100nada

Um apelo urgente

três coisas apenas

O Sr. Nélson Mendes tem 32 anos e é tetraplégico desde os 19. Publicou um livro, realizou diversas exposições das suas pinturas, foi entrevistado por alguns jornais, esteve em dois ou três programas de televisão. Alguns dos seus problemas mais imediatos foram resolvidos, com o auxílio de diversas entidades e com a ajuda de muitas pessoas, entre figuras públicas e perfeitos anónimos. No entanto, o facto é que o Nélson não pode sair à rua, tem um acesso complicado e dispendioso à Internet e tem de pagar a assistência domiciliária, da qual depende em absoluto.

O Apdeites orgulha-se de aderir a esta causa, à semelhança de outros. Acabámos de criar e alojar o blog do Nélson e tentaremos, por todos os meios, divulgar a situação. A ideia é contribuir para tornar o mais possível pública uma situação concreta, de um ser humano em concreto, com vista à resolução de apenas três coisas que poderiam melhorar significativamente a sua qualidade de vida:

1. Que os vizinhos do prédio onde vive consintam em que seja construída uma rampa, ou outro meio adequado, para que ele possa sair de casa.
2. Que ele tenha acesso permanente e gratuito, ou a preços reduzidos, à Internet.
3. Que lhe sejam prestados cuidados e assistência domiciliária gratuitas.

São apenas três coisas, que não envolvem objectivamente quaisquer colectas ou peditórios. Não é necessário nada disso. Apenas se pede, a quem visita e utiliza os serviços do Apdeites, e à “blogosfera” em geral, que se mobilize, que propagandeie o assunto, que faça pressão sobre entidades e empresas, que dê ideias, que indique soluções.

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Por favor, não leiam e digam, ai que pena, coitadinho. Divulguem. Ajudem. Estão aí jornalistas a ler? Construtores civis (para a rampa)? Gente que conhece pessoas e sítios que façam apoio ao domicílio? Servidores de internet? Blogs que podem chamar a atenção para isto?
A blogsfera que sirva para alguma coisa humana. E, principalmente: possível. Não é uma grande causa, não é uma tragédia a larga escala. É uma PESSOA. Não podemos fazer nada pelo mundo, mas poderemos fazer pelo Nélson?

0 thoughts on “Um apelo urgente

  1. susana

    Bom, prás duas primeiras partes não me parecem necessárias “colectas ou peditórios”. na primeira, apenas a boa vontade dos vizinhos, que a rampa, sendo regulamentar, com o contributo do condomínio nem será significativo. A segunda depende da boa vontade de um servidor qualquer. Agora os cuidados e assistência domiciliárias… conheces alguma maneira de se conseguir isso gratuitamente?

  2. catarina

    Depende do condomínio, susana-mana. Sabes que nem todos têm fundos…por isso é que me lembrei das construtoras: há uns anos lembro-me que um amigo nosso tinha outro amigo paraplégico e conseguiu que o irmão, director de uma empresa de construção civil, fosse lá com os trabalhadores um fim de semana e construiram a rampa num instante.

    Concordo na segunda, basta um servidor querer. estou aqui a matar a cabeça a pensar se conheço alguém, mas não estou a ver…

    Assistência domiciliária gratuita, parece-me que existe, ligada aos centros paroquiais, centros de dia. Amanhã pergunto a uma pessoa que está ligada a isso.

  3. re21

    1-A questão da rampa depende em primeiro lugar da boa vontade do condomínio,é uma questão do senhor a apresentar em reunião do mesmo.

    2-Contactar a PT,que é sensivel a estes casos,são centenas os casos que a PT coloca não só ligação net grátis como oferece o computador a pessoas com as mesmas dificuldades motoras que o senhor Mendes.

    3-O apoio domiciliário gratuito existe,no entanto aqui entra a burocracia,o senhor Mendes terá que provar que não tem rendimentos,mas esse senhor deverá contactar urgentemente e em primeiro lugar a assistente social do município onde vive que certamente lhe dará uma solução ou lhe indicará o caminho a seguir.

