100nada

Pedido de ajuda a pais com filhos pequenos que se imaginam grandes heróis do mundo animado

Alguém que me diga depressa a que horas e em que canal dá o ‘digimons 4’, que o meu filho hoje, à chegada à escola em conversa com os amigos, fez a mesma cara que a mãe faz quando lhe falam do ‘Desperate Housewives’ (mas os 36 anos que temos de diferença de idades permitem-me conseguir uma cara de poker que crianças pequenas não sabem ainda fazer).


Nem sempre

Nem sempre a persona que escreve corresponde à pessoa que escreve. Mas quando um blog é uma mistura de opiniões reais e outras imaginárias e imaginadas apenas com o intuito de abanar e provocar, admito que, não conhecendo o autor, se pense não só que se conhece, mas que tudo aquilo é aquela pessoa que está por detrás das letras.
Não é. Nem sempre é. Às vezes sim, outras vezes mata-se a rir com as reacções e interpretações. Outras ainda fica um bocado enfiada, culpada, envergonhada (estão a ver? Esta parte agora, escrita a espreitar por baixo da franja (*), meio verdade, meio fita, só para explicar o point da coisa) por parecer que escreveu uma coisa, quando escreveu outra.
Depende de quem lê. E depende do efeito bola de neve nos comentários. Se o primeiro comentador desatar a rir, os outros rir-se-ão, provavelmente; se o primeiro disser ‘mata’, logo aparecerá um coro de ‘esfola’.

Serve a presente para explicar que eu me fartei de rir (verdadeira e realmente) com o post do António. Que acenei a cabeça que sim, que sim, que aquela caricatura dos blogs femininos estava engraçadíssima; quem nunca pensou em várias das coisas que lá estavam no texto, sobre não só ovulating bloggers mas mulheres em geral, que atire a primeira pedra.

Tal como este texto (me) serve para (me) lembrar de ser, uma vez por outra, mais transparente e menos produto da minha própria imaginação, também o que aqui copio, já muito antigo, (me) serve para (me) lembrar que sou ovariana.

À excepção de todas as minhas amigas e algumas das raparigas que lêem este blog (e que não são minhas amigas, mas podiam muito bem ser) confesso, detesto gajas. Detesto o mulherio em geral, todas as criaturas do sexo feminino que proliferam por esse mundo fora. Detesto as conversas apatetadas sobre trapos, crianças e receitas light (à excepção das que tenho com as minhas amigas). Detesto as conversas deprimentes sobre o sentido da vida, a canseira do quotidiano, a rotina e as massagens anti-celulite (à excepção das que tenho com as minhas amigas). Detesto as gajas armadas em boas, apesar de todas as minhas amigas fazerem parar qualquer rua em hora de ponta. Detesto gajas armadas em engraçadas, apesar de me rir de uma ponta à outra nos almoços com as minhas amigas. Detesto gajas armadas em intelectuais, embora todas as minhas amigas sejam profissionais competentes, raparigas cultas e divertidas e simpáticas e giras. Detesto gajas, em resumo. Só gosto delas, das minhas amigas, mulheres completamente diferentes de todas as outras que por aí se arrastam. E delas gosto muito, gosto sempre, mesmo se acaso, uma vez por outra, fizerem lembrar vagamente, muito muito vagamente, as outras todas que detesto.

(*) não uso franja


Monologando

(como quem diz, falando com os botões):
Por vezes
(abanando a cabeça)
eu
(fazendo tsss tsss)
não sei muito bem
(Vá, não faças isso!)
se
(Não sejas parva)
não deveria…
(Não, não deverias)
Não?
(Não.)
Então tá bem.
(Esquece lá isso!)
Para consciência, hoje estás muito simpática!
(Não sou a consciência, ela não está de momento. Sou o ‘sim-a-tudo-o-que-dizes’)
Mas então não me serves de nada!
(Isso foi o que disse a consciência, antes de sair. Que também não estava aqui a fazer nada…)



Ouvido ao lado (como gastar o euromilhões)

‘Se eu ganhasse o euromilhões, trocava alguns milhares em notas de cinco euros, enchia uns sacos e ia de moto pela Av. da Liberdade ou da República, em hora de ponta, a atirar com as notas ao ar. Armava-se uma confusão e ia dar-me imenso gozo ver todos aqueles gananciosos a espatifarem os carros uns contra os outros só para conseguirem apanhar uma notita.’


Mob Psychology

Imagine-se um desinfeliz sem graça.
Imagine-se outro desinfeliz, este com graça.
A diferença entre os dois é esta:
– o primeiro desinfeliz anda na vida com as suas desinfelicidadezinhas;
– o segundo desinfeliz anda na vida com as suas desinfelicidadezinhas que se tornam felicidadezinhas quando apanha um desinfeliz com o primeiro pela frente.

O segundo desinfeliz desfaz o primeiro desinfeliz.
O primeiro dezinfeliz nem sabe de que terra é.
O segundo desimfeliz fica feliz por ter desfeito o primeiro desinfeliz.
O resto da marabunta, como o segundo desinfeliz tem graça e o primeiro não tinha, aplaude, também muito feliz. Ninguém percebe o que se passa, mas se há molho, toca a ir lá também enfiar um biqueiro na cabeça do tipo que está já está estraçalhado no chão.
(ah o anonimato ajuda muito também: toda a gente sabe que a marabunta não tem rosto, só presenças misturadas.)



Ah!

Tá tudo esclarecido! A culpa toda é deste rapaz que situa o mulherio entre o espaço que medeia o ovário e a…bom…a…(eu ia escrever cona, mas ficava pouco elegante). Entre a maternidade e a foda, portanto.
Há ainda muitos rapazes assim; normalmente vivem com as mães.


Pois…

E para mim também deve ser.

E se não se sofrer de crises hormonais agudas susceptíveis de desencadear incontinência lexical aguda ou glossomania, púdicas ou púticas, associadas a exibicionismo soft-porno-lírico-humidómaneirista, poderá aspirar-se a escrever num blog e ser-se, em vez de fascinantemente gaja, simplesmente mulher? Volta Kuhn, estás perdoado!’
in azul cobalto

Nãos sabia era que as simplesmente mulheres não tinham crises hormonais! Que sorte! (pensava que era ao contrário…)
Mas ao menos, eu tenho a certeza que, felizmente, me sobra tempo para escrever no blog.
Senão nem sequer mantinha um.

(nota: acho que a m. queria dizer que também está a sofrer disso)