100nada

Dêem-me com uma marreta nos cornos (*)

A qualidade de um verniz das unhas mede-se pela quantidade que fica nos dedos quando se tem as mãos a tremer enquanto as pintamos. Não é nenhuma metáfora, estou incapaz disso, cansaço extremo. É um facto, pintei as unhas ontem e temi (e tremi) o pior o tempo inteiro, mas aquele pincel era realmente um espectáculo.
Uma pessoa quando está muito cansada pode pintar as unhas mas é melhor ficar quieta porque pode correr mal. E calada, também, porque também pode correr mal. Mas depois não se aguenta e vai directa de cabeça ao cepo, olha falhaste ali aquele pedaço que faltou cortar, esse aí mesmo, ao pé da orelha, isso, mais uma machadada valente! Depois tem insónias e queixa-se, hoje não dormi nada, estou toda a tremer, tenho aqui um bocado de alma toda esmigalhadinha (não é esse que me dói, não é esse músculo que bombeia o sangue, toda a gente sabe que a alma e o coração estão nas sinapses e essas estão assim um bocado combalidas e é de estarem ligadas tantas horas) e o mal é, basicamente, sono. Mas não aprende, só no curto prazo e e. Sempre um certo optimismo, isto corre bem mesmo sabendo que de certeza vai sobrar para os dedos, um certo que se foda não há-de ser o fim do mundo, alguma muito cretina bravata, pá não vou ficar quieta, não é? E zero cérebro, do outro, o que supostamente devia estar a contar um, dois, sete mil quatrocentos e noventa e três, sete mil quatrocentos e noventa e quatro, porque todo auto (e não só) picaretado.

(*) assim como assim, não faz mais mossa

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