100nada

Dia da terra (post de ontem)

Comemorado, entre outras coisas, na saudável actividade de andar a pé pela Almirante Reis, em cima de uns saltos altos e sempre a resmungar “vocês são mazé malucas, esta porra são quilómetros, estou com os pés desfeitos e quem é que me leva um destes sacos, caneco?!”. E depois, com isto tudo e mais os sacos em casa, esqueci-me de por lá fora o lixo para reciclar, ora bolas!


100nada 0 – leitores 1

Pronto ganhasteis! Sois umas melgas do piorio, é o que é! Umas melgas! Assim não há condição para bloggar sem comentos! É que não há respeito nenhum! (e daqui a nada, vão-se-me também os pontos de exclamação).

Eu tiro os comentos porque não tenho tempo de lhes responder. O que é que os leitores fazem? Ficam segaditos?! Não! Para além de comentarem no último post que tem os comentários abertos, ainda
mandam sms’s
mandam emailos
fazem links
telefonam
perguntam à mesa

enfim, conseguem enfernizar-me a vida por completo, porque agora, em vez de ter que responder só aos comentos, tenho que andar a responder àquilo tudo?! Estão a brincar comigo?! Ficam os comentos abertos e não quero saber!

São uns queridos e eu sou uma mole, é o que é…


Conversas de folhas

Tenho andado de nariz no ar (quando vou fumar lá fora) e vou inspeccionando as árvores e a Primavera. Entre cigarros, verifico que esta é a estação mais violenta do ano, aquela em que a sobrevivência das espécies (neste caso a parte flora da coisa) é mais brutal e descarada. As folhas, as flores, tudo aquilo não tem qualquer vergonha na concorrência do crescimento. Não têm muito tempo, é compreensível, uns meses de vida, pouco mais. Renascem todos os anos, é certo, mas não são as mesmas folhas e flores, são outras no ano seguinte. Para um folha isto deve ser grave.

Não sei porque é que o Inverno é que é complicado (dizem). Chato às vezes, um bocado frio demais, triste com a morte das folhas talvez; mas para elas é simples. Uma folha em fim de vida, desiste, um bocado cansada de levar com tanto sol em cima e pouca rega (isto para as que não morreram queimadas, claro), um bocado amarelenta já, a sentir o caule a pesar, diz às amigas, olha foi giro esta estação não foi? vimos montes de coisas e aqueles estúpidos daqueles pardais que não se calavam um segundo? Que inferno, felizmente foram-se embora depois e aqueles bicharocos que me queriam roer as pontas? Grande lata, vá lá que nesse dia se levantou uma ventania, mas agora estou farta disto e, tá bem até há mais água, sim, lá nisso tens razão, mas não sei porquê não chega, o melhor é deixar-me cair, estou a ver a folha do ramo número quatro lá em baixo, já lá está há três dias e diz que ali no chão é que se está bem, então até à próxima.
Despede-se e despega-se, não dá trabalho nenhum e depois começa o Inverno. Tá feito.

Mas uma folha na Primavera? Uma trabalheira, um esforço descomunal. É preciso nascer e crescer e esticar-se e ficar cada vez mais verde, é preciso abanar com o vento e produzir o ruído exactamente certo, que não seja demasiado alto ou baixo e nem se note conscientemente, é preciso ser mais comprida que a vizinha, é preciso ser mais bonita, mais fresca e airosa e, acima de tudo, é preciso que toda a gente ache que aquilo é absolutamente natural e a gente a ouvir com muita atenção a conversa e não é nada disso, pensam que não percebemos aquele folhear de refilice e que chatice agora viste a folha do ramo número sete, a parva? Armada em verde, aquela é fresca é, aposto que cai ainda em Setembro, ai folha filha aí do ramo número cinco estás a ouvir? diz às tuas amigas abanem-se que estamos em riscos de ninho aqui, oh (faz de conta que é consciência colectiva) não sabes? são um inferno esses acho que se chamam pardais, não se calam o dia inteiro, uff, foram para os ramos pares, daqueles já nos livrámos e a fotossíntese, hoje nunca mais chega? Isto realmente já nem o sol é o que era e não sei o que é que aquela humana ali em baixo com fumo a sair pela boca tá a olhar. Nunca viste uma folha, ó?



Sem qualquer desprimor para os meus caríssimos leitores

Não ando com grande paciência e também nem sequer tenho grande acesso ao tasco, culpa de certas firewalls que não gostam dele. Para um blog que sempre foi feito em tempo real, dá imenso jeito não o poder ver durante umas 20 horas por dia ou menos (ver, ler, escrever, etc), sendo as outras quatro normalmente ocupadas com outras coisas. E, como estou com um mau feitio de merda, sem qualquer desprimor para os meus caríssimos leitores, agradeço o feedback, mas estou-me bem cagando não tendo a mais pequena hipótese de responder, prefiro tirá-lo.
A verdade é que o que eu preciso deste blog é da ilusão de falar para mim mesma. Nada mais.


E agora siga com o blog para a frente

Toda a gente sabe que eu adooooooooooro o Ikea. Tem uns chocolates cinco estrelas. E mais montanhas de coisas que realmente não sei bem se preciso mas provavelmente sim, senão não comprava, não é?! (ouvi a palavra consumismo? Ná, impressão minha, tudo coisas úteis!)

