100nada

25 de Abril

E cá estamos, no 25 de Abril. Para mim continua a ser o Dia da Liberdade. Continuo a manter intacta a memória desse dia, da minha pergunta “agora já se pode falar? mas antes não se podia? eu digo sempre o que me apetece…” do alto dos meus 10 anos. Se calhar, por ter sempre dito o que me apetece, quanto mais não seja. Por toda a gente poder dizer o que apetece. É mais ou menos isso, a Palavra. As Palavras todas. Todas. E depois, tudo o resto que vem com a possibilidade de poder usar Todas as Palavras, Todas as Frases, Todas as Ideias, Todas os Conceitos, Todas as Convicções. Acima de tudo, essa é uma dádiva maravilhosa.


24 de Abril

Foi Dia da Terra, foi Dia do Livro, amigas fizeram anos e eu dei os parabéns atrasados (quando dei), acabou-se o ice tea (e os ovos, o azeite, a abóbora para a sopa, o esparguete e mais umas centenas de coisas), não arranjei as unhas, a casa mantém-se de pantanas, mas

não me esqueço que não tarda nada é 25 de Abril.

(embora, a bem dizer, tenha sido o miúdo a lembrar-me, porque se falou nisso na escola)


sem grande tempo

Ando sem grande tempo e isto, claro, fica abandonado, é o que há. :)

no entanto, adianto que, dada a quantidade de perguntas offline e não vá haver mais alguém por aí a pensar a mesma coisa, o post abaixo não era sobre mim. Por cá, todos bem, obrigada. 😀


De vidros partidos debaixo dos pés

Em conversa séria com amiga chegada, há uns tempos, apresentei-lhe a teoria do poder de magoar. Ela gostou, claro (da teoria em si); é uma teoria sólida que se comprova todas as vezes. Um gajo é que nem sempre pensa na coisa nesses termos.

É uma teoria (e uma prática) muito simples. Nós, quando nos entregamos a alguém, oferecemos um flanco, ou dez ou vinte, ou até todos. Em entrega, oferece-se o poder de magoar. Assim, naquela, como quem diz “aqui estou eu completamente descalça para ti, mas agora vê lá se não partes nada e me atiras os cacos para debaixo dos pés, que isso não está no contrato”. Mas claro que está, como é evidente. Um gajo espera é que não aconteça. E, claro, acontece sempre. Nem tem que ser propositado do lado do outro, mas acontece sempre, por qualquer razão, muitas vezes estúpida, apenas por desconhecimento puro de como a outra alminha funciona. E a alminha que se descalçou está, ela mesma, um vidrinho prestes a estalar e nem sempre se percebe exactamente que cacos são aqueles que se pisam num dado momento.

Entendida a teoria e sabendo que acontece sempre, há alguns mecanismos de defesa, por assim dizer, o principal dos quais sendo o saber que é assim e não se valorizar demais as pequenas mágoas azaradas de palavra errada em tempo menos certo ou coisas assim. Mas é sinal absolutamente seguro de que se sente alguma coisa quando aparece, pela primeira vez, aquele gelo à volta de qualquer coisa que nem sabemos muito bem o que é, aquele frio que vem de qualquer lado e nos deixa assim, meio atarantados e baralhados (e vagamente magoados, mas isso nem sequer se percebe bem).

Nada disto é grave enquanto não se usa propositadamente esse poder que nos foi oferecido. E, quando digo propositadamente, não quero dizer que uma pessoa o use mesmo com o intuito puro de causar estragos na outra. Isso é todo um outro tema. Não. Este propósito a que me refiro é aquele que pavimenta a estrada das boas intenções ou a distracção consciente, aquela que age assim como “ah não faz mal, que isto é tudo a brincar e tal” ou “não, não tem problema que não estamos minimamente nessa onda”, enquanto se enche o ego ou o bocado de vazio que se tem dentro com a ilusão de qualquer coisa para a qual não se tem tomates para transformar em realidade. Essa merda é que tá mal. É admissível até aos 14 anos, vá , porque a partir daí uma pessoa tem a obrigação de ter algum respeito pelos sentimentos dos outros, sejam eles quais forem (sim, é também disto que aqui se trata). E, depois de sermos todos crescidinhos e mais ou menos civilizados e decentes, normalmente a rapaziada – ou melhor dizendo, o mulherio, mais precisamente – costuma meter a coisa em pratos mais ou menos limpos, se a coisa é para ser em onda levezinha ou se é coisa que mete um bocado mais de alma e de vidros perigosos e o outro lado tem que perceber que não é nada nada nada bonito agarrar a entrega e o poder de magoar e, a seguir, torcer a coisa. Não é bonito e mais grave ainda, não é – de todo – coisa de homem. Muito menos de bem. Ou de mulher de bem, para satisfazer os leitores que já levaram com dessas em cima. É, pura e simplesmente, uma cobardia nojenta. E não tem desculpa.


