100nada

Sinais de fumo (the whole story – 1)

Ia eu muito bem nas minhas cantorias automobilizadas (com as janelas fechadas não há qualquer perigo de me ouvirem, todos os tímpanos em redor estão a salvo), pela A5 afora, quando, por alturas dos Cabos D’Ávila, que é um sítio que me faz sempre lembrar os anos que por ali passei a ouvir no trânsito referências a lugares misteriosos sempre encrencados de carros, como Cabos D’Ávila, Eixo Norte Sul, descida da Pimenteira, saída não sei quantas do IC19 e, principalmente, aquele estraordinário sítio que toda a gente já ouviu falar mas pouca sabe onde fica, a Rotunda dos Produtos Estrela, até perceber que os ditos Cabos D’Ávila eram aquela estrada que eu não sabia o nome mas que conhecia perfeitamente, vista da A5 e então, por alturas dessa paisagem, acende-se uma luz nova no tablier, cujo símbolo correspondia a um manómetro que eu, desde que gripei um Mini, sei perfeitamente bem que é o do óleo.

Fiz aquilo que é normal.

Desliguei o rádio a ver se já se ouviam aqueles estranhos barulhos de latas a baterem umas nas outras, que nesse tal verão a caminho do Algarve, ouvi entre Lisboa e o final da ponte de Vila Franca, onde o Mini entregou a alma e o motor ao criador e telefonei à minha mãe a dar conta da ocorrência.

Enquanto discutiamos se havia de ir directa para casa ou para uma oficina ou se a luz se apagava e se sempre tinha comprado o amaciador de roupa concentrado do Carrefour e se o miúdo se estava a portar bem, fui andando e a luz piscando. E só quando encontrei um acidente na faixa do meio a meio da subida de Linda a Velha é que reparei (talvez por ter olhado para a frente) que o motor estava a deitar fumo. Muito fumo mesmo.

Parei o carro atrás do acidente.
Depois lembrei-me que estava na faixa do meio.
Arranquei outra vez e parei na faixa da direita.
(passaram a ser duas faixas impedidas e eu andei um bocadinho para a frente para ficar protegida de futuros acidentes pelos dois carros e dois senhores que estavam a discutir. É que eu já sei o que a casa gasta e já assisti, dentro do rail do separador central, a um choque em cadeia de uns quinze carros no Viaduto Duarte Pacheco. Parecem imans, os carros parados nas autoestradas…)

Entretanto tinha desligado o telemóvel e telefonei outra vez à minha mãe para lhe dar conta do desenvolvimento da coisa. A minha mãe disse-me que não fosse para o meio da estrada e eu pareceu-me acertado e saí pela porta do lado esquerdo.

E fiquei assim, um bocado feita parva a pensar e agora porra? Sinceramente o que me apetecia mesmo era um cigarro mas resolvi adiá-lo e passar para o lado de lá do rail. Do lado de lá do lado de lá do rail estava um terreno baldio, mas a uns bastantes metros de profundidade. Achei que me devia equilibrar onde estava.

Pensei, devia era telefonar para a seguradora, mas telefonei outra vez à minha mãe e incumbi-a de encontrar o número da Brisa, ligar para lá e pedir um carro daqueles com placas luminosas a indicar ‘acidente’ ou assim, que os tipos do acidente estavam já no fim dos acertos e com ar de quem me iam abandonar ali à fúria automobilística de quem tem pressa de chegar a casa.

E depois lá encontrei o cartão da seguradora que, claro, tinha o número errado. Mas está naquele papel verde do seguro (isto para quem não souber) e lá falei com uma senhora muito simpática que não ligou
nenhuma aos meus gritos sobre estou no meio da autoestrada ande lá com isso e foi perguntando nome, morada, marca e matrícula e mais umas quantas coisas.

(à suivre)

0 thoughts on “Sinais de fumo (the whole story – 1)

  1. re21

    Ainda há dias ia dando uma castanhada a um caramelo que seguia à minha frente e o motor do boguinhas dele gripou,foi por pouco.Além disso por acaso amanhã preciso de pôr o meu boguinhas a mudar o óleo,já vai com 1500km a mais da mudança regular.

  2. Mi

    :DDD arg! preciso de saber o resto!

    (quando viste a luz nova no tablier, aposto que disseste: olá óleo!)

  3. NOITE

    Essa do carro a deitar fumo só me aconteceu uma vz. Por sorte estava num silo automóvel. Enfiei o carro no primeiro buraco que me apareceu, liguei ao meu marido e disse “o carro está aqui. Vem cá buscá-lo!” 😉