100nada

Tudo

Quero. Talvez tudo igual mas um tudo nada torto, de lado, virado, talvez tudo na mesma mas de cabeça para baixo com o sangue a explodir no cérebro, quero que nada se quebre mas que tudo se, não sei, desestoire, que é quando todas as partículas que se perdem pelo espaço se, talvez aplicando aqui a palavra encontrem, ou se colem, mas colar é pouco, que se osmosem numa mesma pele e que se cosam em pontos largos para deixar intervalos a mais partículas que possam ainda vogar distraídas ou sofram de esquecimento, todos os pedaços de eternidade esteja ela onde estiver, estejam eles onde estiverem, seja qual fôr a forma que tomarem, as memórias vagas já muito perdidas, os instantes que passam ao lado, o tempo transformado em mais partículas quase já poeira mas ainda recuperáveis, quero todo o pó que os dias possam inevitavelmente trazer, todas as lágrimas de antes e depois, todas as palavras, ternas ou duras mas que sejam todas, todos os momentos em que já não se sabe quem fala e quem magoa e quem abraça, todos os monstros ferozes que se soltam das jaulas e vão directos à jugular

quero tudo.
Porque não te sei amar de outra forma, só desta.


alteração título para não ter spam

Este post é uma coisa séria (e vou deixá-lo no cimo do blog durante um tempo, porque é mesmo importante e urgente)

Precisa-se de empregada doméstica interna, para tratar das coisas normais de uma casa e tomar conta de um bebé de seis meses. Se souberem de alguém, emailem-me para vertigensatnetcabopontopt. Agradeço imenso.

(adenda: na zona de Oeiras)



O tempo dos bichos

Deve ser este. A quantidade de bicharada voadora esquisita que me poisou no monitor esta noite. Eu quase a enfiar-lhes uns piparotes, a lembrar-me (a tempo) dos meus ricos pixeis-élecêdês e a deixá-los voar sossegados. Três semanas no campo é no que dá, já nem grito quando vejo uma traça.

(tenho a sensação que agora atiro as palavras como quem faz pontaria a um cesto de papéis)


Sobre a fotografia (por uma leiga)

A diferença entre um fotógrafo e uma criatura que, como eu, aponta e dispara tanta vez uma máquina digital que alguma vez há-de sair uma coisa bonitinha, é qualquer coisa que fica para além da técnica (pum, levo já com um prego numa mão; mas prossigo mesmo assim) embora (isto agora tentando sacudir o prego que ainda não está bem preso) admita com a humildade total de quem é a feliz proprietária de uma máquina fotográfica so-called ‘das boas’ e que é totalmente manual, o que quer dizer que, ao fim de de vários rolos invariavelmente revelados a preto ou a branco (mesmo sendo rolos que diziam a cores na embalagem), desisti desse rumo e dediquei-me a outros bolos menos complicados e mais automáticos – e já me perdi, dizia eu então que – embora admita que aquela coisada toda das aberturas e das velocidades seja imprescindível à fotografia

(Abro aqui mais um parênteses, porque este post é escrito depois de algumas conversas com quem sabe da coisa e uma dessas pessoas, que entre outras coisas, é um excelente fotógrafo e pintor e que eu não posso aqui dizer que é meu cunhado por causa da privacidade e essas coisas todas, considera que a fotografia digital não é fotografia: é outra coisa; é, se se quiser chamar, fotografia digital ou outro termo, mas não é fotografia. Isto é que deve ser o purismo ou assim, mas eu gosto sempre de harmonia familiar e nem discuto o que não sei: só escrevo posts sobre o que não sei…e não sei se, em certos casos, não será fotografia também, a que é digital (não a minha, obviamente, mas por exemplo a dele, se acaso usasse uma máquina digital). Isto um bocado na dúvida de a máquina (a parte mecânica ou tecnológica da coisa) ser apenas uma ferramenta para transmissão de uma imagem, ou ser/fazer parte da construção da imagem. E, ao escrever esta última frase, percebo que provavelmente encontro aqui uma espécie de resposta, embora seja um conceito que a mim me custa entender, já que tenho uma relação com este objecto que é externa, instrumental apenas, útil para um único fim, o de captar um momento que a mim me interessa não como belo, mas como recordação. Fim deste parênteses, e já me perdi outra vez.)

(…) imprescindível à fotografia, e depois de um telefonema (este post está a ser escrito em tempo real) aparecem mais palavras como ‘enquadramento’ e ‘ângulo’ e outras coisas assim que eu entendo o que sejam mas não sei o que são e nunca mais consigo chegar onde queria que era ao outro lado.