  4. re21

    Postos estes pressupostos e no meu entender caso o senhor Mendes não veja resolvido o seu caso,então sim que se crie uma campanha nos blogs para pressionar a quem de direito que este caso se resolva.

  5. Isabela

    Eu estou sempre disposta a ajudar e podem sempre contar comigo. Já estive no blog do Nélson. A melhor forma de o ajudar parece-me a seguinte:é necessário contactar os organismos competentes, porque ele tem, por lei, direitos. Nós, em Portugal, como as coisas funcionam sempre tão mal e tão demoradamente, habituámo-nos ao “conheces alguém que conheça alguém?”, e isto acaba por resultar… mas também habitua muito mal o Estado, desresponsabiliza-o. E nós pagamos impostos, cum caraças… E se os pagamos!
    De quem é que o Nelson recebe apoio mais directo? Ou seja, quem é que pode descobrir qual o centro estatal de apoio social da sua área de residência? É necessário falar com um assistente social (eles vão a casa, também). Esse centro pode agir de várias formas: trazer-lhe comida, limpar-lhe a casa, até mesmo dar-lhe banho, se ele não conseguir. Paga-se pouco, normalmente, e alguns não chegam a pagar, que deverá ser o seu caso. Não sei quais são os seus rendimentos. Mas imagino que sejam mínimos. Mas é preciso contactar a assistência social. Eu não me importo nada de fazer parte de um grupo de 15 pessoas e de nos revezarmos, indo lá pessoalmente fazer o que é preciso, de 15 em 15 dias – sou mulher para isso – mas a questão consiste em encontrar a solução mais digna, mais democrática.
    Em relação à rampa: ele tem direito a ela no prédio, por lei. É necessário que o senhorio ou o administrador do condomínio tratem disso, falem com os outros moradores.Se for um condomínio, claro que todos têm de contribuir. Uma dessas rampas pode ser feita apenas em madeira. Há uma aqui no meu prédio.
    Não conheço pessoas “importantes” nesse sentido. Conheço pessoas importantes para mim, pessoas maravilhosas, mas que não têm poder nem dinheiro nem conhecimentos importantes. Mas acho, Catarina, que os blogs servem para isto, e acho que estás a fazer muito bem em divulgar. E, como já escrevi, eu posso ajudar, apesar da minha falta de conhecimentos… Um abraço. Desculpa ter-me estendido tanto.

  6. Luna

    Catarina, pertenco a uma Associação de Jovens(da minha idade e não só) Deficientes. Penso que tens o meu mail, envia-me o que precisares que seja feito em termos legais e também de lazer…Faço parte da Associação de Paralisia Cerebral, contacto diáriamente com os técnicos do Centro de Paralisia…se puder dar uma ajuda diz. Beijo

  7. KooKa

    Não custa nada divulgar esta iniciativa (mais logo irei fazê-lo).
    O que custa mesmo é acreditar que o condomínio NÃO PERMITIU a construção da rampa de acesso para o Nelson.
    Quando foi o lançamento do livro, a SIC apresentou uma reportagem sobre o Nelson e um dos factos que falaram foi exactamente isso: o não haver um acesso, neste caso rampa (que é obrigatório por lei) e o facto do condomínio não ter autorizado a construção da mesma!

    Tudo o resto é (mais ou menos) fácil de resolver. Tal como já disseram antes de mim, o apoio da assistência social para garantir cuidados continuados ao Nelson é possível (embora demorado).
    A boa vontade de um qualquer servidor é possível (não é por disponibilizarem 1 acesso gratuito que a PT, por ex., vai à falência, mas que pode mudar e muito a vida do Nelson, disso não há dúvida.)

    O mais difícil, a meu ver, vai ser conseguir convencer o condomínio a autorizar a construção de algo que é obrigatório por lei mas que como é para o “desgraçadinho da cadeira de rodas, não importa, porque nós somos melhores que ele”.
    Desculpa se esta frase te choca (ou a qualquer outra pessoa que a leia), mas a realidade é essa. Durante muitos anos lidei com uma situação idêntica bem de perto.
    O condomínio não permitiu a construção de uma porcaria de uma rampa que não tinha mais de 15 centímetros de altura (!!!), que não fazia diferença nenhuma a não ser para quem precisava, mas como era para o “desgraçadinho da cadeira de rodas”, que se amanhem!
    Enfim. . .fica o desabafo e um bocado de revolta também.

