100nada

Tudo

Quero. Talvez tudo igual mas um tudo nada torto, de lado, virado, talvez tudo na mesma mas de cabeça para baixo com o sangue a explodir no cérebro, quero que nada se quebre mas que tudo se, não sei, desestoire, que é quando todas as partículas que se perdem pelo espaço se, talvez aplicando aqui a palavra encontrem, ou se colem, mas colar é pouco, que se osmosem numa mesma pele e que se cosam em pontos largos para deixar intervalos a mais partículas que possam ainda vogar distraídas ou sofram de esquecimento, todos os pedaços de eternidade esteja ela onde estiver, estejam eles onde estiverem, seja qual fôr a forma que tomarem, as memórias vagas já muito perdidas, os instantes que passam ao lado, o tempo transformado em mais partículas quase já poeira mas ainda recuperáveis, quero todo o pó que os dias possam inevitavelmente trazer, todas as lágrimas de antes e depois, todas as palavras, ternas ou duras mas que sejam todas, todos os momentos em que já não se sabe quem fala e quem magoa e quem abraça, todos os monstros ferozes que se soltam das jaulas e vão directos à jugular

quero tudo.
Porque não te sei amar de outra forma, só desta.

0 thoughts on “Tudo

  1. eduardo

    É o que faz teres ainda dezoito anos, Catarina.
    Não há meio de aprenderes que algumas trolitadas também fazem ao coração. Haja quem saiba dá-las, Texas, Indianápolis, Califórnia…

    Vai tu, tá bem?

  2. isavieira

    Ora muito bom dia :)**
    amar…amar… amor…
    que sabemos nós deste assunto?!!!!
    Achamos sempre que sabemos tudo. Quando amamos ficamos cegas, patarecas, taralhocas. Vemos todo o mundo sob uma lente cor-de-rosa. Achamos que estamos mais perto da felicidade (seja lá ela o que for). Enfim… sentimo-nos nas nuvens (literalmente) Mas esquecemos também que o amor não vive só dessa cor rosa. Tem outras. Tem nuances. Tem cores fortes, vivas. E tem igualmente uma ausência de cor natural. OLhar e aceitar os degradés é que é doloroso. Porém, para amar-mos devemos mesmo fazê-lo de corpo e alma. De outro modo não será amar. Será outra coisa qualquer… paixão (momentânea, rápida e fugaz), atracção, sedução, e a tal amizade colorida de que tantos falam. POderá ser tudo e, ao mesmo tempo, NADA. Mas não será certamente AMOR (palavra desgastada e tão senseless hoje em dia. Todos usam e abusam de um conceito tão puro e lindo como é o amor).
    Amem… de corpo e alma!
    Ora muito bom dia a todos :)**
    Isa
    (Catarina sabemos bem do que falamos num éeeeeeeeeeeee?!?

  3. Isabela

    Este comentário está a ser escrito em tempo real, como tu dizes, e agora estou parada a pensar no que li.

    Uma pessoa amiga deixou de acreditar no amor, pelo menos naquele que transcende a mera amizade ou a mera cama, ou ambos juntos sem mais nada (se isso fosse possível).
    Eu não, talvez seja demasiado teimosa ou doente mental: mas consigo continuar a acreditar que o amor vale a pena, até no exacto momento momento em que tudo está a correr mal. Posso já não acreditar naquele. Mas acredito no que há-de vir.
    Mas também acho que o amor é negociação, é ir à guerra e dar e levar, que é uma experiência brutal, mas que é A Experiência.
    Outra coisa em que acredito: no tempo. O dia de hoje não é igual ao de amanhã e, se mo pedisses, metia já aqui as mãos no fogo pelo que digo. Não que precises, pq sabes.
    Catarina, o teu texto é muito bonito. Não é bonitinho nem engraçadinho: é daquela beleza-horrível verdadeira, que vem ainda inteira, com as arestas vivas, e na qual reconhecemos o que somos, o que sentimos, o que vivemos.
    (Obrigada pela mulher-menina! Não me esquecerei que quem não me conhece, me conhece tão bem!)
    Um abraço muito grande para ti.

  4. ana_gf

    amar intensamente também é sofrer intensamente. Há quem se resguarde disto. Dizem-nos que são mais felizes, eu diria que são é “páozinho sem sal”

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