100nada

Post to self

Vou fazendo. Com os maxilares cerrados do esforço, vou fazendo. Vou cortando ramos e arrancando silvas com as mãos nuas, escolhendo umas folhas. Vous fazendo e sou obrigada a ver o que faço. E o que me ocorre é que é tudo tão tosco. Tão desajeitado. Tão desajustado.
Mas vou fazendo.


Há tanta coisa que é post

Quase tudo é post, desde que se escreva de uma certa forma, ou formas, ou o (caneco) que for. Eu nem ia escrever este, estava a pensar assim numa coisa mais

há dias em que um gajo está tão ultra-realista que até lhe podia cair na testa, atirado com força (cair na testa atirado? só se fosse de cima…péra lá). Rewind. Até podia ser acertado (posso escrever podia ser acertado no sentido de acertavam-lhe? Posso claro, o blog é meu, os erros são meus, erros meus…) com um Camões inteiro – colecção capa dura – que olhava para aquilo
(é que nunca mais acabo a ideia assim com todos estes entretantos)
e pensava qualquer coisa como tá bem abelha, mas tu não tinhas que andar a empurrar carrinhos de compras.
Não sei se me faço entender, o outro a nadar só com um olho e mais o saco de plástico com os poemas todos e eu a empurrar carrinhos de supermercado, é uma boa comparação não é? É, claro, mas só por causa do saco de plástico. É a única coisa que nos une, isso e o facto de não ter sido acertada com os Lusíadas na testa.

Adenda: entretanto perdi-me no que ia a escrever. Mas até era isto, ou coisa parecida, portanto não se perde nada.


Meninos peixes

– Olha, nasceu-me uma baibatana aqui, main!
– Olha, pois foi!
– Agoia sou um peixe!
– E vais viver aonde?
– Não sei…
– Eu sei. Vou fazer-te uma piscina…
– Na banheia, main!
– Pomos a banheira na sala…
– Sim!
– Já sei! Pomos a banheira na sala, para poderes brincar e ver televisão e tem que ser muito grande…
– Paia quê???
– Para meter a tua cama lá dentro, se és peixe, vais ter de ficar a viver sempre na banheira e…
– …
– e metemos também lá o Óscar, para te fazer companhia…
– Mas o Oscai é um peixe!
– Mas tu também agora és peixe, vais ter de viver com o Óscar!
– …
– Não é?
– …
– Então?
– Ó main! Tu não vês que isto não é uma baibatana, é só uma tampa???



Esta merda virou Marrocos ou quê?

Não tenho nada contra Marrocos (hoje em dia com o politicamente correcto uma pessoa nunca sabe se está a insultar algum leitor de turbante), nem sequer conheço (falha minha, já sei, mas estou para saber como é que alguém no seu perfeito juízo lá vai fazer turismo, a menos que seja para ficar no Mamounia). Tenho é uma vaga ideia que é quente e tem um deserto ali perto e essas coisas: coisas que estão a acontecer também aqui só que aqui não temos um deserto aqui perto, até porque eu agora tenho uma data de alentejanos a ler isto e portanto não me posso referir ao verdejante (deserto) coiso (como raio se chama o prado alentejano?) como sendo um deserto.

Bolas isto não me está a sair nada bem…esqueçam tudo para trás.

Está calor. É fim de Abril e está um calor do (pausa) está calor isso, uma data de calor e não me parece que este calor seja de época. Não me importo nada, gosto! Não me estou a queixar! (tirando que a Etelvina se foi embora e ainda não descobri onde diabo meteu as minhas coisas de Verão). Eu sou um lagarto que gosta de calor, uma salamandra (salamandra é mais giro) mas o que me lixa é este problema da idade que me começa a massacrar o juízo: quando as coisas estão fora de sítio eu dou sorte (a expressão dar sorte é mesmo coisa de idade, não é? Tão bom ter idade suficiente para poder dizer dar sorte sem parecer fora de sítio…). Este calor, por muito bem que me saiba, está desarrumado.

Era só isso. Por mim tinha ficado na esplanada. Ou então não.




Um apelo urgente

três coisas apenas

O Sr. Nélson Mendes tem 32 anos e é tetraplégico desde os 19. Publicou um livro, realizou diversas exposições das suas pinturas, foi entrevistado por alguns jornais, esteve em dois ou três programas de televisão. Alguns dos seus problemas mais imediatos foram resolvidos, com o auxílio de diversas entidades e com a ajuda de muitas pessoas, entre figuras públicas e perfeitos anónimos. No entanto, o facto é que o Nélson não pode sair à rua, tem um acesso complicado e dispendioso à Internet e tem de pagar a assistência domiciliária, da qual depende em absoluto.

O Apdeites orgulha-se de aderir a esta causa, à semelhança de outros. Acabámos de criar e alojar o blog do Nélson e tentaremos, por todos os meios, divulgar a situação. A ideia é contribuir para tornar o mais possível pública uma situação concreta, de um ser humano em concreto, com vista à resolução de apenas três coisas que poderiam melhorar significativamente a sua qualidade de vida:

1. Que os vizinhos do prédio onde vive consintam em que seja construída uma rampa, ou outro meio adequado, para que ele possa sair de casa.
2. Que ele tenha acesso permanente e gratuito, ou a preços reduzidos, à Internet.
3. Que lhe sejam prestados cuidados e assistência domiciliária gratuitas.

São apenas três coisas, que não envolvem objectivamente quaisquer colectas ou peditórios. Não é necessário nada disso. Apenas se pede, a quem visita e utiliza os serviços do Apdeites, e à “blogosfera” em geral, que se mobilize, que propagandeie o assunto, que faça pressão sobre entidades e empresas, que dê ideias, que indique soluções.

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Por favor, não leiam e digam, ai que pena, coitadinho. Divulguem. Ajudem. Estão aí jornalistas a ler? Construtores civis (para a rampa)? Gente que conhece pessoas e sítios que façam apoio ao domicílio? Servidores de internet? Blogs que podem chamar a atenção para isto?
A blogsfera que sirva para alguma coisa humana. E, principalmente: possível. Não é uma grande causa, não é uma tragédia a larga escala. É uma PESSOA. Não podemos fazer nada pelo mundo, mas poderemos fazer pelo Nélson?