupere. Penso que, se não acontecer, não foi por falta de esforços mas vejo as coisas assim: depois disto nada será igual e o euro vai emergir como uma alternativa ao dólar.
Para nós não é mau de todo. No longo prazo. No curto, tempos complicados. Para toda a gente. Suspeito que, nos próximos 2, 3 anos, todos nós vamos andar muito mais apertados. É aguentar, porque depois o ecossistema equilibra-se e recomeça.
- Dias de vento
- Aconteceu uma coisa má na comunidade portuguesa do SL
Obrigada, Cat!
gosto do teu optimismo :))
Obrigada Catarina, é que explicado assim até dá gosto saber destas coisas:-)
pra mim que sou de letras, e fujo de assuntos económicos como o diabo da cruz, estes posts são uma preciosidade.
Bjs
Bem haja Catarina!
Hoje, enquanto viajava, ouvi uma boa: há quem pense que o PSI 20 é uma reunião de 20 psi’s. Eu começo a achar que para os psi’s não vai haver crise. Esta onda de medo que se sente e o desgaste emocional que provoca nas gentes, é-lhes favorável. Mas consigo e o seu optimismo, talvez não seja assim tão linear. A ver vamos.
p.s. tenho recomendado a amigos a leitura destas suas “aulas” fantásticas.
Nobel desprezava as pessoas para quem os lucros são mais importantes que o bem estar da sociedade, e , por isso, nunca instituiu o Nobel da Economia;
Todavia, foi instituído em 1968 pelo Banco da Suécia, e atribuído pela primeira vez em 1969, o Premio de Ciências Económicas em memória de Alfred Nobel, que os descendentes de Alfred Nobel consideram como sendo um campeonato de relações públicas para economistas.
Por isto é que se ouve falar em atribuição do premio Nobel da Economia,e , como se vê, é uma criação artística!
A actual crise financeira radica numa burla imensa operada nos USA no sub-prime ,e deve-se essencialmente à falta de regulação do sector;
Não me parece que seja possivel resolver o actual estado de coisas sem responsabilizar os accionistas e as gestões criminosas das instituições financeiras que tudo causaram!
Mas não é o que está a ser feito, ou seja, a pretexto de criar liquidez, estão-se a entregar biliões para solucionar uma crise a quem é a totalidade do problema!
Por isso, porque subsistem as criminosas administrações, persiste a desconfiança, e os muitos milhões já despendidos não evitam o aprofundar da crise!
P.S. Desculpem-me o comentário atabalhoado mas a minha área é o direito, e, ainda, por cima, venho da pública!
Qual futuro, pá?!
Vou mas é levantar todas as minhas poupanças, contrair uma série de novos empréstimos e comprar armas e mantimentos…
Só não concordo com a incógnita relativamente ao próximo presidente dos EUA, como os candidatos estão quase empatados usar-se-á a mesma estratégia da corrida Gore/Bush, isto é: falsificam-se os resultados eleitorais transformando assim o candidato republicano em Presidente.
De nada, Emiéle
@na, o meu “optimismo” é realista. Toda a gente vai sofrer com isto. Toda a gente já está a sofrer com isto, ou pelo menos muita (eu, por exemplo, estou bastante – foda-se, muito mesmo – mais pobre). Mas é o que há, nada a fazer. Só não entrar em pânico e saber que há sinais positivos ou pelo menos, sinais de tentativa séria de travar o descalabro de agora. Em detrimento de algum futuro, claro. Descer as taxas de juro é saber que a inflação vem aí, mas de outra forma o sistema não aguentaria.
Isa, o que acontece é que me parece que toda a gente tem que saber o que é isto. Toda. Para perceberem, para saberem o que se está a passar e que nos afecta a todos.
maria, 20 psi’s. Bem visto. A ver vamos mas acredito que tudo se fará para evitar a verdadeira catástrofe (que é um cenário, improvável, mas é).
E obrigada, as aulas são apenas conhecimento e leitura dos factos e algum bom senso, talvez.
JBP, e tem outra solução? Sim, deveriam pagar os culpados mas com o quê? Já estão nas lonas. Esse tipo de justiça (que concordo, é o merecido e tudo) não adianta absolutamente nada agora. Agora é apanhar os cacos e tentar ainda colar as coisas, antes que a rapaziada entre TODA em pânico. Ou quer o mundo transformado na América dos anos 30??? Uma corrida aos bancos? Isso seria o fim. Não se pode deixar que aconteça. Não é evitar o aprofundar da crise, essa já cá está: é evitar uma desgraça total.
Tem, pois, caríssima!
Chama-se confisco, e puta da rua às gestões que, até há bem pouco tempo, ganhavam bilions, e andavam a jogar no casino!
Doutra forma quem vai confiar?