Da última vez (culpa de amiga que não gosta lá muito de ski, mas passou uma semana a levar com neve em cima) lá vim eu carregada com mais umas quantas (poucas! poucas!) coisas, entre elas um banco. Um banco! Não pode ser mais simples de montar: tem um tampo e quatro pés; martelam-se os pés.

Tirando que, como aquela bodega é de plástico, martelo um pé e encaixa. Martelo o segundo pé, encaixa e com as marteladas, desencaixa o primeiro pé. Martelo outra vez o primeiro pé, desencaixa o segundo pé.

Estamos nisto (eu e o banco) desde segunda feira. Continua a ser um banco de um só pé.


Os dias felizes

Os dias felizes são estes.
Em que se acorda para um dia de primavera e se pergunta, minutos depois “e quem é a mãe mais linda do mundo que faz hoje anos?” e se recebe em troca um “ahhhh” e um abraço muito apertado.
Em que se recebe o telefonema do lado de lá longe a mandar parabéns e beijos, passado um nadinha.
Em que se leva beijos e abraços das amigas (e pulseiras também, que agora se usam e vais ter que usar também!).
Em que o rapaz das flores a rir diz, ainda tem ali mais coisas e uma pessoa vermelha e sorridente a enfiar o nariz nas gerberas, enquanto as amigas (a das pulseiras) já tá de telemóvel aviado para tirar fotografias “vá manda-lhe!” e metade do gajedo vem ver :DDD
Em que se almoça com as gajas todas e ainda conseguimos a melhor mesa sem ter marcado nada.
(e sempre de cabelo vermelho escuro a atender telefonemas e a responder a sms)
Em que se está e/ou se fala com toda a gente de quem gostamos, desde a avó até ao sobrinho mais novo, que consegue portar-se tão mal como os outros enquanto jantamos todos.
Em que se fica tão cansada e tão feliz (faltas-me tu cá).


Adoro capicuas ou assins

Quando um gajo está prestes a fazer 44 anos, sente-se um velho e diz aos amigos que está a ficar entradote, pesadote e as cruzes já chateiam, isto sem falar nos cabelos brancos.

Mas quando uma gaja está prestes a fazer 44 anos, pinta o cabelo de vermelho muito muito escuro, as amigas dizem-lhe que está giríssima e, na verdade (cof cof) está mesmo. 😀 E já não tem tempo nem paciência para balanços, textos compridos sobre a idade e mais coisas dessas que se escrevem uns anos antes.

Beijos e abraços depois da meia noite é nesta janela de comentários aqui deste post.


Teoria do Caos

Apenas o silêncio, mas teria havido um ruído anterior, tinha a certeza. Às vezes acordava por nada, ou talvez por sons de tal forma esbatidos nessa memória difusa de sonhos que nem se lembrava; mas desta vez, tinha a certeza, teria havido um som anterior, embora não o conseguisse localizar. Não era nada familiar, não era perto, isso sabia. Alguma coisa longínqua, diferente, porque também este era um acordar diferente.

Ficou imóvel, na escuridão. Depois, foi investigar a rede das borboletas. Tinham andado inquietas, em voos picados e rasantes, umas vezes sincronizadas, outras quase em estado de choque mas sempre, sempre, sem se tocarem, borboletas com sonares potentes, nadadoras exímias, especialistas em levantar voo nas alturas mais complicadas. Borboletas familiares e acompanhantes de todos os estados de maior ou menor nervosismo, em aviso ou antecipação (quem as tem conhece-as bem, sempre inconvenientes mas já tão habituais que nem se dá por elas).

As borboletas estavam imóveis. Tão imóveis que se julgaria estarem adormecidas, dormentes quase. Mas, conhecendo-as bem, soube que estavam igualmente acordadas. Não estavam a disfarçar nem a assobiar para o ar (às vezes faziam isso também). Estavam completamente imersas em alguma coisa, toda a atenção virada para algum lado, longínquo, tão longe

que quase não se tinha ouvido.

Então, finalmente, percebeu. Aquele ruído leve, quase imperceptível, era o bater de asas de uma borboleta em Pequim.


Os telemóveis dos gajos e os telemóveis das gajas

Herdei um telemóvel, depois de desistir de continuar à espera que a TMN me mandasse aquele que tinha sido devolvido. Toda contente, que este está quase novo e é muito mais giro que qualquer um dos outros.
Lá me chegou o telemóvel, impecável, bateria carregada, acessórios todos direitinhos, memórias vazias, tudo excelente. E, nos sms’s, já acrescentada uma quantidade enorme de palavras que não vêm no T9 (ou lá como se chama isso) de origem.

Até agora não tenho tido qualquer problema em escrever todo o tipo de abreviaturas e de outras palavras que, confesso, também me fazem falta a mim e no T9, aquelas que, em blogs sérios (não é o caso deste, mas a família tem andado toda aqui dependurada) se soletram P***, c******, f***-**, etc, etc.

Mas, há uns dias, tive que acrescentar uma, ao terminar um sms para uma amiga: a palavra “beijinhos”.