100nada

A Páscoa, o pão com o molho dos cordeiros e o coche de D.João VI

Quando D. João VI fugiu para o Brasil, os franceses estavam em Loures. O rei só embarca sob a ameaça dos ingleses de bombardearem a armada. Na confusão da partida, no cais, fica um coche cheio até acima: dentro estão as obras mais importantes da Biblioteca Nacional, que os franceses encontram e levam tal como está, já embaladinho e tudo.

A data da Páscoa conta-se assim. Antes havia o dia de colocar cinza sobre as pessoas para que tomassem depois banho, da purificação. E no dia seguinte, comia-se o cordeiro, embora o que se comesse realmente era o pão molhado no molho, acrescentando gordura ao longo da semana. Para marcar o início da Primavera.

Às duas e meia da manhã de sexta para sábado, depois de uma chuva tão torrencial que todos espreitam lá para fora, a lua cheia aparece e fica tão claro como nunca tinha visto antes. As cadeiras fazem sobras nítidas, as árvores sem folhas deixam ver até muito longe.

Voltei.
Mas deixei lá a minha vida.

PS: tá bem, tá bem, caneco! Eu não escrevo tantos palavrões, pronto! Irra que quando a família lê o blog, um gajo depois tem de levar nas orelhas e não é pouco! Tá melhor assim?
(ficava agora aqui tão bem um foda-se a seguir ao assim…)





O Hospital das Celebridades

Hoje, para variar, resolvi ver as notícias na televisão. Mas atrasei-me, não apanhei nada e fui fazer um zapping, meio aborrecida. Estou a mudar os canais sem grande convicção e, eis senão quando, para meu grande espanto, me aparece uma criatura vagamente familiar a mugir uma vaca num cenário que também já tinha visto em qualquer lado.

Parei.

A criatura estava a mugir a vaca com imensas pulseiras e quando o homem ao lado disse ‘a menina que é de Cascais’ eu caiu-me a moedinha e percebi que a segunda quinta já tinha começado. Claro, o meu lado sopeira desatou logo a enfernizar-me o juízo e fiquei a ver um bocado, porque nem sabia muito bem quem participava (e continuo sem saber: ou é de mim que ando a ler pouca imprensa cor de rosa, ou aquilo são celebridades lá para os amigos deles; adiante.)

O programa é igual ao outro, com a diferença que o burro parece estar com uma doença de pele e a Júlia Pinheiro tem um penteado solidário com esse facto. Eu gostava dela na Má Língua, acho que é uma rapariga desempenada e tem filhos para criar, o desemprego é grande, pois com certeza, acho muito bem que apresente aquilo. Eu é que não tenho de ver e já ia a prosseguir com o zapping que ainda nem tinha chegado à Sic Mulher, quando a oiço referir que agora ia falar uma pessoa ao telefone.

A curiosidade foi maior e tirei o dedo do botão do comando. Ela disse qualquer coisa como ‘está lá?’ e do lado de lá aparece a voz do José Eduardo Moniz. Conversa de início e ele teria umas televisões ao lado e estava a ver a quinta? Que não, que estava a ver os pés, ou coisa parecida. Os pés? (pensei eu) e ele continuou a explicar que estava num bloco operatório e lhe estavam a meter parafusos e um placa nos ossos. Dos pés, acho eu. E estava ao telefone. Com a quinta. A conversa a partir daí passou ao surrealismo puro. E não tem dores? Que não, estava com uma epidural que até o deixava muito bem disposto. Ah isso é mais nas mulheres, respondeu a outra muito esperta…e ele estava a ver? Que não, só pelas televisões é que via o que lhe estavam a fazer porque tinha um pano à frente. E que estava a correr tudo muito bem e que os nossos médicos eram bestiais e que o estavam a tratar muito bem e que ele até conseguia assim desta forma mostrar bem o espírito de uma televisão diferente…

Uma televisão diferente?
Uma televisão onde o director geral telefona a meio da operação para lhe desejarem as melhoras na hora do pico de audiência? Mas e o que é que se quer com isto? Motivação dos colaboradores? Demonstrar as qualidades de anestesia das epidurais? Da telefonia móvel e da capacidade das redes dentro dos blocos operatórios? Distrair os médicos?

E a pergunta principal:

Porque é que nós, telespectadores, não tivemos o direito de ver também o que ele estava a ver nas televisões dele? Porque é que só ficamos com o som da voz e um cheirinho a éter e não podemos ver os parafusos a serem enfiados nos ossos dos pés do José Eduardo Moniz? Hein?

E digam-me por favor…isto é de mim???




Umas carrinhos de linhas outras mais bolos (bolinha beje)

Acho que estou a perder qualidades, minhas amigas! (post dedicado ao mulherio, a rapaziada que se retire discretamente). Pois então, eu extremosa mãe e excelente dona de casa, com sérias intenções de passar o resto dos meus dias a bordar, costurar e coser montes de botões com as minhas linhas novas (falta-me só comprar tecidos dessas cores), contentíssima com dez tons de cor de rosa e outros tantos de azuis e cinzentos, sou absolutamente cilindrada, amachucada, amassada e outras coisas acabadas em ada que agora não me lembro de quais mas deve haver mais, por uma amiga que me veio mostrar as compras.

Abriu o saco e eu, esperando dela talvez uma coisa mais ousada nas cores, uns carrinhos de linhas verdes, roxos, cor de laranja até, vejo sair do saco um

um

um

bom, aquilo chama-se corset, não sei se estão a ver, acompanhado do respectivo…hum…acompanhamento para mais abaixo, tudo muito vermelho, muito cheio de bb’s (bordados e buracos)

Minha amigas! Que coisa aflitiva! Que cor berrante! Que…

(desculpem lá, tenho de ir: parece que há uns parecidos mas em babydoll, com saias transparentes e que têm uma particularidade curiosa, que é serem esburacados não ao pé dos bordados um pouco por todo o lado mas em corte nas mamas e na rata. Penso que seja útil num dia de falta de tempo, por exemplo. Pois é, esta é a parte beje do post; o babydoll parece que é vermelho…)

PS: a minha amiga defende que alguns namorados gostam desses números. Eu disse-lhe que me parecia que eram todos. Alguém se acusa em oposição a esta minha opinião?)



Resumos e coisas assim

Ontem poderia ter escrito:

ia a subir a A5, escafedeu-se-me o carro, andei ali feita barata tonta até vir o reboque e a coisa lá se resolver.

ou mesmo:

avaria / reboque.

mas eu gosto de histórias. :)

Agora vou ver se arranjo outra, que a última vez que deixei o carro na oficina e usei o comboio, caiu uma catenária (muito gosto eu da palavra catenária) à linha e eu fiquei dentro de um comboio parado durante uma hora e meia, sem ninguém avisar nada, agarrada ao telefone, a desancar aos gritos o serviço de clientes da CP, com a carruagem toda muito silenciosa a ouvir.