Por mais técnicas que alguém domine, todas e mais algumas, continuo a achar que isso não faz dessa pessoa um verdadeiro fotógrafo. Esse, o técnico das velocidades, luzes, enquadramentos e catrefadas de outras coisadas, pode tirar fotografias boas. Mas isso não é a mesma coisa que boas fotografias. Para isso falta a parte que me parece a mais importante de todas: a imaginação, aquele bocado de cérebro/visão/criatividade, a capacidade de deixar quem vê essa fotografia

(em tempo real acabo de ler um comentário no post abaixo. Curioso, é isso mesmo)

de boca aberta (agora atrofiei, mas roubo uma palavra ao tal comentário, elemento-surpresa, obrigada, Onan)

é isso.

Para acabar, deixo propositadamente no fim deste post uma fotografia. Para ficar por cima da minha e para que se veja aquilo que acabei de escrever. É de Gerard Castello Lopes. (daqui)



Caixa de Costura

(imagem daqui)

Não há dia que o André não me arranque um sorriso ou umas valentes gargalhadas com as coisas que escreve. As coisas que conta, conto-as eu depois a amigos, as coisas de miúdos e e crescidos e de crescidos com miúdos, naquele registo cheio de humor de um pai de três filhos que ainda não percebeu exactamente o que lhe aconteceu, mas vai tentando levar o barco o melhor possível.

Muitos parabéns pelos dois anos de Caixa de Costura.

(deixo aqui um bocadinho de um post dele, descaradamente roubado da Caixa de Costura, e que também é um dos meus favoritos:

(…)O mais velho fica sozinho na aula e regresso calmamente para o balneário. Estou sozinho e com algum tempo para tomar um duche há muito esperado. A meio do meu duche chegam uns pais agitadíssimos com algo que só me apercebo depois. Um miúdo qualquer resolveu vomitar ou fazer cocó na piscina. Raios, logo no meio do duche. Tenho que ir a correr buscar o maior. Faço figas para que a culpa da azáfama não seja dele. Com a pressa nem reparo que além das unhas compridas, tenho o cabelo cheio de shampô. Paciência. O que interessa é que não foi o João Maria. Regresso aos balneários e começam as perguntas recursivas. Porque é que a aula acabou? E porque é que o menino fez cocó na piscina? E porque é que o pai tem a pilinha à mostra? Merda. Além das unhas e do shampô esqueci-me vestir os calções para o ir buscar. O melhor é anular a matrícula deles porque nesta piscina não volto a pôr os pés. Parece haver um segurança que quer falar comigo sobre o tema “Desrespeito à moral”.


Não digais mal das Etelvinas!

Há uns dias, em conversa com dois pais (sim, dois pais), sobre empregadas domésticas (no dois casos, internas, que também tomam conta de bebés), qualidades e defeitos e outras coisas estranhas, oiço esta que é de gritos. Fartei-me de rir, apesar de ser dramático, tal é a alucinação da história.

Parece que uma amiga de uma amiga tinha uma croata ou eslava ou coisa assim, empregada doméstica interna que, entre outras tarefas, tinha a seu cargo tomar conta do bebé. Pois então, saiam os donos da casa de manhã e a rapariga agarrava na criança e ia pedir para o semáforo! A coisa durou até alguém que os conhecia ter passado e ter visto.

Agora digam-me lá se vale a pena uma pessoa queixar-se que não encontra o balde e a esfregona e as almofadas do sofá estão todas alinhadas em bico.


Naando

práqui virada. Fartei-me da blogsfera, não tou com pachorra. É giro e tal, mas bof (bof acompanhado de encolher de ombros). Estou de ressaca de regresso de férias.
Ah, e quanto à tal lista do Paulo Gorjão (toda a gente diz de sua justiça, também digo da minha), blharrrrc. É o que se me ocorre dizer. Não tendes mais que fazer, é? Ora então uma listinha, um postezinho sobre o assunto…blharrrrc. E para quando a listinha dos favorezinhos e lambecuzismos e irmandades e famílias da blogsfera? Sempre tinha mais piada e ficava assim a modos que por casa, a roupinha suja não saía do estendal doméstico…enfim. Nada contra o Paulo Gorjão, cujas intenções seriam as melhores de certeza, mas caneco, pá.
Olha afinal saiu um post mais longo…se calhar deveria ter-me quedado no tou farta. Mas eu quando tou farta sairem-me da frente.

E vocelências mais o macartismo, também não tendes mais que fazer? Depois, nós, gajas, é que somos histéricas…(bem, já tinha insultado meia blogsfera ali em cima, com esta parte tratei do resto, mais alguma coisa? Alguém? Não? Prontes era só isto, agora rua do meu blog, que não tou com paciência).