Primeiro assusto-me. O que é isto? Cheira a fumo. Estou a subir para Mosanto, cheira a fumo e entro na nuvem.
(há uma parte de mim completamente bicho. O cheiro a fumo faz-me querer desatar a fugir, seja para onde fôr, para longe dali, fugir o mais depressa possível, a memória ancestral do medo do fogo, a memória de criança com medo do fogo, o adulto em pânico)
A A5 está cheia de fumo. Não sei se abra a janela do carro, se feche, se me deixe ir, naquele torpor que parece levar os carros, uma espécie de silêncio cor de terra queimada, o céu azul-amarelado-fosco; atravesso a A5 toda, a nuvem a toldar o horizonte, um nevoeiro nos prédios de Alfragide; no cimo da subida das epifanias, fica limpo. Céu azul, sol, ar fresco. A nuvem a desaparecer no espelho retrovisor.
A tapada de Mafra a arder: começou o verão em Lisboa, agora em pleno.
Para a Vieira do Mar
Olha querida, arranjei-te um mister america vestido à sporting (se não gostares, eu também não me importo, que sempre gostei de vozes roucas) para a tua festa. Um grande beijinho de parabéns!
Mais dois ou três dias
Regresso à tarefa inacabada, quase desistida. Mais dois ou três dias e fica pronta. Mas nunca ficará pronta. Nunca foi isso. Nunca foi para isso.
(na minha cabeça, lá ao fundo, uma voz muito sumida: ainda estás a tempo, desiste, desiste, apaga tudo, sempre foi escrito na areia, vai-te embora enquanto podes, depois será tarde demais, não enchas as paredes de grafittis, escreve a lápis com borracha ao lado…mas a inanidade – essa cabra! – já não me larga)
Desligo quase tudo
e vou lá fora. Noto o chão gelado, este vento a trazer um frio que apenas se sente nos pés descalços. Penso que seja digno de uma nota e regresso. Fechei tudo e agora apetece-me fumar ainda um cigarro; mas fica para amanhã.
Antes que acabe o dia
Parabéns, Rui.
Quase domingo
e eu aqui num stress, a tentar adivinhar qual dos barnabitas irá fechar a luz do tasco…
Qual live o quê?
Hoje é daqueles dias em que me sinto totalmente out. Live8 e mais não sei o quê (sei: devia estar num jantar e não estou) e eu entre a esfregonas, escorregas e rebolões nas montanhas de relva do Parque dos Poetas (extraordinário parque sem NINGUÉM, uma maravilha, a rapaziada não gosta mesmo de verde). Não dei por nada do resto do mundo. E, não fosse o tal jantar, estaria con
Extractos (semi imaginários) de uma conversa
– e os blogs?
– os blogs, pois é, os blogs andam
– chatos, não é?
– um bocado
– sem grande coisa
– sem grande inspiração
– sabes o que é, o verão
– as férias, o calor, mais que fazer
– lá para Outubro
– ou não
– andamos aqui há muito tempo
– já toda a gente escreveu quase tudo
– às vezes leio uns novos todos entusiasmados a escrever uma descoberta da pólvora que já o não sei quantos escreveu no dele há mais de um ano
– tem nada a ver com cópia, mas já se leu aquilo vinte vezes
– e os antigos também já escreveram tudo o que havia para escrever vinte vezes
– anda tudo farto
– é uma grande seca
– pois é, não há pachorra
– nem para os nossos
– muito menos para os nossos.
As Ruínas Circulares
Dia de São Iva
(daqui a 15 dias já toda a gente se habituou)