Sim, SOD. se todos fizerem como tu, isto vai mesmo tudo abaixo. E é uma boa ideia, a da arma, porque depois vais ter que guardar bem o teu colchão…
Vítor, sabes que a CNN fez um cenário muito curioso sobre esse assunto: na hipótese de empatarem, é a Câmara de Representantes que elege o Presidente e o Senado quem elege o Vice. Como cada uma tem uma maioria diferente da outra, teríamos um cenário inacreditável de um Obama-Palin (havia de ser bonito…). Mas, neste momento, aposto que ganha o McCain sem margem de dúvidas. Tal como, sem margem de dúvidas embora sem maioria absoluta, irá ganhar o Sócrates. Em épocas de crise normal, alterna-se; mas em crise aguda, antes o mal que se conhece: é assim que o eleitor pensa.
Sim, JBP. E o resto? Acha mesmo que basta mandar os gestores para a rua, que volta a confiança? Só se for cá…porque lá fora, já arderam e a confiança, zero. Isto não é uma crise nacional; por cá teremos as nossas “coisas” como sempre, mas aqui o que se trata são mesmo os efeitos de muito factor que já ultrapassou os gestores ao tempo. É o “mercado” e o mercado somos nós todos.
Neste momento a confiança (só para reforçar o meu comento anterior) não tem nada a ver com gestores: são as instituições (financeiras, de regulação, centrais, supranacionais, mercados) que estão em causa. É nelas que se perdeu a confiança. Isso que diz é como se as pessoas tivessem perdido a confiança nos tribunais e na justiça e bastasse mudar o ministro que a confiança voltava…
Os ingleses, em certa medida, estão a confiscar, e a saida da gestão opera-se, então, ipso facto;
A isto deve acrescer, em simultâneo, um incremento da regulação, como ensina Keynes, para se estabilizar a confiança e gerar liquidez!
Em total acordo em ambos os casos. Mas nada disso serve para o curto prazo, já que a falta de liquidez está aí e, sem injecções maciças no sistema, a coisa não vai lá.
Certo!
Concordando em muito do que disseste, parece-me que o Obama ganhará sem margem para dúvidas. As últimas sondagens dão, em média, 47,7% a Obama e 42,5% a McCain. Este último apenas lidera em 21 Estados contra 29 de Obama.
Quanto ao dólar e euro, penso que estamos numa fase mais aguda do combate invisível entre os dois blocos onde o que está em jogo é de monta e determinante para “quem” vai estar numa posição cimeira ao nível global. O maior “galo” da Europa é que, na realidade, estava também ela excessivamente exposta aos activos tóxicos (esta designação é fantástica) oriundos dos EUA para além de ter os seus próprios problemas. Não fosse isso e o cenário podia ser outro.
Penso que se podem desenhar vários cenários especulativos neste momento sobre a força relativa do dólar comparativamente ao euro, por exemplo. Muitos cenários mesmo e que vão muito para além da economia… No médio prazo, não acredito que a força do dólar se mantenha pois os défices são de tal forma brutais que os americanos apenas vão vivendo enquanto o resto do mundo estiver disposto a financiar os seus excessos.
Minha querida, muito obrigado. Por tua causa sinto-me cada vez mais apaixonada pela economia a cada dia que passa. Antes sentia-me apenas a cada mês.
Mas agora diz-me como se pode tolerar que uma certa seguradora levasse uma injeção de 80 milhoes de dolares e apos isto o seu quadro de administradores gastasse em viagens de luxo qualquer coisa como 20 milhoes. Não consigo deixar de pensar que uma boa parte da culpa é dos gestores sim, outra é a perda de confiança nos mercados, nas instituições.
Desculpa se tem alguma calinada neste post mas economia, (ainda) não é o meu forte.
gostei imenso deste seu post, da sua análise e das suas previsões.
Demais seu post..claro e incisivo.
Num médio prazo na economia real, ou seja nas empresas que realmente produzem para se obter lucro qual será o impacto imediato ? só o aumento de juros pra se obter empréstimos ?
O segmento de serviços, por exemplo, deveria procurar expansão buscando uma maior receite real com mais clientes criando escudos mais sólidos ? ou se retrair procurando minimizar custos pra enfrentar a onda ?
