Com todo o respeito que me merece a profissão
de professor, que me merece muita, os que merecem, como é evidente, pois em todas as profissões há os que e os que não que, com todo o direito à greve a que têm direito, pois claro que sim e nem ponho em dúvida, tenho, no entanto, uma pequena nota a fazer, muito pequena mesmo, nada de importante, como é evidente.
O próximo professor que me vier com a conversa que os papéis se inverteram, que as escolas são depósitos de crianças e não sei o que mais e os pais se desvincularam dos seus papéis de pais, isto porque se queixaram do transtorno que lhes causou a greve, lembro que esses péssimos pais , que depositam os filhos na escola e etc. etc., não vão rodar polegares a seguir. E que, realmente antigamente não era assim, o que acontecia era que as mulheres ficavam em casa e podiam tomar conta das crias. E só algumas crias é que iam à escola, as outras iam cavar ou servir. E que, oiçam bem,
nem só a profissão de professor é merdosa.
Façam lá as greves todas que quiserem, mas não me venham para cima dos pais. Isso de generalizar a rica vidinha dos pais é a mesma merda que eu generalizar a rica vidinha dos professores.
- Só vos digo
- Dois anos de Óscar (e mais uns dias)
Olá, não deixa de ser verdade que os professores não são pagos para serem babysitters mas sim para ensinarem.
Se os pais acham que têm o direito de exigir às escolas que os putos lá permaneçam todo o dia, no minimo entendam que não devem ser os professores a olhar por eles.
São os meus 2 cêntimos…
Mas eu também acho que sim. Concordo em absoluto. Mas, e a solução, qual é? Culpar os pais? Os pais provavelmente não têm outro remédio. A coisa está mal de raiz. Se é para educar todos os miúdos e se os professores são pagos para ensinar e se os pais passam dez horas fora de casa para conseguirem enfiar pão na boca dos filhos, então há que juntar forças e organizar alguma coisa; genéro encontrar o interesse e bem comum, em vez de andar meio mundo a culpar o outro meio.
Além disso, esta coisa da “classe” a mim faz-me comichões e só prejudica os bons professores.
bem visto. dá-me sempre tanta irritação ouvir essas bocas dos pais acerca das férias dos profs e da sua falta de vocação (e quantas pessoas têm vocação para as profissões que exercem e competência e esfoço nos empregos que ocupam?) como ouvir os professores a generalizar que a culpa é toda dos pais. se deixássemos de pensar em culpas e sim em causas, seria melhor. e as causas afectam todos: os professores que são agredidos por alunos, por exemplo, mas também os pais que sofrem com as agressões sobre os seus filhos por esses mesmo alunos… há professores competentes com más condições que os levam a sentirem-se mal, mas também os há incompetentes que por essa mesma incompetência vêm a sua vida a correr mal (nada menos credível e respeitável para um aluno do que um professor que não saiba ensinar) e deprimem-se… por aí fora.
Catarina, tens razão, mas olha que hoje vi uma ainda pior, que foi uma notícia (já nem sei em que telejornal) sobre a greve, que rezava mais ou menos isto: num dia com aulas os miúdos gastam 1 ou 2 euros por dia, mas com greve vão para os cafés e gastam 5 euros numa manhã! Isto quer dizer exactamente o quê? A jornalista explicava: “esta greve vai assim sair ainda mais cara aos pais dos alunos” (!?).
A ‘mana’ está com tudo; no meio deste ruído de fundo, já nem se sabe quem é quem e o que é o quê. Mas uma coisa é certa: isto chegou a um ponto tal que é difícil não dar razão aos professores… E a perda de regalias não é nada comparada com a perda de autoridade que sucessivas reformas provocaram. Nem sei para que tiraram os alunos dos conselhos. São eles quem, na prática, mandam nas escolas.
Bah.
Desabafos de quem ouve amigos professores o dia todo… (mais valia ter feito um post sobre o assunto – assim como assim, ficam as pontas para juntar)
Um beijo,
RS
QUALQUER DIA VOU-ME PASSAR COM O VISTO NO REMEMBER PERSONAL INFO E COM O POR FAVOR AGUARDE ALGUNS SEGUNDOS O COMENTO ESTÁ A SER VALIDADO OBRIGADO!
Aliás, acho que vai ser agora. YYYAAARRRRRRGGHHHHHHHHMMAJAUUUUUUUUUAHHAGGGAJGBZZZZWWUUAAAAHAHAHA!! (…)
Não adiantou nada.
