100nada

Primeiros Socorros

Num refresh de curso de 1ºs socorros (o cartão caducado desde Novembro de 2008) descubro que o rácio de SBV é agora de trinta bombadas no coração para duas ventilações. E que, sem máscara ou outra protecção, é siga, seguido a pressionar “e um e dois e três e quatro”. Essa coisa da respiração boca-a-boca já era dos filmes há anos e continua a ser dos filmes, como é evidente.

Que isto me tem servido para os acidentezinhos do dia-a-dia, sem qualquer dúvida, saber o que fazer quando há uma queimadura, um corte, uma nódoa negra. Que toda a gente devia aprender, que deviam ensinar isto nas escolas, também sem dúvidas e cada vez mais. Parece-me que, neste mundo meio cão, estas coisas são cada vez mais importantes, não só para se saberem e não asneirar ou entrar em pânico mesmo nas situações menos graves, mas para, de alguma forma, percebermos que um dia qualquer há um azar ali à nossa frente e não se fica só a olhar e a ser barata tonta, faz-se de facto alguma coisa. Uma certa solidariedade social, até, com a responsabilização que esta aprendizagem nos dá.

Aparentemente foi chumbada a proposta de ensinar isto nas escolas. Uma cambada de mentecaptos portanto, espero que nunca se apanhem estendidos na via pública, à mercê de uma data de mirones que gastem aqueles primeiros precisos minutos só a telefonar para o 112, sem saberem o que mais fazer. Sinceramente há coisas neste país que me ultrapassam por completo. Toda a gente discute se se ensina educação sexual nas escolas, mas não tenho lido grande coisa pelos 1ºs socorrros. Ora foder toda a gente lá chega, melhor ou pior, mas saber reanimar uma pessoa inconsciente que não respira, se calhar era mais importante, não?!

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14 thoughts on “Primeiros Socorros

  1. Pingback: Catarina Campos

  2. Uma Senhora de Idade Que Passou Por Aqui

    Minha boa amiga, permita-me que concorde consigo em género, número, grau e toda a gramática em geral! Não só se devia ensinar as pessoas a “primeiro-socorrer”, mas também a “desmironar” que é como quem diz, se não és capaz de ajudar, desaparece de campo pra não atrapalhares quem sabe e pode fazer alguma coisa.
    (Mas o que se há-de fazer? Somos um povo de “treinadores de bancada”, de “produtores de opinião” – em vez de produzirmos coisa que se veja…)

  3. Pingback: As informações sobre os Primeiros Socorros » Blog Archive Primeiros Socorros at 100nada

  4. Jorge

    A última frase diz tudo.
    Para mim a maior surpresa quando fiz o curso foi a de que a RCP não dá autonomia à vítima: temos que continuar a bombar até chegar alguém com o disfibrilador, esse sim capaz de pôr o coração a trabalhar.

  5. Pingback: Vasco Campilho

  6. clara

    Eu tive no liceu (socorrismo), foi há um milhão de anos mas apesar de ter treinado no boneco, acho que nunca teria capacidade de fazer CPR a ninguém, o máximo que sou capaz é de explicar a PLS quando vejo pessoas a ter ataques de epilepsia. De resto também não me lembro de mais nada…(a educação sexual não é para ensinar o fornicar, é?)

  7. Cool Mum

    Eu estou como a Clara, mas foi no curso de mergulho. E juraria que na altura nos diziam para pôr a boca sobre a boca e tapar o nariz, mas talvez seja wishful thinking…

  8. PreDatado

    Eu acho que o ensino das duas coisas ao mesmo tempo não dá. Iria dar uma grande confusão quando distribuissem as luvas de latex aos putos os gajos olhavam para aquilo e diziam: “professora o que é isto? eu não tenho 5 pilas”.

  9. sabine

    Catarina:

    Provavelmente não se lembrará de mim, só lhe deixo um beijo. Deixei um tempo (quer dizer,uns anos) de a ler mas agora voltei.

  10. Vítor I

    Um dia de semana em 2004 ou 2005, 19 horas, entrada do Metro do Campo Grande junto aos “ferros” para prender as bicicletas, movimentação enorme de pessoas, um homem estendido no passeio completamente inanimado, mais gente a passar apressada, vou-me aproximando e interrogo-me “o que se passará ali?”; mais gente apressada, cheguei a pensar tratar-se de um boneco, chego junto ao homem debruço-me e falo com ele: nenhuma resposta, tomo-lhe o pulso: normal, mais gente a passar apressada, ligo o 112, o médico vai dando instruções várias, mais gente apressada, finalmente alguém pára: por sorte uma enfermeira.

    Os apressados transformam-se em mirones quando se apercebem que existe uma pessoa capaz de lidar com a situação.

  11. Fi

    Estou aqui para confirmar que os teus cursos de primeiros socorros já serviram para o dia-a-dia, quando me “arrefeceste” as pernas da água a ferver que lhes caiu em cima. E com uma calma fantástica!

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