100nada

Encasquetar

Adoro esta palavra: encasquetar. Gosto imenso de palavras que não se usam sem ser na escrita, não das cobertas de rendinhas e armadas ao pingarelho, que essas têm tendência para serem manejadas por artistas menos cinco estrelas e conseguem quase sempre ficar com uns neons de “estou aqui armada em palavra para mostrar que o meu autor sabe escrever palavras difíceis” à volta, mas destas assim mais brutinhas. Encasquetar é bestial. A palavra, claro. O conteúdo já lá vamos, mas a palavra, (caneco!) a palavra é linda de morrer. Tenho pena que não se use. Um gajo poder dizer ao almoço, epá encasquetei que aquelas Galps hão-de subir até aos oito e não há quem me desencasquete desta ideia e alguém lhe responder, sempre foste um uma encasquetada e depois não te queixes de andar aí ópaiópai e rematar-se a coisa com um quando se me encasqueta uma coisa, sabes como é.

Quando se me encasqueta uma coisa, sabes como é. Fodido, claro. Não há como desencasquetar. Um gajo bem se organiza na via do pensamento mais abstrato, da análise racional dos dados que dispõe e que apontam todos na mesma direcção. Não há volta a dar-lhe. Quando se me encasqueta uma coisa, cravo-lhe as mandíbulas e só partindo mesmo.
Nada a fazer. É assim.

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