Mas desanuviei. Quer dizer… Até agora! (click)
Por favor, aguarde alguns segundos! O comentário está a ser validado!
Obrigado.
Weblog.
greve ou férias? é que conheço alguns que nem sabiam bem como é que ganharam aqueles 2 dias de férias! Olha, saíu-lhes foi o EuroEducações!
Foi muito bonito!
Se os pais se irritaram é essa a prova que querem os professores para criados e a escolas para armazem de crianças.
pena é que os professors não tenham coragem para fazer greve um mês.
Eu também tenho uma filha na escola mas não confundo as coisas.
Catarina, não tem nada a ver, mas é só pra saberes: já lá está o Calouste! :))
joão norte, desculpe lá, mas não é prova nenhuma. a mim incomoda que as crianças fiquem sem aulas, antes de tudo e, por outro lado, os pais que tiverem que ficar em casa com os filhos perdem dois dias de ordenado e de férias, o que na maioria dos casos, na ignorância do povo, só atiça a raiva e promove o afastamento entre pais e professores, os principais interessados (embora devesse ser toda a gente). se os professores ganhassem alguma coisa com isto, o ensino também ganharia – consequentemente as crianças ganhariam e ficariam todos contentes. não sendo o caso, era preferível puxar pela imaginação para encontar novas formas de chegar à opinião pública, que esta está esgotada e só alimenta os sindicatos e os cofres do Estado e outras entidades patronais (nos casos em que os pais tiverem que faltar…).
gibel, boa! o calouste foi bem pensado, é verdade, cat.
Pois a mim o que me incomoda mesmo é a generalização, Mana, exactamente o que Cat diz sobre esse conceito de classe que nem de classe é, pois é muito mais corporativo.
Quanto aos pais despejarem ou não as crianças nas escolas o problema é o mesmo – há os que sim e os que não e ainda há os que sim porque não têm outra solução, mas que não abdicam de educar os seus filhos no parco tempo que podem estar com eles.
Portantos…, é tudo, como sempre, uma questão de cada um assumir os seus papéis e responsabilidades e respeitar os outros.
É claro que as generalizações são sempre injustas, partam de quem partirem. As dos pais contra os professores, as dos professores contra os pais (que mesmo sendo pais têm o privilégio de ter horários compatíveis com a escola dos filhos, èlas!)
A mim o que me chateia é mesmo a atitude corporativista de uma classe que se queixa sempre de tudo. Eu conheço escolas que funcionam muito bem e outras que funcionam mal. A lei é igual para todas. Quem faz as escolas é quem as habita. E os bons professores fazem boas escolas e os maus fazem más escolas.
Agora, um protesto contra a medida do Governo em ter as escolas abertas até às cinco e meia da tarde, note-se, não é até às sete, é até às cinco e meia, porque não são amas e o caraças, pá, irrita-me.
Irrita-me que sejam uns queixinhas de merda e ainda por cima não percebam e critiquem quem tem de trabalhar mais horas que eles e que por isso, ao contrário deles, não tenha a disponibilidade que deseja para os filhos.
Quando pais e professores passarem a pensar nas crianças, pode ser que tudo melhore.
Aplausos!
Tanto para escrever sobre isto mas, sem tempo.
Nunca ouvi professores preocupados com os alunos (devem existir, mas no meio da confusão, de poucos que devem ser, não se ouvem).
Parece-me que a ministra também não se preocupa com os alunos (não sei, parece-me).
Alguns pais, talvez, também não se preocupem e os despejem nas escolas (ou então, não têm horário de funcionário público e trabalham em empresas onde sair às 6 é um mito urbano).
Esta sensação (que me fica) de que o que querem é não fazer nenhum, que gostam de ser uns calimeros é que é me deixa cada vez mais incomodada.
Assim, de repente, parecem-me os próprios alunos (a pensar nos seus umbigos e nas suas baldas sem nunca medir a importância que a educação tem para o futuro deles e do país).
Não consigo concordar com os professores, por mais voltas que dê! Não estão a conseguir “ensinar-nos” quais os verdadeiros problemas das escolas e a importância daquilo por que lutam (expliquem melhor, sff).
Talvez sejam apenas maus professores, embora cheios de razão (e por isso, injustamente, chumbam no exame da opinião pública)?
