Que não sei que faça a esta porra.
Ora então, temos aqui um cadáver adiado, um blog quase enterrado. Ainda vivinho da silva, a espernear, a berrar, tás maluca ó monga? Tira-me já essa pázada de terra de cima! E com minhocas! Outra vez, grande chata?
E chega um gajo de férias e descobre (não se esquece, claro. mas lembra-se melhor agora que tem acesso) que tem um blog. Até tem mais mas os outros não interessam para isto: têm os seus temas, as suas finalidades. Desses não reza esta história. Ó que bom, tenho um blog. Está aqui, já o conheço tão bem, quase tão bem como me conheço a mim mesma. Serve para isso também. Para
quando em dúvida escrever-zi-a e partilhar-zi-a. A parte do escrever-zi-a está muito bem. A parte do partilhar-zi-a, essa
um gajo às vezes precisa de ser egoísta nestas merdas internas pá!
E chega um gajo de férias a estoirar de palavras e de textos que não escreveu. Com vontade de entornar tudo, de esvaziar aquelas coisadas todas, para que apareça espaço para outras, mais outras, que isto do escrever-zi-as, às coisas, às histórias, às considerações vagas, às dúvidas e às certezas, às angústias e às alegrias, às banalidades e aos pensamentos fortuitos, ocupa muito espaço enquanto não é escrito. E eu, porra, caneco, que sina esta, cada vez mais penso em modo texto que ou se escreve ou fica lá dentro, remói-se, destrói-se; e regressa outra vez na frustração de não se ter transformado em letras.
E esse gajo de volta de férias, same old story, pensa, não dá. Não posso. Um gajo não pode escrever estas coisas num blog. A Mauser? A Mauser não era uma rica história? Daqui a uns anos esquecemo-nos e depois essa história morre? Mas não é tua, não podes contar. Não podes contar a dos sudokus na psp, pois claro que não. Nem podes contar a do Natal do cesto e do pano, para abrir ao mesmo tempo. Nem podes sequer escrever sobre outras coisas que te complicam os nervos. Não podes. Porque, se escreveres, seja lá o que fôr, haverá sempre uma margem pequena de dúvida, o que era aquilo? O que é que aquilo queria dizer?
E eu quero escrever. Quero mesmo.
Não posso, mas hei-de escrever. Em pedacinhos de toalhas de mesa, em guardanapos de papel, nas costas das posologias dos remédios, no verso dos rótulos arrancados a garrafas de água, onde fôr. Logo se encontrará o sítio certo. O que é preciso é não desistir.
E não se enterra nada, fica tudo aqui e há sempre espaço para se escrever o que pode ser lido, todos os dias, a toda a hora, por toda a gente.
(este post foi escrito aos safanões e às prestações, daí a mudança de tom)