100nada

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Horas trocadas

Muda a hora. Não gosto que me troquem as voltas artificialmente. Não gosto de relógios, apesar de viver num tempo cortado por obrigações. Gosto de saber as horas pelo meu corpo que se vai acertando aos poucos com a luz, o som, os passos do cansaço. Gosto de o saber certo como um relógio, de saber que quando o sol entra pela janela e bate num certo canto ali, nem preciso de pensar em nada deste processo e já sei que horas são. Sei.
Não me interessa muito se o dia é longo ou curto, se há luz de manhã, ou luz à noite. Tudo é uma questão de hábito, apesar de preferir dias longos de fins de tarde já noite. Talvez por ter vivido muito tempo em noites coladas com uma tira de dia muito fina. Ou apenas por gostar de fumar um cigarro a seguir ao jantar, com uma lua redonda num céu ainda azul.
Detesto que o meu corpo seja alterado pela frase ‘hoje a hora muda’. Serão dias confusos de de atrasos trocados, de tempos errados.
Mas tudo é hábito, e o corpo diz as horas que forem precisas. Não tem é de gostar.


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Muro de nicotina #1

Acordo com a boca amarga do que fumo na véspera e o que me apetece primeiro é limpá-la com um cigarro fresco, o fumo a entrar, a nicotina a subir num cérebro dormente e pouco oxigenado. Imagino os meus pulmões a preto e branco, esburacados de teias de alcatrão, muito sujos nos cantos. Quanto mais imagino mais me apetece fumar outro e, escrevo isto, acendo o que tenho na mão, a querer já os do dia seguinte. Vou morrer desta merda ou de outra qualquer. Mas não é fatalismo, é inércia, adiamento para outro dia. E, até lá, fumo. Que me chateia a ideia de não fumar e já vou a meio deste e ainda espero vir a fumar muitos mais, muitas teias, morte lenta de pulmões desfeitos.
Todos nós sofremos desse apelo que o podre tem.


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Em bicos dos pés (frios) de tempo em tempo

Em bicos dos pés (para que o frio tenha menos espaço de invasão) com o fio dos sapatos a cortar minutos e segundos. Preciso de fins velhos e inícios novos, de espaços vazios, da velocidade das sinapses em espirais de palavras inúteis.
Da rapidez com que o ar se respira; para depois construir muros de nicotina.




O problema dos quilómetros

O problema dos quilómetros é um problema simples de resolução impossível, creio eu.
Vai um gajo numa autoestrada sem baixar muito dos cento e quarenta. Ao fim de uma hora, olha para as placas e vê que andou cem quilómetros.
Não entendo isto.

Não me apetece isto.
(esta parte faz parte de outro problema simples de resolução impossível, não titulado no…bem…no título, isso.)

parece que de manhã estava tudo branco mas nunca acordei a tempo

Saltam-me frases avulsas, estúpidas, linhas racionais misturadas com palavras sem nexo. Uma ideia assim vaga de deixar morrer agora, de sossego e paz e alegria. Esbater-me em

uma fogueira a estalar, fumo de ramos ainda verdes, cinzas pelo ar

“Estrelas”, disse ele. Ainda na estrada, à ida (depois escrevo no lado certo, agora aqui por preguiça). “Olha tantas estrelas! Olá, olá, Marianas!” Chama Marianas às estrelas, mas porquê? Não sei. Não sei tantas coisas e tenho um blog? Um BLOG???

Faz sentido?

Não.

(uns dias antes de ir, decisão de madrugada, vários posts rascunhados, interrompidos, dia seguinte, mais alguns, dia depois, na mesma: e se fechasse tudo, menos o que escrevo? Uma espécie de silêncio necessário em redoma egocêntrica, regressar ao recomeço, ir (quase) embora ficando, fechar as portas todas menos a de mim aqui para fora. Mas depois, há sempre uma coisa qualquer, uma tontaria, uma gargalhada, sou assim, sem emenda possível, a duzentos mas só passaram cem quilómetros e os cem seguintes já me fartaram…)




Ai!

Acabei de actualizar a lista dos (quase todos verdes) ali de baixo do derby e quando fiz send, perdi tudo!!! E agora já não tenho tempo mas ide ver os comentários e verão que o Sporting está em clara maioria.