Férias?…
Como creio que (não) sabem, segundo a lei geral do trabalho cada dia de greve é descontado no ordenado do funcionário; as contas feitas pelo Estado são ordenado Ilíquido:30 = 1 dia de salário.
Acusem-nos de tudo, menos de usar as greves como forma de ter férias; para que conste, dói muito ao final do mês. E, aliás, muitos não fazem greve por impossibilidade financeira.
Fica feito o esclarecimento.
(a maior parte dos comentários a este post irritaram-me de sobremaneira, e são, para além de outras demonstraçõaes, sinal de quanto a campanha do Ministério da Educação, orquestrada no sentido de denegrir a nossa classe profissional, está a dar excelentes resultados.
Apetece-me e não me apetece responder a tais comentários, porque, creiam-me, só quem é professor tem a justa dimensão do que tem sido, ano após ano, governo após governo, o descalabro do sistema de ensino público em Portugal, com nefastos resultados para a saúde cultural, social e económica do país. Mas a um só não resisto, dada a sua enormidade: como é possível, mas como é possível, que a alguém sequer passe pela cabeça que os professores não se importam com os alunos nem neles pensam? Imaginam a dor – e a irritação – que tal comentário provoca a um professor? Supondo que alguns patológicos casos desses acontecerão, será que ninguém entende que tal não é POSSÍVEL porque os professores são os primeiros a interiorizar que existem unica e exclusivamente porque existem os alunos? que, aliás, muitos no caso de não serem a totalidae, abraçaram aquela profissão pelo prazer de ensinar alunos? que os alunos são a sua matéria de trabalho? que o sucesso dos alunos é o seu sucesso, e o insucesso deles é o insucesso dos professores?
Caramba, será que não entendem que os professores estão sujeitos a avaliação, contínua, não só ano lectivo após ano lectivo mas aula após aula? será que não entendem que o escrutínio que alunos, colegas, pais, nos fazem, é diário? A senhora dona Alice nunca viu professores preocupados com os alunos? Ah, minha senhora, que injustiça! Sabe quantas horas se dedicam, quantas vezes, a um único aluno, seja nas nossas preocupações, seja nas reuniões de conselho de turma, seja tentando, a maior parte das vezes debaldemente, que o respectivo encarregado de educação apareça na escola para falar e se inteirar da vida escolar do filho perante o seu director de turma? Minha senhora, convido-a a ir a uma qualquer sala de professores numa qualquer escola a uma qualquer hora, e verificará se, sim ou não, os professores se preocupam com os alunos.
(olhe, e a título de provocação, embora seja uma provocação infelizmente fundada em factos bem reais: pelo menos, acredite que muito nos preocupamos com os alunos que nos vão riscar os carros ou ser mal educados ou desobedientes ou insolentes ou mesmo agressores, dado o sentimento – legitimado pela PRÁTICA – de TOTAL impunidade que gozam. E que, quantas das vezes, as donas e os donos alices deste mundo ingrato acobertam e aplaudem.
Não tenho totalmente dito, mas tenho parcialmente desabafado. Desculpem a extensão do comentário.
Anabela, sobre isso das avaliações, (não falo de escrutínios diários mas de sistemas de avaliação objectivos, nem de paixões mas de competências e resultados), gostaria de lhe dizer o seguinte, – adiantando desde já que é com o maior respeito, até porque se vê que é uma pessoa apaixonada pela sua profissão e que se sente revoltada com o que ouve à sua volta – e não pretendendo de forma alguma que isto constitua agravo ou desagravo ao seu comentário que vale por si.
1) Nota-se em si que a revolta que manifesta s/b o que aqui leu lhe advém da paixão com que vive a sua profissão. Elogio-a por isso. Mas dessa sua qualidade, que só a enobrece, não advém nenhuma razão à discussão, nem a mesma certifica a sua competência profissional – e generalizo, os professores têm de perceber que quando se fala de profissionalismo não estamos só a falar de paixão, de entrega, de esforço, mas também de tempo efectivo de trabalho, de parâmetros de desempenho, de subordinação e hierarquização profissional. Que por muito que nos custe admitir as escolas serão fábricas do saber, e não uma toalha estendida debaixo de uma oliveira.
