Tudo ao ar
Ora que caralho! vou arrancar isto tudo, toda a gente que não se pode escrever porque depois não se pode ler, arrancar os leitores de cima do meu ombro, sacudir toda a gente que se pendura enquanto escrevo, saiam daqui senão emudeço e depois não me sai uma palavra e não é para isto que tenho um blog, é para escrever como se ninguém estivesse a ler, saiam daqui agora, vá só um bocadinho, prometo que mostro no fim, tá bem? mas agora desandem-me das orelhas, não se pendurem no cabelo, tenho que saber que não estão aí. É muita gente, foda-se, é toda a gente, não me importo, sei que é assim, mas é ler, ok? saiam-me da cabeça enquanto escrevo, senão tenho que pesar tudo, medir tudo, cada palavra, cada sentido, cada coisa que digo. Eu não sou assim, não sou contida, não quero enfiar para dentro, não quero ficar quieta a ver o que acontece primeiro e fazer depois, isto dá cabo de mim, sufoco em frases e depois, já sei, desato aos berros quando for a altura errada, de fúria, a explodir tudo o que ando aqui a juntar, uma letra, duas, cinquenta mil, porque sim, porque não, porque é melhor/pior/talvez/e depois/se e eu quero que tudo isso se foda, já. Não quero saber de nada disso, não quero ficar com um sorriso civilizado, ah claro claro, a acenar com a cabeça, a dizer como é evidente, a concordar por fora e mandar-me a mim mesma para o real caralhinho por dentro e isto não é falta de tomates, é oh sei lá o que é, sei, claro que sei, é esta minha mania de controlar tudo e a mim mesma acima do resto e querer ser só só só racional e dividir tudo em compartimentos estanques, isto é racional, aquilo também, aquele ali com fechaduras duplas e este ok, este autorizo-me a abrir mas aquele já não, enfio-lhe com mais um cadeado de pensamentos firmes, que não pode ser, nem pensar, tá fora de questão e não é nada assim. Ando a envenenar-me com racionalidade e estou farta farta farta e agora vai tudo raso.
[claro, aquele agora já ficou ali atrás que já liguei o botão da contenção, boa noite a todos que isto nem é que me passe, que já passou só por ter escrito]
- acho que ainda não tinha contado aqui isto :)
- O risco de pisar a linha
Pingback: alex silvestre
É esse o segredo. A gente quando «diz» a coisa passa a ter um peso diferente. é assim que os psis ganham a vida, não é?
«já passou só por ter escrito» Tal e qual! E dormiste bem?…
Que belo texto, Cat! E tão contido… 😉 Abraço e tem um bom dia
YES!!!!
Porra, q até a mim me aliviou, caralho!
[as saudades que eu já tinha de um post assim] :)))
o comento de cima era meu 😉
obrigada a todas.
Pois olhe menina, sempre me ensinaram que não se devem dizer palavras porconas para o Pai do Céu se não escaralhar connosco.
escaralhar é lindo 😀
Se não queres vê-los, dão lhes dês a palavra.
Se não os visses, como é que te vias?
não