100nada

Quando o tempo não conta

(há dias contei esta história a uma amiga com quem fui lanchar)

Uma das minhas maiores amigas vive em Macau. É minha afilhada de casamento, sou a madrinha desnaturada do segundo filho e nunca me hei-de esquecer da forma como me disse: ‘só tenho uma irmã, Catarina, e já é madrinha do mais velho’…

…vemo-nos uma vez por ano, se tanto. Uma das últimas vezes, combinámos que ela ia lá a casa, dessa vez um intervalo de dois anos.
Tocou à porta, eu abri e ela disse:

– Olha lá, deixei o carro em frente do portão do teu vizinho, achas que ele se vai aborrecer?

E eu respondi, se fosse a ti, ia lá tirá-lo.

Desatámos as duas a rir, ela foi tirar o carro, eu fiquei no portão a ver e só depois é que demos um abraço, ainda a rir (ai filha, estás na mesma!).

Lembrei-me disto agora porque, cada vez que tu regressas, é como se nunca te tivesses ido embora.







O dia de S. José (título e post descaradamente roubado ao Afixe)

“Há muita gente que passa na nossa vida e por qualquer razão muda-a com as coisas que diz ou faz. Algumas ficam cá estacionadas, outras são como dados adquiridos e é bom que assim seja com os nossos pais.
O meu pai diz sempre que não gosta da escolha do dia 19 de Março para o dia do pai, porque celebra o dia do pai mais famoso da nossa história cujo filho não era realmente seu. Eu digo que por outro lado há a parte da escolha, a noção de pai voluntário e não casual, que está implícita e que é bonita.
O meu pai está a milhares de quilómetros e não se lembrava que hoje era dia do pai. Ficou contente quando recebeu o meu telefonema.”

Susana, in Afixe

Também é o meu pai.
Vou telefonar…