2) O desempenho profissional deve ser medido objectivamente e nada tem a ver com a opinião de crianças (medem o quê? a simpatia do professor, o facto de dar umas boas notas e contar anedotas?), de distantes e incapacitados encarregados de educação (e estes sabem sobre o quê? sobre a abordagem pedagógica? A única coisa que sabem é da assiduidade dos professores e sobre esta nada podem fazer, e sobre isso e melhor nem começarmos aqui a contar histórias), e muito menos de colegas – nenhum sistema de avaliação de desempenho passa pela avaliação entre colegas como factor decisório. Não sejamos líricos. Aliás, esse conceito do “entrecolegas” que é a única valência profissional nas diversas competências da escola, e isso valer para as hierarquias da escola, é talvez dos aspectos mais promíscuos de toda esta discussão. Talvez que uma das grandes falhas do sistema de ensino não seja ele em si mesmo, mas a quase ausência de hierarquias nas estruturas escolares (e nesta perspectiva olhe que o conceito dos “professores titulares” que de alguma forma passam a participar no quadro operacional das escolas até já se compreende melhor, não acha?), ao invés do que verificamos na regulação do funcionamento e da indispensável autoridade de qualquer sistema/organização profissional.
3) Todas as profissões que eu conheço se sujeitam, e mais, encontram nisso forma de orgulho, a serem avaliadas e a verem a sua remuneração repercutir as diferenças da avaliação. Pôr em causa as ferramentas de avaliação de desempenho, os seus actores, o seu timming e a validação de resultados, não é a mesma coisa que pôr em causa o facto de não pretendermos ser formalmente avaliados (e olhe que do lado de fora é isso que parece), com a argumentação que são os nossos alunos, os Enc. Educação e os nossos colegas quem o podem fazer.
4) Os professores são uma importante e numerosa (ao que parece excessivamente numerosa, o que só por si justifica ainda mais apertados critérios de selecção – são as leis do mercado de trabalho a funcionar, leis essas a que todos nos sujeitamos – e de evolução de carreira) população profissional mas ainda assim os seus recursos englobam as mesmas condições naturais das outras classes profissionais, a saber: há bons, sofríveis e maus profissionais. E é bom que se saiba fazer a destrinça entre eles, pois caso contrário nivela-se por baixo (qualquer profissional que desenvolva a sua profissão baseando-se no reconhecimento formal da sua actividade lhe poderá explicar este efeito de “nivelar por baixo” por ausência do mesmo – ninguém à partida quer trabalhar muito, antes pelo contrário, a maioria das pessoas à partida quer trabalhar o menos possível, e esta é a condição essencial que justifica tudo o resto que aqui já referi)
5 e resumo) É por isso que todos devem (mais, têm o direito de) serem avaliados, e os melhores, reconhecidos profissionalmente, e se possível com a devida valorização remuneratória, aliás, como se passa no resto do mundo e das profissões, e enquanto não se arranjar fórmula melhor.
[ Desculpará a réplica Anabela, talvez pouco simpática, posto que como referiu se tratava de um desabafo, e estes não requerem mais explicações. E desculpará a Catarina este lençol, a manchar os excelentes contributos aqui trazidos em comentário e que mostram bem as diferentes sensibilidades e latitudes ao redor desta questão.]
zé, pode ser lençol, mas olha que é sanpedro! muitíssimo bem dito.
anabela, creio que quando as pessoas se referem ás férias dos professores estão a falar das férias efectivas, em número de dias superior aos 22 dias úteis da demais população. e não me diga que passam esse tempo em preparação de aulas e reuniões, porque não é verdade: é em si uma regalia profissional. não acho mal que assim seja, pelo contrário; a profissão de professor é muito desgastante, o que sei por experiência. mas convém assumir que assim é, para que o debate decorra com honestidade de todas as partes. e olhe que não me parece que a opinião pública resulte da campanha da ministra da educação, mas dos equívocos que perduram e se acumulam, das generalizações, das políticas desatrosas sucessivas e muitas vezes apoiadas pelos professores, que deverão assumir a sua quota parte de responsabilidade. e do facto de a escola ser uma espécie de fatia transversal da sociedade, que apanha com tudo ao longo da escala, em todos os lados da hierarquia, desde o muito bom até ao mais podre. a mim parece-me que nada é possível a não ser que se criem estruturas complementares de apoio ao meio escolar e familiar. o problema é sobretudo social e não estritamente do ensino. e apesar de parecer que estamos a pedir muito, há áreas profissionais que se desejam incorruptíveis, como as da saúde, da justiça, da educação. como o zé acabou de referir, não é assim, e uma prova disso é o número de atestados falsos concedidos aos professores (ou seja, envolvendo duas das ditas classes profissionais…). é óbvio que não generalizo, mas vocês deviam ser os primeiros a lutar contra a corrupção da vossa classe profissional, os casos de laxismo e de incompetência, porque o mau estado do ensino também advém daí, já que os anos de aprendizagem são muitos para um mesmo aluno. basta apanhar um mau professor no primeiro ciclo para descambar por ali fora. é extraordinariamente complexo, o problema da educação, mas não é com antagonismos que lá iremos.
