No semáforo vermelho
Passam pessoas. Nada de especial acontece, ou então o mesmo de sempre. Os tipos que estendem jornais, os que estendem a mão. Passam pessoas. Umas olham para a frente, outras para os lados, outras para as outras, outras para os carros. Uma velha muito lenta deixa cair qualquer coisa, curva-se para a apanhar. Uma rapariga solta o cabelo do casaco. Um casal discute se atravessa ali ou mais adiante. Uma mãe tenta subir o passeio com um carrinho de bebé. Dentro do carro as pessoas olham para a frente, para os lados, para as outras, para os carros.
E depois passa um miúdo. Mãos nos bolsos, nariz no ar. A olhar para cima.
Falta-nos a todos, adultos, um lado.
- Um gajo como eu, um gajo como nós
- Dois em um
“Dentro do carro as pessoas olham para a frente, para os lados, para as outras, para os carros”.
… e tiram macacos do nariz, fingindo que estão a coçá-lo quando se apercebem que estão a ser observadas…
Os adultos modernos esquecem-se de olhar o céu que, durante séculos, preencheu a imaginação de poetas e sábios…
Pingback: alex silvestre
Eu gosto de perder largos minutos a observar o que me rodeia. Gostei da descriçao.
Pingback: Raquel Valentim
é pena, já estava tomar forma e a prender…
pois, esse comentário seria para o post de cima. bem, é, para o post de cima. sendo assim lá terei de comentar este também para minimizar a barraca:
é uma forma de ver única, aliás como muita coisa que só se vive na infância.