100nada

O frio a subir

Esta’ agora ali nos zero graus, com um tudo nada de vento, para ser cortante. Um frio destes sem uma aragem nao e’ frio que se preze, fica a pairar e uma pessoa, fechada num casaco quente, consegue aguentar a coisa mais ou menos. Nada disso. Frio que e’ frio tem que entrar por qualquer lado, com uma ameac,a de congelar pestanas, se la se ficar tempo suficiente. O caminho do Norte tem estas coisas giras a pedir “dentro de casa” durante a noite. Ao sol, durante a parte da tarde em que o sol se comporta como sol (em vez de fazer o seu melhor papel de neon la’no alto), uma calorac,a tremenda.
E’ este o estado do tempo aqui na provincia, onde os fac,anhudos de inverno conseguem ser ainda mais trogloditas (excelentes pessoas, com toda a certeza, mas com aspecto facinora, dentro dos casacos, gorros e cachecois). O frio a subir a caminho do gelo nos vidros do carro no fim do ano. Estamos quase. Ainda estou a pensar nisso, que nao me lembro. Se calhar vou antes passar o ano la’ para Fevereiro ou Marc,o, e’ capaz de dar tempo: este que passou foi tao rapido que me parece que ainda faltam uns meses para acabar. E’ isso: passo o ano depois, um dia que de mais jeito. Agora passo so’ o tempo (parecer-me-a’ ter sido a correr depois, neste momento escorre devagar, mas isso e’ a relatividade, essa mac,ada). Mas sempre sabendo que, quer queira quer nao (e no fundo nem sabia que nao queria e nem sequer e’ o caso,calhou o texto ir para esse lado, nada mais) o tempo passa ‘a mesma exacta velocidade e o fim do ano e’ na terc,a feira que vem. Na segunda, digo. Bom, algures na proxima semana.

(xatar filha, quando voltares ao trabalho e quiseres fumar, da’s logo conta que esta’s em 2008…)



O Capitao Cuecas

Nao, nao inventei isto: o Capitao Cuecas existe mesmo e tem mais um fa nesta casa, gracas ‘a minha amiga Ana, que emprestou o primeiro e ‘a mana, que ofereceu, via Pai Natal, alguns dos seguintes.

Num dos livros cujo titulo e’ completamente apelativo (“O ataque das sanitas falantes”), ha um concurso para ser Director da escola por um dia. Os miudos que ganharem podem mandar o que quiserem nesse dia.

R, sete anos:

– Se eu ganhasse esse concurso, a primeira coisa que decidia era que amanha tambem era o Director da escola por um dia.

(agora digam-me se uma mae baba com a esperteza do garoto ou se pensa “ai caneco, tou tramada com este puto!”


Haveria mais para escrever

e se a tecla do lado esquerdo do rato funcionasse, tambem seria mais simples. Mas o que se passa na realidade e’ que esta (la fora, claro) um frio que faxavor. Isto o Norte (ou o que fica a caminho do Norte) tem umas temperaturas que passam um bocado dos limites: previsao para esta noite ali nos zeros, ja deve andar la perto. A escrita nao se compadece com temperaturas baixas e pilhas de livros altas. De qualquer modo, da minha, pouco resta, quaisquer que sejam as temperaturas. Se eu tivesse juizo ou algum discernimento, olharia para dentro a ver se ainda existe seja o que for, de vontade ou inspiracao. Mas ha sempre qualquer coisa que serve como desculpa: a falta de tempo ou de acentos, a canseira dos dias mais rotineiros, as outras coisas que preenchem os dias mais sossegados. Isto e’ mais um proforma que outra coisa, soprar nas brasas quase cinzas. Eu nem sequer acredito que escrevi tanta coisada, alguma dela que nem sequer envergonha ninguem (a mim nada envergonha, que eu sou muito ego e estou-me nas tintas e isto nunca passou de uma sebenta de folhas um pouco asperas). O que tem piada e’ que constato isto sem qualquer problema, cada vez mais acho que uma pessoa – eu, digo – caminha para o silencio e para a escrita interior.

De certa forma, e’ um alivio.


Entretanto

a ver se amanha alivio a parcela de pior feitio aqui junto do municipio do burgo, se acaso os bilhetes do carrossel continuarem naquele esquema completamente idiota de “nao, nao se podem comprar, tem que pedir aos comerciantes da zona”, o que significa que grande parte do tempo o carrosssel anda ‘as voltas vazio, enquanto os putos, tristissimos, ficam a olhar e as maes procuram alguem a quem apertar os tom…o gasganete.


Dias seguintes

Depois de um dia de Natal de chuva cerrada (eu ia escrever “torrencial” mas a rima facil era aqui uma menos-valia), um glorioso dia de sol de inverno, daqueles mesmo a serio, com tudo a que se tem direito: relvado muito verde (e encharcado), arvores sem folhas, sol baixo e calor de ir tirando casacos. A ler Alan Moore, a ouvir os miudos a brincar ao lado e a pensar que, apesar de tudo, e’ melhor que o ano passado. Muito melhor mesmo. Nao o Natal em si, mas o que fica (ou o que nao fica, mais precisamente), o sentido mais restrito do sentido mais amplo, esse mesmo que “so’ e’ chato para os trocos“. Enfim. Mesmo sendo muito melhor que o ano passado, nao e’ facil. Nada facil mesmo.
E escusam de me consolar, que nao me apetece nadinha que me comentem este desabafo.


Feliz Natal a todos!

Tenho pena de não conseguir mandar cartões, emails, sms’s, de não conseguir telefonar e mandar beijos e tenho pena de não poder dar alguns abraços a pessoas de quem gosto muito. Mas o tempo não chega e o Natal é para quem está mesmo próximo e eu escolho esse tempo para o meu filho e o meu gajo e a minha família.
Para os meus amigos, que este seja um tempo muito feliz.



Do they know?

Eu sei, é antiga e gasta e velha. É comercial disfarçada de causa, utopia, o que se quiser. Mas eu arrepio-me sempre, comovo-me sempre e gostaria de acreditar que aquela gente também a cantou com alma e coração.

Feliz Natal a todos. :)


Eu sou – agora literalmente – mais bolos

Mais bolos, mais tartes, mais assados, grelhados e outras aventuras culinárias que necessitem de forno. Aqui neste acampamento a que chamamos “lar”, temos fogão. E, claro, não é um fogão qualquer; é um fogão com forno. Sim, dir-me-ão, mas todos ou grande parte dos fogões têm forno e não deixa de ser verdade. No entanto, por aqui, existia há muitos anos um fogão sem forno. Ou melhor, um fogão com forno 100nada, que é o estado mais normal de todos os meus electrodomésticos (tirando a bimby): não funcionam. Estragaram-se no século passado e ficaram ali. 100nada, ou com um bocado de pó, vá.

Mas este fogão tem forno. Acabaram-se as dietas e eu sou agora mais bolos: tem sido um por dia. Olé!