À Anabela, que me merece todo o respeito pela forma como fala da profissão que exerce, gostaria, mesmo assim de dizer que concordo com o que foi dito pelo Zé (aproveito para subscrever, pelo que não vale a pena repetir), e mantenho que não vejo os professores e a ministra a discutir “a sério” a questão da educação em Portugal.
Quando os professores sérios (que, tal como a Anabela referiu, existem) começarem a discutir os temas importantes, nós ouvimos (de certeza) e aplaudimos o facto de estarem a lutar para melhorar o sistema nacional de ensino.
Um dia destes, um professor disse-me que, na escola onde estava, não tinha acesso a um computador onde pudesse fazer os testes, nem a uma impressora para os imprimir. Tinha de fazer tudo em casa. Isto (e outras coisas que, eventualmente se passam e nós não sabemos, ou sabemos pouco), é que devia estar em debate. Mas, o que é importante perde-se por entre as colocações, as avaliações, a evolução de carreira e os escalões. E é por isso que não consigo entender (a generalidade) dos professores e acredito que não defendem a Educação, mas (apenas) a classe e os seus interesses (com os quais, se me permitem, discordo).
De acordo *
eia, eis senão quando um desabafo despertou comentários – diria, por comparação com anteriores -, sérios!!
para que conste:
1. «greve ou férias? é que conheço alguns que nem sabiam bem como é que ganharam aqueles 2 dias de férias! Olha, saíu-lhes foi o EuroEducações!» Comentário acima de uma dona Sandra, a que me referi no meu próprio comentário.
2. caro Zé, cara Alice, quando indiquei o escrutínio dário a que os professores estão sujeitos foi no seguimento da defesa da ideia que, sim, na esmagadora maioria dos casos, os professoes se preocupam com os alunos e fazem objectivamente deles a sua razão de existência (e quantas vezes não só profissional); não estava a invocar a questão genérica da avaliação formal da classe. Mas aproveitando o ensejo,
3. Zé, sabe quem anda, ano após ano, a defender aquilo que disse? Os professores. Tenho cerca de 24 anos de profissão e nunca, repito, NUNCA, ouvi um ÚNICO professor a NÃO defender a necessidade de uma avaliação segundo parâmetros de «tempo efectivo de trabalho, de desempenho, de subordinação e hierarquização profissional» Nem um.
É a nossa actual situação cómoda pois, como os demais funcionários públicos (regra geral), a progressão na carreira se faz por razões quase exclusivamente cronológicas? Sem dúvida que é. É justa? Sem dúvida que não. E sabe quem mais a sente como injusta? Exactamente: os bons professores que, face aos sofríveis e aos péssimos, se sentem legitimamente frustrados por não verem o seu mérito efectivamente valorizado face aos demais. Isto, por favor, que fique absolutamente claro. De uma vez por todas.
4. Pois é, cara Alice, mas quem nos dá voz? A nós, a nós, não aos sindicatos, que, num jeito no mínimo desajeitado, tantas vezes, cobertos de razão que estão, se deixam eles mesmos enredar numa lógica circular e claustrofóbica de repetição de discursos e tiques e dessa maneira nem transmitem o essencial nem defendem a valer os nossos interesses? Repito: quem nos dá voz? Ou por outra: por que é que, quando no-la dão, numa ou outra reportagem, seja na imprensa escrita, seja na radiofónica, seja na audiovisual, a mensagem não passa ou pelo menos não é retida? Porque desde há muito, mais do que tais ocasiões serem diminutas, se encontrou nos professores o bode expiatório para a falência de um sistema de ensino que não poderia deixar de falir:
a) dada a democratização do dito (bem vinda, naturalmente), o país não estava preparado, nem logisticamente nem a nível de recursos humanos, para a «enxurrada» de catraios que se desabou sobre ele;
b) dadas as sucessivas reformas e contra-reformas e contra-contra-reformas do ensino, seja ao nível das metodologias, do da avaliação, do dos curricula, que os professores, como profissionais responsáveis que são, trataram de tentar implementar como lhes competia (dado ser essa a política educativa DECIDIDA pelo governo); o que nos faltou, concordo, foi por vezes uma capacidade efectivamente crítica que impedisse a concretização (fosse pelo protesto, fosse pela prática) de algumas delas, absolutamente catastróficas como os professores sabiam, à partida, melhor do que ninguém;
c) correndo o risco de fazer desabar o mundo sobre mim , o facto de se ter distorcido a essência do acto de aprendizagem quando, a coberto da ingénua e pouco bentificada ideia de que todo o ensino deveria ser pensado «para ir de encontro aos interesses dos alunos» se tivesse, a um tempo, desvalorizado intelectual, profissonal e pedagogicamente a figura central do sucesso de QUALQUER aprendizagem: o professor.
