Vou indo
O meu texto favorito:
mas que raio é que estou eu aqui a fazer?
Por aqui, leia-se Nova Zelândia, claro. Já cheguei.
Tá imenso calor e há imensos cangurus e também uns ursos brancos polares sentados em cima de uns glaciares. Os cangurus vêm comer à mão, vendem-se uns saquinhos de pipocas especiais para cangurus, com molho de atum e natas. Os ursos têm uns chapéus, são panamás, e na fita está escrito dont feed the bear, mate, oh-i!. Há umas barraquinhas giras onde se vendem bebidas geladas com palhinhas, creio que têm vodka dentro, mas não tenho a certeza. O homem que me atendeu era albanês e não falava inglês, mas tinha tatuada no braço a seguinte frase: ou me pagas ou levas nos cornos. Em português, donde concluí que é bem capaz de ter percebido quando lhe perguntei ó meu cabrão onde é que se pode mijar aqui? (era a frase que vinha no livro O Tuga em Férias, cortesia do suplemento de um jornal que li no avião, pensei que seria uma boa primeira abordagem às nuances da cultura maori, se o português faz parte do plano de estudos e essas coisas), porque iria jurar que me respondeu minha ganda cabra vai mijar para a puta que te pariu, mas foi entredentes e nessa altura, quando vi brilhar aquela boca dourada (ai Corto, a faltinha que me fazes, desde que partiste no teu veleiro branco pelo mar pintaste a minha vida de transparente…) percebi que era albanês. Estendeu-me um copo de plástico transparente e apontou para um placard pendurado na barraquinha, ao lado dos crocodilos de borracha e eu paguei o dólar que me pedia. A palhinha era azul escura (como o mar que nos separa, ai Corto, a faltinha que me fazes…) e a bebida transparente (como a vida), donde seria vodka, pois de gin não se tratava por não cheirar a perfume barato de galdérias suburbanas. Afastei-me, porque estavam a chegar dois dos ursos e, pelo ar sedento e transpirado, creio que a barraquinha terá fechado cedo.
Dei umas voltas pelas outras barraquinhas, mas tirando os dentes dos atendedores, era tudo mais ou menos o mesmo e aproveitei para comprar uns recuerdos. Mas não me recordo do que eram e perdi o saco quando virei a esquina e tropecei no coral reef. Não sabia que começava logo ali, à saída da rua das barraquinhas depois do aeroporto. Mas quando me voltei, a esquina tinha desaparecido e, no lugar dela, estava um hangar com uma porta aberta. Lá dentro, pilhas e pilhas de folhas brancas (ai Corto, tão pálidas como as velas do teu veleiro, esse que vi partir, embrulhada no xaile roxo das viúvas das marés…), perguntei a um canguru para que serviam, mas ele não me disse nada, ninguém me liga nenhuma desde que fiquei transparente…mas depois percebi quando vi os tucanos a dobrarem as folhas com os bicos. Em duas, depois em quatro, depois um chapéu e depois é só puxar as pontas…
Havia barquinhos com um toldo de um lado, ou com dois, um de cada lado. Escolhi um só com um toldo, pois não quero apanhar sol na cabeça. Visto que sou transparente no resto não faz mal. Agora vou navegar até ao fim do coral, depois lá diante mando outro postal.
(17.05.04)
Obrigada.
- A crise é internacional
- Este blog está fechado
Não tem de quê. Boa noite.
É impressão minha ou lixaste a template outra vez? 😀 Ah, é verdade, fizeste-me perder uma aposta que ainda nem sei como pagá-la…
Fui o primeiro texto que li do 100nada e fiquei logo fã. Sobretudo a rima final das últimas três orações do texto.
Oh. Então sempre decidiste ir por aí. Manda postais.
Adeus Catarina.
Já sabes onde me encontras. Fico por lá a espreitar a caixa do correio então.
Obrigada eu Catarina, boa viagem….e também eu atenta ao mail…beijos!
Fã deste teu texto desde sempre.
Fã do teu blog desde o dia em que o li pela 1ª vez.
Boa viagem, Catarina.
E que bons ventos te tragam de volta a este teu porto de abrigo quando assim o desejares =)
Beijinhos.
Já vais zarpar, minha linda? Leva então daqui um beijo. E umas sandes de carne assada. Cuidado com as constipações.
De resto, navegar é preciso, claro. Até breve.
e o template novo assenta-te bem. pena ser fato de viagem. beijos.
Belo posto! (E realmente, que saudade de Hugo Pratt). Xicoração.
que belo upgrade! parabéns catarina
prontes…entretanto, alguém já me informou que isto afinal não é um upgrade..tenho pena. Boa viagem, Catarina…
Wow.
I Like it!
Fica… Catita.
É o texto é típico – 😉
Um abraço,
RS
Wow.
I Like it!
Fica… Catita.
E o texto é típico – 😉
Um abraço,
RS
Wow.
I Like it!
Fica… Catita.
E o texto é típico – 😉
Um abraço,
RS
(cuidado com as vertigens…)
Até os meus comentários ficaram afectados, Cat. Deve ser da inveja!
(Re)post soon!
RS
Hasta la vista, baby
É mesmo verdade? está assim tam longe? Continuarei a visitá-la aqui e a ler as suas crónicas de viagem.
Divirta-se e que tudo corra como deseja.
amanhã também vou para a praia. fique sabendo que também há coral. e daqui me vou embora, resmungando (mas não de inveja, não de inveja…)
“A Rede Pedófila do PS está desesperada: ou correm com o Souto Moura agora, e safam o Pedroso & Companhia, ou lixam-se com a eleição do Cavaco, que o vai reconduzir.” – Quitéria Barbuda in “A Cabala”, Revista “Espírito”, nº 24, 2006.
Não há dúvida.
Está mesmo de pernas para o ar!
😉
Realmente levei tempo a ver bem que era uma despedida.
Mas se começo a conhecer a nossa 100nada, ela vai de viagem, mesmo para a Nova Zelândia, e daqui a uns tempos desembarca em Karachi, ou S. Petersburgo, ou Nova Orleãs… É dar-lhe um pouco de tempo.
De qualquer modo, boa viagem e repetindo o desejo da mana, “manda postais”.
Um abraço
Pára lá com isso pá! rásparta! buáááááááááááááaáááaáááaááááá