100nada

Agridoce

A bimby debita sopa de cenoura e puré de batata. Eu passo-me um bocadito com as prioridades da roupa e tomo nota mental para estabelecer depois a ordem certa junto de quem organizou dessa forma. Deito carradas de uvas fora, que não estão nada boas, embora parecessem. Tenho uma sala de pantanas (uma casa de pantanas) e uma mesa de pantanas mas com um enorme ramo de rosas que me foi oferecido no “almoço de festa de anos com a família toda” pelo meu filho. Tenho vários blogs para actualizar e muita coisa para escrever. Um dia qualquer escrevo, não hoje. Não agora. Tenho um vazio em solidariedade e a memória de um leitor ocasional a dizer-me ao telefone “então, e mais posts daqueles sobre a crise?” e será sempre assim que me lembrarei dele, com uma voz a rir.

O miúdo joga Travian e discute para o lado se ataca ou se faz alianças. Eu pairo entre a cozinha e a vida, com a sensação que tenho os pés uns milímetros acima do chão. Não é que esteja tudo perfeito, há coisas tristes e dolorosas nas vidas das pessoas de quem eu gosto muito, não está nada tudo perfeito. Nunca está. Mas eu também não escolhi a altura para pairar uns milímetros acima do chão, aconteceu, calhou ser agora. Deixo-me estar. Talvez mais quieta e calada, talvez um bocadinho desviada, é preciso que passe tempo para a volatilidade assentar.

3 thoughts on “Agridoce

  1. Leilah Nishi

    Deixa-te lá estar a pairar um bocadito, que tu também mereces. Não adianta sofrer por solidariedade, se não estiveres bem, não podes ajudar ninguém (plim! verso instantâneo, sou uma génia!) Beijos.

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