Estas alíneas não esgotam as razões da falência do sistema de ensino público em Portugal, mas são de si mesmas ilustrativas. Creio eu.
5. e último ponto: Deus, dei eu a impressão de ser uma profissional apaixonada pela minha profissão? Tenho que marcar urgentemente consulta no psicanalista de serviço mais próximo!!
Já fui, já não sou. Já fui uma excelente profissional, agora nem sofrível sou. A responsabilidade de quem é? Minha, mesmo que fruto de sucessivos estados de desalento e frustração dado o estado geral do ensino. Por isso, também por isso, e cada vez mais por isso, pugno não só pelo respeito perante os meus colegas que são excelentes profissionais, mas por um sistema de avaliação que os reconheça como tal, e a mim naquilo que me tornei. Por uma questão de justiça, geral, e de consciência moral, pessoal.
Agora, mesmo eu, mesmo eu, mesmo eu, me preocupo com os meus alunos e com o seu sucesso escolar.
E esse foi o ponto que me fez saltar na cadeira quando cheguei aos comentários a este post pela primeira vez. E me fará continuar a dar saltinhos de todas as vezes que a injustiça tome proporções tão gritantes.
(ai 100nada, mas o que praqui vai, já viu? culpa sua… 😀
(só tenho a agradecer ter aqui pessoas a participar nesta conversa desta forma absolutamente extraordinaria)
[repito o meu anterior comentário porque tenho uma amiga que não o vê, mesmo lhe aparecendo, como a mim, a menção que o post já tinha 20 comentários, incluindo o meu; pelo que fico sem perceber se ele realmente foi publicado ou não. que esquisitices informáticas…
e aproveito para rectificar as gralhas, já agora 😀 ]
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eia, eis senão quando um desabafo despertou comentários – diria, por comparação com anteriores -, sérios!!
para que conste:
1. «greve ou férias? é que conheço alguns que nem sabiam bem como é que ganharam aqueles 2 dias de férias! Olha, saíu-lhes foi o EuroEducações!» Comentário acima de uma dona Sandra, a que me referi no meu próprio comentário.
2. caro Zé, cara Alice, quando indiquei o escrutínio diário a que os professores estão sujeitos foi no seguimento da defesa da ideia que, sim, na esmagadora maioria dos casos, os professoes se preocupam com os alunos e fazem objectivamente deles a sua razão de existência (e quantas vezes não só profissional); não estava a invocar a questão genérica da avaliação formal da classe. Mas aproveitando o ensejo,
3. Zé, sabe quem anda, ano após ano, a defender aquilo que disse? Os professores. Tenho cerca de 24 anos de profissão e nunca, repito, NUNCA, ouvi um ÚNICO professor a NÃO defender a necessidade de uma avaliação segundo parâmetros de «tempo efectivo de trabalho, de desempenho, de subordinação e hierarquização profissional» Nem um.
É a nossa actual situação cómoda pois, como os demais funcionários públicos (regra geral), a progressão na carreira se faz por razões quase exclusivamente cronológicas? Sem dúvida que é. É justa? Sem dúvida que não. E sabe quem mais a sente como injusta? Exactamente: os bons professores que, face aos sofríveis e aos péssimos, se sentem legitimamente frustrados por não verem o seu mérito efectivamente valorizado face aos demais. Isto, por favor, que fique absolutamente claro. De uma vez por todas.
