100nada

Janeiro dois

A fotografia do dia não a tirei, claro, ia a guiar. Chuva torrencial e uma rotunda cheia de erva e plantas verdes. No meio das plantas, uma mais estranha e eu a passar e a pensar o que é aquilo? E depois, já na fotografia mental, é um tipo vestido de impermeável verde, com capuz, a jardinar. Uma planta com uma cara ensopada. Aposto que estava de trombas, mas não consegui ver bem.
Conta que não sou simpática. Só consta, claro, que eu sou um encanto de pessoa, nem sei porque é que não pareço. E então abri sorrisos hoje e levei com uma data de caras fechadas, uns vagos esgares e uns resmungos que tanto podiam ser bons dias como deves ser uma doida varrida a sorrir à parva. Valentemente, prossegui o esforço, com vontade de os mandar todos à fava e fiz a figura da tola que se ri de nada. Ainda é só dia dois, daqui a uns dias devo voltar ao normal e o caminho para o inferno perde meia dúzia de lajes. Também não fará grande diferença, deve haver carradas delas ainda amontoadas à espera de trolhas suficientes. Se eu mandasse nas almas penadas, punha-as todas a pavimentar o caminho no princípio do ano, parece-me mais útil que alombar com pedras por encostas acima.
Depois dei um grande abraço à minha cabeleireira. Ela precisava mesmo (eu se calhar também) e nem sou de grandes abraços. E esse não foi nem por nem para ser simpática. Sou uma besta que, às vezes, se comove. Calha.

8 thoughts on “Janeiro dois

  1. catarina campos Post author

    (Sandra, saudades de escrever assim :))

    Zu!!!! Isto é lindo, com nicks e tudo. Sim. Espero bem que sim.

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