100nada

A rapaziada anda deprimida, é o que é

Vou dando os meus passeios pelos meus bloguinhos e verifico que a rapaziada (agora em concreto mesmo a rapaziada rapazes) anda toda num estado, benzós Deus! É uma refilice, uma resmunguice, uns grrs, uns porras pás, uns merdas para isto tudo e versões mais elaboradas que, não fosse eu saber que a média etária da blogsfera anda ali pelos trintas (no caso da rapaziada, já as miúdas são mais novas – em média, eu disse em média!) diria que a testosterona anda a falhar e seria preciso umas doses de vitaminas adicionais ou lá o que se toma em crises de andropausa. Mas a verdade é que os poucos realmente com razões de BI para terem desculpa de uns ataques depressivos andropáusicos andam distraídos com a vida deles e não têm tempo para achaques.

Donde se conclui que na blogsfera, como o tempo corre muito mais rápido que na vida real, a andropausa bate aos trinta (e a menopausa aos vinte, mas isso é matéria para outro post).

Ora eu que tenho sempre em conta o bem estar dos meus leitores e não querendo que lhes falte nada, a ver se arrebitam a franga, dedico-lhes uma imagem simples, que evoca os prazeres primordiais e coisas que tais.



O pogueblema das baguebas

Da forma como esta coisada toda anda, eu já me estou borrifando para se o homem vai a nado fazer mergulho, se vai de Falcon soltar a franga, se está constipado, se volta Madalena arrependida e leva festinhas do dono. Eu tou-me cagando para essa merda toda!! Quero lá saber!!! Estou farta destes gajos!!! Faz de conta que não existem, que me infernizam o dia inteiro com primeiro era assim, depois afinal não era…eu estou farta e vou agora fazer aqui um risco

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e no fim do risco são as eleições e até lá são bananas e depois, provavelmente é mais do mesmo…não me interessa.

O que me CHATEIA MESMO é abrir um jornal e o homem está de barbas de dois meses. Abrir o mesmo jornal e o homem ainda tem marcas da máquina de barbear. Abri uma revista e a barba tem três dias…porra, pá, custa muito organizarem-se em vez de lhe tirar e voltar a enfiar a porra das barbas???





Tá feito

Tudo arrumadinho, assim mais ou menos a monte…costume.
Faz sentido que copie tudo para aqui agora. Porque estava nesta coisa usual do ‘mas que porra ter um blog’ e aprendi nessa altura que não valia muito a pena ter outro (durou 3 dias).
E, posto esta tralha toda, siga para bingo, que tenho mais que fazer que copy pastes.


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Muro de cinismo #1

Há alturas na vida (momentos que acontecem em segundos) em que era bom ser possível acreditar que as pessoas são realmente assim. Mas o cinismo é um muro construído (arduamente) de tristezas pesadas e descréditos passados. Ergue-se em redor, implacável; e o silêncio que se impõe é de cimento armado. Com caçadeira de canos cerrados.


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Testemunha

Acordo de repente. Está alguém a chorar. Não é em casa, percebo eu uns segundos depois. É noutro lado. Em vez de levantar a cabeça e olhar para o despertador, o meu braço estende-se, pega nele e vira-o para mim. Não sou capaz de dormir com números verdes a mudarem a cada minuto do lado de fora das pálpebras e deixo-o sempre virado para o lado de lá, para o mais longe possível.Detesto despertadores digitais com números luminosos. Detesto acordar com uma vaga, muito vaga luz verde no quarto, em vez de ser às escuras. Mas ainda detesto mais não saber que horas são a meio da noite quando podem ser quaisquer horas; aturo-o por isso, virado para longe.
São quaisquer horas. Quatro, cinco da manhã, já longe do início da noite, ainda longe do fim. É o meio da noite completo, a hora a que se acorda com pesadelos e se fica imóvel com medo do silêncio total. Mas no meio do silêncio total está alguém a chorar.
Não é um choro de criança, embora seja alto e estridente. É um choro desesperado de uma mulher. Um choro de quem já ultrapassou qualquer eventual pensamento de horas ou de incomodar quem dorme. É um choro de convulsões. De soluços seguidos com falta de ar e depois quase gritos, ais agudos e compridos. E mais soluços. É um choro de quem guarda as lágrimas até à última hora. Um choro final, um grito que dura (minutos? horas? a vida inteira?) e depois…depois nada. Só o silêncio habitual agora.
E insónias minhas por ter sido uma involuntária testemunha de qualquer coisa que não sei o que é.


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O pato metálico

Janela aberta. Há um ruído que me está a moer o juízo sem eu dar por nada. Está lá, os meus ouvidos ouvem, o meu cérebro regista e eu começo a ficar impaciente sem saber porquê. Irrito-me. Não sei a razão. Sei que deve haver uma razão, há uma razão, mas não consigo descobrir qual é. Fico imóvel a tentar perceber. Até que oiço mesmo.
Lá muito longe há qualquer coisa. É tão longe que não se detecta de onde vem. Está tão longe que parece muito perto, um barulho muito baixo muito perto de mim. Mas é um barulho alto, que perde a força com a distância. É seco, ritmado, agudo de metal. Parece um pato. Um pato metálico, a grasnar num lago (de óleo?) lá longe. Não é um pato metálico, não há patos metálicos. Mas parece.
O pato metálico não se cala. E eu vejo uma imagem que está do outro lado do monte, onde a vista não chega. Lá longe está um homem a bater com uma chave inglesa num cano. Não está a fazer nenhuma obra útil. Está a bater num cano porque não tem mais nada que fazer. Penso que seja uma caleira, um pouco rota, entupida de folhas. Um cano de metal, com a tinta verde pintada de ferrugem. A ferrugem vai saltando com as pancadas da chave inglesa guardada debaixo do banco de um automóvel iluminado com neons por baixo. Está uma rapariga a rir sentada no carro, um riso histérico, nervoso, uma voz que diz pára lá com isso. Ele não pára.

O homem bate num cano, um pato metálico grasna ao longe. E eu escrevo a história.