100nada

O Albergue e os comentos moderados

(Muito) de vez em quando, comento o Albergue Espanhol. Hoje, mais uma vez, lá deixei a minha opinião num post da Marta Elias. O post era sobre a educação e o sucesso e causas da educação das crianças, grosso modo e, ao ler, lá me veio o lado babyblogger e deixei um comentário.

Mas este prólogo é apenas o prólogo do post e não o tema: o tema está lá no post da Marta Elias. Infelizmente, sendo até um tema muito interessante, não há grande hipótese de diálogo válido. A Marta Elias não tem culpa nenhuma, coitada, a política de moderação de comentários é que tem. Oh, eu sei, já ouvi milhares de vezes os argumentos contra e a favor da moderação de comentos, que é aborrecido ter gente a chatear, bem sei disso. Só neste blog, para onde migraram conteúdos de outras versões de 100nada com comentários que se perderam nas mudanças por serem apps independentes, tenho mais de 31 mil comentos, não contando com os comentos noutros blogs onde fui editora “chefa”, como o Geta e o Sociedade Anónima (neste último, tirei todos os comentos quando o fechei, para deixar apenas a memória dos textos).

Há largos anos que a “moderação” dos comentários dos meus blogs é feita da seguinte forma:

1. Por mim apagando comentários sem conteúdo: spam que escapa aos akismets e quejandos, anúncios de vendas e afins e alguns insultos do género “ó minha puta, um dia destes faço-te uma espera à porta de casa”.
2. Por mim e pelos outros comentadores, respondendo ou ignorando provocações, insultos e outras amabilidades, daquelas escritas por quem não tem que fazer e já esgotou a quota de alarvidades nas janelas de comentários dos jornais online.

Dá trabalho? Bem, já deu. Tudo é relativo. Durante um tempo havia coisas que me aborreciam e incomodavam, claro. Depois deixaram de me incomodar e aborrecer, que uma pessoa se habitua a encolher os ombros e, quando muito, pensar “olha, mais um palerma”. Além do mais, chega uma altura em que se atinge o auge de comentadores marados (como o tal que me ameaçou de morte e que levou ao fecho do meu babyblog) e, depois disso, tudo é peanuts em comparação.

Mas dá trabalho, obviamente. Mais trabalho do que moderar comentários moderados, até porque os blogs com comentários moderados acabam por tender a não ter comentários nenhuns que sejam precisos moderar através desse mecanismo de autorizar (ou não) a publicação de determinado comentário. Também tenho a minha filosofia de liberdade de expressão que não é “valer tudo” mas “valer uma grande parte, mesmo aquela em que as pessoas demonstram ser umas palermas”, mas nem vou por aí, porque essa é apenas a MINHA filosofia e, por cima dela, à laia de lei orçamental que fica acima da lei geral, há o princípio de que cada blog é do seu autor e cada autor decide o que quer do blog e como, incluindo os comentários: se os quer, se os quer moderados ou se quer uma grande berraria totalmente aberta nas caixinhas de comentos. A minha é aquela, cada um decide a sua e os defensores da “total liberdade de expressão nos blogs dos outros” têm bom remédio: abrem um deles e respondem em post.

Não é também por aí, portanto. Mas há uma parte nos blogs com comentários moderados que se perde quase por completo e que é uma boa conversa/discussão sobre aquele tema ali (d)escrito, na caixa de comentários. Quando os comentários de um blog estão sob esse formato, um comentário cai ali de pára-quedas, apenas no contexto de resposta ao post, dado que só é publicado quando o autor lá vai publicar os comentários que estão em fila de espera. Depois, se e quando lá voltamos, uns dias depois, vamos apenas ver (se tivermos pachorra) se o comentário apareceu e se alguém respondeu; eu, sinceramente, nunca me dou ao trabalho e é um pouco como atirar a minha opinião para ali, olha toma lá o que eu penso e siga para outro lado. E, às vezes, se e quando lá voltamos, lemos uma cacofonia de comentários, todos dispersos, seguidos mas sem seguimento, todos a dizer qualquer coisa sobre o texto mas sem nexo em relação aos outros; cada um é só um comentário, nada mais. E as caixas de comentários têm a potencialidade de serem muito, mas muito mais ricas do que isso.

Deixo aqui o exemplo oposto ao Albergue, que são as caixas de comentos mais alegretas e alucinadas da blogsfera política (que eu leio): o Blasfémias, onde toda a gente diz o que apetece, responde ao de cima, ao 21, ao 57, discute-se, conversa-se, berra-se, insulta-se, não interessa, trocam-se ideias. Trocam-se ideias sobre o tema. Os autores aparentemente estão-se nas tintas se a conversa fica azeda, comentam também se lhes apetecer, se não apetece não dizem mais nada.

Respeitando qualquer um dos modelos e gostando dos dois blogs na mesma medida (alguns autores gosto de ler, outros acho que são uns tolos e às vezes uns e outros até me surpreendem), este último, não sei, parece-me menos empertigado e mais saudável.

7 thoughts on “O Albergue e os comentos moderados

  1. Pingback: Rede TubarãoEsquilo

  2. jpt

    (parafraseando alguém que já não me lembro quem é) O empertigamento “anti”-comentarístico é a doença senil do bloguismo – e tem o seu cume nessa coisa da “moderação” dos comentários.

  3. sem-se-ver

    no que fizeste mt mal, pq a soca ERA os comentários, e muitos daqueles posts foram motivados por COMENTÁRIOS, desafiados ou propostos por COMENTÁRIOS. e não te perdoei esse gesto que, se na altura serviu para impedir que arlindas e etc desatassem ali em grande pranto (foi aliás a tua justificação), poderia ter sido reposto uns meses mais tarde, pois essa consequencia já não teria tido – e faria jus ao melhor blog colectivo (do género) que a blogosfera já teve. com COMENTÁRIOS.

    beijo.

  4. Catarina Campos

    É. Mas se fosses ler ali o meu post acima linkado, verias que de facto o que lá estava mesmo eram os comentários do tipo que me ameaçou de morte. E se na altura disse isso, foi o que me foi aconselhado. É verdade, tinha comentários bestiais, mas eu fechei-os e tirei-os. Lamento que não me perdoes, mas foi e é a minha decisão e nunca voltarei atrás. beijinho.

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