Podia ser intelectual mas era mais tintas

Acordei ao som de uma discussão de pintores. Poderia ser uma discussão sobre formas ou cores ou significados ou estados de alma. Mas, na verdade, creio que terá sido sobre talvez salários ou talvez ‘essa trincha é minha, larga!’. Rapidamente evoluiu para o ‘agarrem-me senão eu mato-o’, altura em que resolvi espreitar pela janela. Lá fora, um grupo de criaturas enervadas, em tronco nu ou coletes de pano com manchas de tinta, acalmava-se sob o olhar de uma mulher-polícia encostada ao muro de uma casa em obras. Creio que foi a maior emoção dos últimos anos nesta zona.

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