  8. KooKa

    Voltando aqui a outro assunto (e peço desculpa por me alongar): os conhecimentos neste campo são importantes, claro.
    Mesmo que eu ou tu ou o vizinho do lado não saibamos de ninguém numa empresa de construção ou numa empresa de informática por exemplo que possa oferecer o material informático ao Nelson e a ligação à internet, ou apenas alguém dentro de algum servidor, bla bla bla, se divulgarmos esta iniciativa de louvar, mais cedo ou mais tarde alguém “de direito” irá tomar conhecimento dela.
    E aí alguma coisa irá ser feita.

  9. Ana Amorim

    Acredito que o condomínio tenha dado resposta negativa ao pedido mais que legítimo do Nelson.
    O meu irmão que infelizmente também está numa cadeira de rodas, teve de recorrer a umas placas metálicas que se põem sobre os degraus e que permitem fazer o efeito de uma rampa.
    Felizmente, o meu irmão vive num rés-do-chão e não há uma grande escada para a rua, apenas dois ou três degraus à entrada.
    Mas é mesmo assim: quem se lixa sempre, é quem menos pode. Oxalá não aconteça a nenhum desses senhores o mesmo que aconteceu ao Nelson.
    “Não te rias do teu vizinho que o teu mal vem a caminho”.

  10. luisa

    Conheço pessoalmente o Nelson e sei que ele tem feito tudo o que é legalmente possível,( reuniões com os condónimos, pedidos de intervenção a várias entidades públicas e privadas) para conseguir que o deixem construir uma rampa na parte traseira do prédio (trata-se de uma pequena rampa, pois o Nelson vive num rés-do-chão e tem uma varanda que dá para as traseiras a poucos centímetros do chão). O que revolta é o facto de o condomínio não o autorizar. Esta situação mantém-se há mais de um ano e o Nelson não pode ir à escola (ele quer estudar e está matriculado no 3º ciclo do Ensino Recorrente)nem tirar o curso de Informática que é um dos seus sonhos.Sei que brevemente vai realizar-se mais uma reunião com o condomínio e espero, então, dar-vos notícias. Obrigado por todo o apoio mostrado.

  11. Mar

    Para dizer que subscrevo inteiramente o(a) re21, estando eu ligada a esse tipo de funções, os circuitos são os que ele refere.

    O que diz aqui a luisa sobre o condomínio é absolutamente ABJECTO.
    Restaria ver o papel da junta de freguesia e da respectiva câmara municipal, na construção da rampa (no local onde trabalho, temos feito às dezenas.,..), se forem terrenos do domínio público. Cheira-me aqui a um certo desleixo institucional…

    Vou linkar já, já este teu post Cat, pois que ele diz tudo masi os teus excelentes (os melhores, eu sei) comentadores.

  12. whisper

    vou por num post com um link directo aqui. Tenho realmente pena mas nada mais posso fazer. Vi uma das entrevistas e reconheço a minha impotência para fazer mais.

  13. KooKa

    Catarina, espero que não te importes mas fiz um (descarado) copy/paste do teu post (com link directo para aqui, claro).

    Bjs.

  14. catarina

    Não me importo nada, Kooka.

    Luna. Muito obrigada. Logo à noite envio-te um email, que agora não tenho acesso.

    Obrigada mais uma vez a todos.

  15. pedra

    É como dizes, Catarina. é só uma PESSOA que precisa de ajuda. Já registei o blog nos meus favoritos.

  16. Puta de vida ... ou nem tanto

    Apelo

    O Blog do Nelson Descoberto via 100nada “(…) Nélson Mendes tem 32 anos e é tetraplégico desde os 19. Publicou um livro, realizou diversas exposições das suas pinturas, foi entrevistado por alguns jornais, esteve em dois ou três programas de…