Sobre a solidão e essas merdas escrevo depois, siga a história que estou farta dela.
Faz de conta que não estive ali sozinha uma data de tempo a pensar quando é que alguém me passava a ferro e se estaria melhor antes do carro, depois do carro ou ao lado do carro e a ver voar uma data de estilhaços e vidros do acidente anterior, cada vez que passava um carro, o que acontecia de meio em meio segundo, a amaldiçoar a vida, os VW que só me dão desgostos e a pensar se fumava um cigarro se não fumava um cigarro e quanto tempo dura um triângulo com uma data de carros direitos a ele. E depois direitos a mim.
Lá me resolvi a acender um cigarro e foi quando apareceu o reboque. Por instantes pensei, porra, já agora demorava mais um bocadinho, mas lá me pus esperta e lá se processou a coisa.
(a coisa processa-se assim: um gajo entra no carro, destrava e desengata e aquela coisa puxa o carro para cima do reboque. Depois fica-se lá em cima, abre-se a porta do carro, quase se cai pela autoestrada abaixo e o rapaz simpático diz, agarre-se aqui ao meu braço.)
(um parenteses: o motard de serviço tinha entretanto chegado, telefonado do lado da frente do reboque a dizer que não podia estar parado ali e que ia indo andando)
Salva na A5, fui buscar o triângulo e voltei sem olhar para trás. Enfiei-me dentro da cabine do reboque, telefonei à minha mãe a dizer que ia a caminho e atendi a Brisa que andava pela A5 à minha procura, agradeci o esforço mas que já não era preciso e que subidas para Linda a Velha só havia uma.
O rapaz simpático, entretanto, deve ter achado que eu ia enervada e resolveu entreter-me com histórias de reboques. Fiquei a saber que todos os dias tirava carros do Tejo ali ao pé da Torre de Belém, de pessoas que se distraíam dentro do carro e não percebi bem porquê, o travão de mão soltava-se e os carros caiam ao rio. (fiquei com a sensação que o rapaz deveria abrir um blog, sempre são temas diferentes dos habituais…não?)
E pronto. Foi isto (tou farta).
Cheguei à porta da oficina, estava lá o motard que manda dizer que só demorou 20 segundos a fazer a CRIL e o resto do tempo foi de direito a fumar uns cigarros, largou-se lá o carro, acartei os sacos de compras pela rua acima que não podiam ir de moto, entrei em casa e atendi um sms.
(vitória, vitória, acabou-se a história, tudo para a cama meninos!)
Dedicatória especial à vaca que ficou encravada entre o trânsito e o meu carro e que se pôs a fazer-me sinais com as mãos que pareciam a forma de um triângulo e a quem eu respondi com um sinalzinho amigável de já vai, já vai: pó crlho.