Primeiros Socorros

Num refresh de curso de 1ºs socorros (o cartão caducado desde Novembro de 2008) descubro que o rácio de SBV é agora de trinta bombadas no coração para duas ventilações. E que, sem máscara ou outra protecção, é siga, seguido a pressionar “e um e dois e três e quatro”. Essa coisa da respiração boca-a-boca já era dos filmes há anos e continua a ser dos filmes, como é evidente.

Que isto me tem servido para os acidentezinhos do dia-a-dia, sem qualquer dúvida, saber o que fazer quando há uma queimadura, um corte, uma nódoa negra. Que toda a gente devia aprender, que deviam ensinar isto nas escolas, também sem dúvidas e cada vez mais. Parece-me que, neste mundo meio cão, estas coisas são cada vez mais importantes, não só para se saberem e não asneirar ou entrar em pânico mesmo nas situações menos graves, mas para, de alguma forma, percebermos que um dia qualquer há um azar ali à nossa frente e não se fica só a olhar e a ser barata tonta, faz-se de facto alguma coisa. Uma certa solidariedade social, até, com a responsabilização que esta aprendizagem nos dá.

Aparentemente foi chumbada a proposta de ensinar isto nas escolas. Uma cambada de mentecaptos portanto, espero que nunca se apanhem estendidos na via pública, à mercê de uma data de mirones que gastem aqueles primeiros precisos minutos só a telefonar para o 112, sem saberem o que mais fazer. Sinceramente há coisas neste país que me ultrapassam por completo. Toda a gente discute se se ensina educação sexual nas escolas, mas não tenho lido grande coisa pelos 1ºs socorrros. Ora foder toda a gente lá chega, melhor ou pior, mas saber reanimar uma pessoa inconsciente que não respira, se calhar era mais importante, não?!


Agridoce

A bimby debita sopa de cenoura e puré de batata. Eu passo-me um bocadito com as prioridades da roupa e tomo nota mental para estabelecer depois a ordem certa junto de quem organizou dessa forma. Deito carradas de uvas fora, que não estão nada boas, embora parecessem. Tenho uma sala de pantanas (uma casa de pantanas) e uma mesa de pantanas mas com um enorme ramo de rosas que me foi oferecido no “almoço de festa de anos com a família toda” pelo meu filho. Tenho vários blogs para actualizar e muita coisa para escrever. Um dia qualquer escrevo, não hoje. Não agora. Tenho um vazio em solidariedade e a memória de um leitor ocasional a dizer-me ao telefone “então, e mais posts daqueles sobre a crise?” e será sempre assim que me lembrarei dele, com uma voz a rir.

O miúdo joga Travian e discute para o lado se ataca ou se faz alianças. Eu pairo entre a cozinha e a vida, com a sensação que tenho os pés uns milímetros acima do chão. Não é que esteja tudo perfeito, há coisas tristes e dolorosas nas vidas das pessoas de quem eu gosto muito, não está nada tudo perfeito. Nunca está. Mas eu também não escolhi a altura para pairar uns milímetros acima do chão, aconteceu, calhou ser agora. Deixo-me estar. Talvez mais quieta e calada, talvez um bocadinho desviada, é preciso que passe tempo para a volatilidade assentar.


Papagaios de Páscoa


(imagem daqui)

O coelho só se lembrou de esconder os ovos (por acaso eram mais moedas de chocolate) já era tarde no domingo. Mas tivemos papagaios. Pouco vento, muito “dá-lhe agora”, miúdos e menos miúdos, todos entusiasmados.
De repente, parece importante haver vento.



Boycott Oilily

A Oilily é “é uma das marcas holandesas mais emblemáticas e conhecidas no estrangeiro. Tem oitenta lojas exclusivas um pouco por todo o mundo e pontos de venda inclusivamente em algumas cidades portuguesas. A marca foi fundada nos anos sessenta e criou uma imagem muito própria associada ao uso da cor, à originalidade e à qualidade da confecção. Nos últimos anos, as coisas mudaram drasticamente: a empresa passou a ser controlada por um grande grupo económico e os melhores designers, desmotivados, abandonaram a marca.

E também está a ter dificuldades financeiras. Ou alega ter, na resposta que deram à Rosa Pomar, depois de descaradamente lhe terem roubado o design dos seus bonecos e o estarem a comercializar, quando a Rosa se queixou do roubo da ideia, conceito e design. Tem dificuldades financeiras e, portanto, agora não pode responder mais nada e logo irá investigar.

E os bonecos da Rosa Pomar continuam a ser alegremente utilizados por estes cabrões e a serem comercializados. Só tenho a dizer uma coisa, realmente a filha da putice, a desonestidade, este roubo descarado, é absolutamente inacreditável.

A história toda aqui, no blog da Rosa Pomar. Por favor, leiam, divulguem, a ver se esta gente começa a ter alguma vergonha na cara.