O desaparecimento dos turbanões
Não sei se gosto que os turbanões se tenham calado. Talvez tenham entrado numa batalha mais sangrenta, talvez não tenha sobrado nenhum. Só antenas partidas, pedaços de capacetes e de armas partidas, numa sala dentro dos tubos, uma daquelas onde os fios encalham quando os passamos pela parede. Nem um para amostra, agora, não aparecem quando me distraio, não os sinto a espreitar atrás das frinchas, à espera que eu me vire para desaparecerem. Não os encontro no canto dos olhos, nem sequer quando os fecho e aperto muito, nem aí, nas galáxias de escuros dentro das pálpebras. Acho que não gosto que se tenham sumido, irritam-me por terem desaparecido, chateia-me que não estejam ali. Não os procuro, que sempre soube que só os veria se não estivessem lá, mas sabia que sim e sei que agora não. De uma certa forma, não ter turbanões por perto, é muito mais solitário que não ter gente. Como se a minha inquietação me tivesse abandonado. E isso, até poderia parecer bom, mas na verdade, agora sabendo que não estão à coca a ver quando é que me lembro de os querer apanhar sem darem por nada, sempre nessa corrida de velocidades, se eu viro mais depressa a cabeça do que eles se escondem, sem turbanões aos tiros por baixo dos pés, a treparem para as solas das botas para terem um ângulo melhor, sem isso, isto não tem metade da graça.
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Talvez os tenhas espantado, se calhar meteste veneno nos fios telefónicos, não sei se foi à trolitada, se tapaste as fichas. Espantate-os. Não te espantes.
Fixe