A minha vida de sofá, diário de uma dondoca (4)
Queridos,
Pois foi, esqueci-me da crónica feminina. E por crónica feminina lembrei-me. Essa (anacrónica) publicação ainda existe? Não faço a mais pálida ideia…mas de repente lembrei-me assim de pessoas como a Rosa e a Maria de Jesus e da Céu e da Fernanda, meu Deus a Fernanda! Sonhasse ela estar agora a ser lida pelos meus queridos leitores…a Fernanda e os seus suspiros fechados em caixas, brancos e caramelizados por baixo e as caixas transparentes para ainda ser mais dolorosa aquela eterna espera por mais um suspiro…Ò Fernanda dá-me lá um suspiro, vá, só um…não! Era um papão, a Fernanda. Já a Céu, a Céu era uma menina que brincava a tudo, pintava os braços com desenhos do Falcão e corria atrás de nós (lembras-te do Falcão, mana? Tiveste tantos pesadelos e, se não me engano, nem viste o filme, eras pequena demais, só foram as manas mais velhas…) A Maria de Jesus foi trabalhar para o cinema. Fomos lá visitá-la, um cinema no alto de uma cidade, um cinema sem paredes (teria tecto?) e a Rosa, a Rosa casou, casou lá, estamos na fotografia à volta dela, ela com um cabelo assim enrolado à volta da cabeça, num penteado muito anos setenta…
Quase que iria apostar que a Crónica Feminina era a que tinha a fotonovela dentro. Elas todas a liam e eu também, emprestavam-ma e eu lia a fotonovela no quarto que foi da Rosa, da Maria de Jesus, da Céu e da Fernanda. Lá mais para diante, no fim do corredor, tinhamos uma sala de brincadeiras e um rádio enorme (do avô?) daqueles que se abriam e tinham um gira discos em cima. No gira-discos ouvíamos os discos das histórias, os discos dos livros-discos. E no rádio, eu e uma delas (qual delas? talvez a Céu, menina romântica, ou até o papão Fernanda, mulher chaimite mas que teria um coração algures) partilhávamos lágrimas e desesperos a ouvir o Simplesmente Maria à hora do almoço.
Quanto à minha vida de sofá, essa não tem história. Tem sido de ais e hoje talvez um pouco mais.
- Uns tais de Magnetic coiso
- Por vezes penso
A Crónica Feminina, do que te foste lembrar! Eu lia às escondidas as das empregadas do prédio. Terá sido nessa digna antecessora da Maria que eu li, embevecida, na praia, uma entrevista com o Art Sullivan em que ele contava ter metido um dia um animal de borracha dentro do forno para ver se ficava assado?
Ai a crónica feminina!! tinha a fotonovela sim senhora. O que eu lia essa revista. Normalmente a da semana seguinte porque a da semana do momento andava sempre com a minha mãe, eu só as apanhava depois já no baú.
O Art Sullivan! Do que tu te foste lembrar, 1poucomais! LOL! Caneco, basta o nome para começar logo a ouvir na cabeça o petite demoiselle…ai que horror! :)))
Maria querida, ainda bem que não te foste embora de vez. :))
O Falcão provocou pesadelos à outra mana, eu de facto não o vi, com muita pena (e reclamação) minha. Mas tinha algum mêdo, pelas descrições. O que me dava pesadelos era o índio do Tom Sawyer.
Pois era! Ainda há pouco tempo falámos nisso, o índio!
Quanto à reclamação, está registada (há uns trinta anos…) :)))