Miguel, a ver vamos. Talvez o Obama se safe. Nas eleições pelo menos. No resto, qualquer um deles leva um país em situação complicadíssima (mas continuo na minha, ninguém emigra de lá lol, antes pelo contrário: abrissem as fronteiras e acho que o resto do mundo ficava vazio;))
Sem dúvida, é uma guerra entre as duas moedas, com tudo o que vem atrás. (também adoro o “activos tóxicos”, é linda a expressão). Vamos lá a ver quem se safa primeiro. São tempos giros, estes, tirando a parte chata…
AmarPerdidamente, curiosamente também eu estou a gostar mais do tema; normalmente a minha reacção é dizer “sou economista blhaccckkk!” 😀 E não, não desculpo os gestores, faz-se muita merda. Para além da que está à vista, como essa, há o resto, que é tramadíssimo: o limpar e limar contas (a contabilidade é uma ciência tão criativa…) e esconder os podres de forma a valorizar as acções, coisas assim. Por isso quando estoira é tão mau e daí a importância extrema dos organismos reguladores que funcionem realmente.
Sem-se-ver, muito obrigada.
Roger, muito obrigada. Infelizmente sou apenas uma pessoa normalíssima, daí é apenas a minha opinião…mas, para começar acho que as empresas devem produzir para criar lucro. Não a todo o custo, mas não vejo o lucro, a riqueza, como um mal. Para o serviço que é público, estão as instituições governamentais, essas sim, que alimentamos com os nossos impostos. Agora o sector privado? Tem mais é que ter lucros como finalidade. Os meios para os atingir é que podem ser mais ou menos lícitos ou éticos. Impactos? Sim, o aumento de juros, mas muito mais factores: em tempos de crise, há menos dinheiro para gastar, não é? depende muito do que a empresa produz. E do que os consumidores escolhem…há quem diga que, em tempo de crise, se consome mais, o que é curioso, porque as pessoas preferem gastar aquilo que têm em vez de pouparem. Portanto consomem mais coisecas e não poupam para as mais caras, se calhar mais necessárias…
Mas, como lhe digo, não sou nenhuma profissional de análise macro. Recorrendo ao bom senso, acho que nem é por via de expansão, nem de retracção; safam-se as empresas mais eficientes, as mais sólidas, as que procurarem nichos de mercado, as que se diferenciarem por produto, as que olharem além fronteiras. Digo eu, mas sei que nem todas. Infelizmente.
Então e o nosso Benfica, hein?!
‘activos tóxicos’ tem a ver com a quantidade astronómica de cigarros que fumo por dia, certo?
(linkei este post)
Só pode, sem-se-ver. 😀 Somos duas.
(obrigada :))
O nosso Benfica? Deves estar a brincar, Joaquim, vires aqui ao um antro de sportinguistas perguntar pelo “nosso” Benfica 😀
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‘jamais emprestar dinheiro… salvo a quem dele não necessita.’
mas os americanos precisavam… e os paises produtores de petroleo mesmo assim emprestaram… porquê?
porque como tu disses-te o us dolar é referência nas maioria das cotações.
porque a economia americana entrando em recessão gera maiores reservas de petroleo, menor consumo… baixa cotação petroleo.
porque gerando fluxos de massa para os eua para operações passivas fortalecem o us dolar (também não me parece que vendam euros).
porque fortalecendo o dolar e ajustando a oferta de petroleo para baixo ainda podem sair a ganhar algum…
porque no fundo a america representa 20% do consumo.
porque os americanos avalizaram e garantiram retorno a esses paises produtores… e só por isso emprestaram.
Viva Ricardo, obrigada pela visita (já calculo que vem do SDBlog lol)
Eu por acaso acho que se empresta a quem precisa, desde que salvaguardados uma série de factores, como a avaliação da capacidade de reembolso do mutuário e mais uns colaterais e coisas assim 😀
Tem razão no que diz, mas, não obstante a força do dólar, do consumo americano e da moeda do petróleo, mesmo assim creio que é uma oportunidade de ouro para o euro se impor. Resta saber se conseguem fazê-lo. Acho que até às eleições, ainda vai correr muita água e só depois, consoante o que sair dali, se reajusta o sistema.
Ricardo,
Esqueces-te de algumas variáveis na equação do petróleo:
1. Capital especulativo que representava muito do mercado de futuros – algumas dezenas de milhar de milhões de dólares – e que foi retirada desse mercado, após os máximos de Julho, e a abertura de um inquérito pelas autoridades norte-americanas;
2. Sem entrarem em recessão, as principais economias mundiais registaram decréscimos significativos do consumo diário de petróleo, entre 1 a 1,5 milhões/dia. A sede dos produtores poderá ter provocado, de forma irreversível aliado a factores de natureza “ambiental”, o início do fim do petróleo, não por esgotamento do recurso mas como fonte de energia principal;
3. Questões geoestratégicas muito mais amplas e que ultrapassam o que é actualmente visível, no confronto de blocos numa luta feroz “imperceptível” pelo domínio “global”.