4. Pois é, cara Alice, mas quem nos dá voz? A nós, a nós, não aos sindicatos, que, num jeito no mínimo desajeitado, tantas vezes, cobertos de razão que estão, se deixam eles mesmos enredar numa lógica circular e claustrofóbica de repetição de discursos e tiques e dessa maneira nem transmitem o essencial nem defendem a valer os nossos interesses? Repito: quem nos dá voz? Ou por outra: por que é que, quando no-la dão, numa ou outra reportagem, seja na imprensa escrita, seja na radiofónica, seja na audiovisual, a mensagem não passa ou pelo menos não é retida? Porque desde há muito, mais do que tais ocasiões serem diminutas, se encontrou nos professores o bode expiatório para a falência de um sistema de ensino que não poderia deixar de falir:
a) dada a democratização do dito (bem vinda, naturalmente), o país não estava preparado, nem logisticamente nem a nível de recursos humanos, para a «enxurrada» de catraios que se desabou sobre ele;
b) dadas as sucessivas reformas e contra-reformas e contra-contra-reformas do ensino, seja ao nível das metodologias, do da avaliação, do dos curricula, que os professores, como profissionais responsáveis que são, trataram de tentar implementar como lhes competia (dado ser essa a política educativa DECIDIDA pelo governo); o que nos faltou, concordo, foi por vezes uma capacidade efectivamente crítica que impedisse a concretização (fosse pelo protesto, fosse pela prática) de algumas delas, absolutamente catastróficas como os professores sabiam, à partida, melhor do que ninguém;
c) correndo o risco de fazer desabar o mundo sobre mim , o facto de se ter distorcido a essência do acto de aprendizagem quando, a coberto da ingénua e pouco beatificada ideia de que todo o ensino deveria ser pensado «para ir de encontro aos interesses dos alunos» se tivesse, a um tempo, desvalorizado intelectual, profissonal e pedagogicamente a figura central do sucesso de QUALQUER aprendizagem: o professor.
Estas alíneas não esgotam as razões da falência do sistema de ensino público em Portugal, mas são de si mesmas ilustrativas. Creio eu.
5. e último ponto: Deus, dei eu a impressão de ser uma profissional apaixonada pela minha profissão? Tenho que marcar urgentemente consulta no psicanalista de serviço mais próximo!!
Já fui, já não sou. Já fui uma excelente profissional, agora nem sofrível sou. A responsabilidade de quem é? Minha, mesmo que fruto de sucessivos estados de desalento e frustração dado o estado geral do ensino. Por isso, também por isso, e cada vez mais por isso, pugno não só pelo respeito perante os meus colegas que são excelentes profissionais, mas por um sistema de avaliação que os reconheça como tal, e a mim naquilo que me tornei. Por uma questão de justiça, geral, e de consciência moral, pessoal.
Agora, mesmo eu, mesmo eu, mesmo eu, me preocupo com os meus alunos e com o seu sucesso escolar.
E esse foi o ponto que me fez saltar na cadeira quando cheguei aos comentários a este post pela primeira vez. E me fará continuar a dar saltinhos de todas as vezes que a injustiça tome proporções tão gritantes.
(ai 100nada, mas o que praqui vai, já viu? culpa sua… 😀
anabela, a sua amiga tem que fazer refresh com a caixa de comentários aberta. deve ser esse o problema, a mim acontece-me sempre, no 100nada. mesmo quando desligo e volto a ligar o pc, a caixa abre apenas com os comentos do dia anterior.
blogs da tanga, todos marados das coquinadas que já levaram, é o que é!
(isto dos blogs é como os carros, é preciso alguma sensibilidade masculina para os manter ‘au point’ e sem bolachas no banco de trás)
Pois…
Eu sou professor.
E pai.
E pago para me tomarem conta da filha, pois não tenho rede pública para a idade dela na minha zona.
E durante a semana não rodo apenas os polegares.
Mas há quem pense que professor não é pai.
É apenas um tipo que deve estar sempre de plantão, cordato e levando nas trombas se levantar cabelo.
Vai-me desculpar, mas com o respeito que se exige e adoptando a sua linguiagem, não generalize sobre a merda dos professores, apesar de escrever o contrário, se não quer que eu generalize sobre o seu blog a partir da merda deste post.
Olho poir olho, merda por merda.
😉
paulo g. parece-me que não leu o post com atenção. em lado algum eu li que se falasse sobre «a merda dos professores» e apenas que há muitas profissões merdosas (no sentido em que há muitas em que as pessoas têm razões de queixa, como essas suas, de ter que ser cordato,etc) e que “essa merda de dizer”… etc. olhe que mudar o «merda» de sítio, deturpando o sentido do que foi dito, parece coisa de político ou de jornalista, é manobra insidiosa…
(prefiro responder a alguns dos comentários aqui deste post em privado, já que o que eu penso está escrito no post; assim fica mais claro)
Mas adianto que, a agressividade que fui lendo em vários blogs que abordavam este tema (não é o caso deste, tirando uma coisa menos ponderada e mais “a quente” ou outra), por parte de alguns professores
é melhor meter “ALGUNS” em maiusculas, para se ler melhor
faz-me pensar que o diálogo vai ser complicadíssimo. Quem se atreveu a escrever sobre isto, não sendo professor mas sendo parte interessada, levou na cabeça.
É a vida…
Desculpe a CAT, porque estamos a ser “mal-educados” na sua “casa” e isso ser extremamente incorrecto, mas (e já que continuam a sair comentos) deixe-me dizer que deve ser por existirem professores como o Paulo G. que isto não vai a lado nenhum… E (em jeito de provocação) afirmar que, com professores destes, como é que os putos não hão-de crescem agressivos.
Muito mais havia para dizer, mas atitudes daquelas só dão razão à ideia de que se discute tudo menos o que é importante!
São este gajos que ensinam os nossos miúdos! E não digo mais nada, porque isto é um tasco, não é uma peixaria!
Desculpe a CAT, porque estamos a ser “mal-educados” na sua “casa” e isso ser extremamente incorrecto, mas (e já que continuam a sair comentos) deixe-me dizer que deve ser por existirem professores como o Paulo G. que isto não vai a lado nenhum… E (em jeito de provocação) afirmar que, com professores destes, como é que os putos não hão-de crescem agressivos.
Muito mais havia para dizer, mas atitudes daquelas só dão razão à ideia de que se discute tudo menos o que é importante!
São este gajos que ensinam os nossos miúdos! E não digo mais nada, porque isto é um tasco, não é uma peixaria!
Bom. Dado que o Paulo Guinote, não obstante a resposta privada que lhe enviei, linkou este post, como “acidez que corrói certos espíritos” (note-se que na escola do meu filho nem sequer fizeram greve, portanto nem podem acusar de ter sido afectada por isso e ser essa a minha queixa), passo a transcrever o email que lhe enviei, para que as visitas que vierem ler a minha acidez possam julgar por elas.
—Caro Paulo Guinote,
Eu conheço e leio o seu blog. Não sou professora, mas tenho um filho pequeno
pode ler as histórias da vida dele aqui neste blog
http://omeufilhoeeu.wordpress.com
que entrou agora para o primeiro ciclo. Eu também pago para tomarem conta dele, já que sou mãe solteira, trabalho para sustentar a minha família e não tenho hipótese de o ir buscar quando acaba a escola (pago o atl, tal como
paguei o infantário privado até este ano). Optei pelo ensino público, não só porque o privado continuaria a ser um grande esforço no orçamento, mas porque eu acredito no público. Acho que é lá que estão os melhores professores.
Tenho imenso respeito pela profissão, como poderá aliás ler no meu babyblog.
Mas nem todos os professores são iguais. E, na minha humilde opinião, os bons professores são rejudicadíssimos pelos maus, pelos sindicatos e pelo ME, por toda essa máquina de reestruturações, que tem destruído a opinião que o público tem sobre os educadores (no sentido de ensinar) dos nossos filhos.
Creio que não leu bem o meu post. Não creio ter referido a “merda dos professores” e exactamente não generalizei, como vejo muita gente a generalizar sobre os pais que despejam os filhos na escola. Realmente não sei que alternativa terão, já agora lhe adianto: eu e todos os outros pais, nem sequer podemos entrar na escola a não ser por algum motivo especial e com marcação prévia.
Agora quanto à linguagem, faz parte da linguagem-tipo que eu uso no 100nada. Não costumo ter os meus comentadores a adoptarem a mesma, mas sinta-se à
vontade para a utilizar como forma de me insultar, se assim o entender.
Respondo-lhe por email, pois parece-me que não tenho que rebater as opiniões que são dadas naquele meu “merda de post”, por um motivo muito simples:
assim levo na cabeça de forma cristalina.
Cordiais saudações
Catarina Campos
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A resposta
à acidez que corrói certos espíritos como o meu, está respondida nos comentários a este post….
A resposta
à acidez que corrói certos espíritos como o meu, está nos comentários a este post….