Este movimento deverá ser de curto-prazo e nada mais do que isso, até porque os problemas de fundo da economia americana não se resolvem através da “repentina” valorização do dólar…
Já nem preciso de dizer nada, ora bem! Obrigada Miguel :))) (impec)
certo de acordo miguel… estamos numa fase em que previsões só mesmo depois do jogo… em micro economia as previsões são ‘quase’ certeiras, em macro são ‘quase nunca’ certeiras…. mas existe uma terceira via… a economia cosmica :)… ou cosmo-economia, e essa tem pouco a ver com matemática ou estatistica ou tendências das sociedades, ou padrões históricos… essa tem fundamentalmente com o que disses-te… geo-politica e geo-estratégia.
Parece-me que estamos nessa terceira via…
Mas pronto estou a convencer os meus santinhos com todo tipo de argumentos para que o us dolar se fortaleça… é que já me habituei a ganhar substancialmente mais…porra.
certo catarina… parabens pelo excelente blog… pelo humor (corrosivo:)) que demonstras… e sim foi através do sdblog que cheguei lá deambulando pela net… mas esse já conheces bem, certo?
gente, já não sei se aprendo mais com os posts se com os comentos, continuem…
http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15281
Nesta página, para quem quiser, uma das maiores economistas mundiais, Maria da Conceição Tavares, explica como a existência de um forte sector financeiro público, garante a sobrevivência de uma comunidade politica, isto é um povo!
No artigo é também perceptível o montante monstruoso a que ascende a burla dos neocoms, ou seja, de 6 triliões de dolares!
Fico lisonjeado pela cobiça pelo meu colchão. Se a cobiça fosse pelo seu recheio, obviamente não seria um recheio de papel sem valor.
E atenção ao plural das coisas…
Era a análise que faltava. Não há cão nem gato que não dê palpites e ares de economista. Os que sabem, só sabem que não sabem prever.
Quando ouço ou leio muitas certezas, lembro-me doutras certezas seguidas de pânico e de crise.
Mas só me lembro de ver países da América latina em colapso…
Ricardo, obrigada. Sim, conheço bem o SDBlog (leio-o praticamente desde o início, quando ainda era Sem Destino no weblog) e conheço bem o Miguel.
Cool, podes crer!
JBP, mais uma vez obrigada pelo link, vou já ver isso.
SOD, mais alguma coisa sobre o fim do mundo, ou posso dormir descansada ainda hoje?
Obrigada pelas explicações, que eu sou uma econo-burra.
Apesar de andar a tremer pelas minhas poupanças e prestação da casa, ainda assim acho que é uma estupidez entrar em pânico. Há quem tenha vendido acções ao desbarato, e levantado fundos quando estes começaram a baixar. Mas de que vale ter o dinheiro em casa se ele cada vez vale menos? E, segundo entendo, ele vale cada vez menos quanto mais as pessoa correrem aos bancos a levantá-lo, certo?
Olha, é aguentar, e esperar por dias melhores. Assim como assim, como contribuinte e membro da classe média, já estou habituada a pagar as crises 😀
…é assim mesmo I.
No dia de ontem os mercados disparam, hoje a festa continua… será que é amanha a realização de mais valias?
I., não vejo razão para pânicos, principalmente agora que existe esta garantia do estado (que é a nível de toda a Europa) e que a euribor desceu e tudo. Agora, as poupanças, claro que é bom investi-las com algum cuidado, as acções enfim, é volátil (e de que maneira…).
É, essa parte do contribuinte, também dói aqui pelos meus lados.
Ricardo, haverá sempre que esteja a realizar mais-valias. 😀
Desde que não leias nem vejas nada que te perturbe o sono, como, por exemplo, visitares certo blog…
A consciência pesada ou o medo do escuro podem tirar o sono.
Como será o sono de um ex-executivo de topo da Enron, da Worldcom, do Lehman Brothers, do querem arriscar algum nome,…
Provavelmente têm as melhores almofadas que o dinheiro pode comprar. E isso deve fazer maravilhas pelo sono…
SOD, até prova em contrário, parece que estamos a misturar alhos com bugalhos.
eh eh eh eh….
Ó catarina, o melhor é abrir uma sala de chat para este post… isto ‘num’ pára.
Et voilá… a bolsa hoje corrige… tomada de mais valias.
Ah, SOD, vi agora que meteste montes de filmes de fim do mundo; depois hei-de ir lá ver melhor. Já percebi que estavas com insónias (eu leio a lista telefónica, quando é assim)
Miguel, o SOD tem aquele feitio, mas é boa pessoa (que é a pior coisa que se lhe pode dizer, estraga-se logo a imagem de “Pérfido”).
Ricardo, isto aqui neste blog volta e meia é assim. Havia de ver lá para muito em baixo, um post de há uns anos sobre ligações eléctricas sem terra, quase todos os dias levo mais conselhos de electricistas nos comentários. 😀
É, parece que tudo se compõe, nada como o “liberalismo intervencionado”, não é? 😉