Desapareceu mais um símbolo de Portugal, o “Astor Piazzola (1921-1992)” da guitarra Portuguesa.
Talvez mais o contrário.
Talvez seja mais correcto dizer-se que o argentino é que é o Carlos Paredes do bandoneon.
Ou que Jimi Hendrix é o Carlos Paredes da guitarra eléctrica.
Porque se Piazzola e Paredes revolucionaram a forma de tratar o instrumento, descobrindo novas atmosferas e harmonias até aí insuspeitadas, Hendrix e Paredes ainda conseguiram modificar a própria sonoridade do instrumento.
Podemos, a partir da década de 60, fazer uma nítida distinção, até em termos de sonoridade, entre a tradicional guitarra portuguesa e a guitarra de Carlos Paredes.
Tal como entre a guitarra eléctrica até Jimi (Chuck Berry, Beatles, Rolling Stones, Shadows, etc) e a guitarra de Hendrix.
Depois destes 3 mega instrumentistas, até o percurso histórico dos próprios instrumentos mudou.
Tambem podemos estabelecer um semelhante paralelo entre 2 cantores étnicos com quem se passou o mesmo: Gardel e Amália.
Gardel, tal como Piazzola, seu contemporâneo e colaborador pontual, modificou o tango tradicional, quebrando muitas das suas regras de ouro, algumas das quais até físicas (“comendo” compassos, “atravessando-se” a meio de um discurso, obrigando os músicos a seguirem atrás de si), acabou por modificar – comentendo erros técnicos até – o próprio género musical.
Amália não desrespeitou nunca a estrutura rítmica do fado (não tinha conhecimentos musicais nem à-vontade para o fazer), mas alterou-a, introduzindo pausas, mais ou menos prolongadas, durante o desenvolvimento, em que a sua voz assumia, a solo, cambiantes e cores que só assim (sem ruído) seria possível apreciar.
E introduziu, também ela, uma forma diferente de cantar, se a compararmos com o faduncho até aí tradicional de Marceneiro ou Hermínia Silva, por exemplo. Uma forma de interpretar mais limpa, mais potente, mais cristalina, com muito menos ruído, arrastamentos e indefinições.
Piazzola e Hendrix estão para Paredes assim como Carlos Gardel está para Amália Rodrigues.
“Daqui a uns anos, já ninguém poderá ouvir esta música de guitarras. Isto vai passar”, garantia ele, em entrevista ao Jornal de Letras, em 1981.
Felizmente Paredes era bem melhor a trabalhar o seu instrumento do que a fazer previsões.
Isto ultimamente…
Uma homenagem muito bonita…
Merecidissima…uma grande perda, mas ele é imortal!
Desapareceu mais um símbolo de Portugal, o “Astor Piazzola (1921-1992)” da guitarra Portuguesa.
Talvez mais o contrário.
Talvez seja mais correcto dizer-se que o argentino é que é o Carlos Paredes do bandoneon.
Ou que Jimi Hendrix é o Carlos Paredes da guitarra eléctrica.
Porque se Piazzola e Paredes revolucionaram a forma de tratar o instrumento, descobrindo novas atmosferas e harmonias até aí insuspeitadas, Hendrix e Paredes ainda conseguiram modificar a própria sonoridade do instrumento.
Podemos, a partir da década de 60, fazer uma nítida distinção, até em termos de sonoridade, entre a tradicional guitarra portuguesa e a guitarra de Carlos Paredes.
Tal como entre a guitarra eléctrica até Jimi (Chuck Berry, Beatles, Rolling Stones, Shadows, etc) e a guitarra de Hendrix.
Depois destes 3 mega instrumentistas, até o percurso histórico dos próprios instrumentos mudou.
Tambem podemos estabelecer um semelhante paralelo entre 2 cantores étnicos com quem se passou o mesmo: Gardel e Amália.
Gardel, tal como Piazzola, seu contemporâneo e colaborador pontual, modificou o tango tradicional, quebrando muitas das suas regras de ouro, algumas das quais até físicas (“comendo” compassos, “atravessando-se” a meio de um discurso, obrigando os músicos a seguirem atrás de si), acabou por modificar – comentendo erros técnicos até – o próprio género musical.
Amália não desrespeitou nunca a estrutura rítmica do fado (não tinha conhecimentos musicais nem à-vontade para o fazer), mas alterou-a, introduzindo pausas, mais ou menos prolongadas, durante o desenvolvimento, em que a sua voz assumia, a solo, cambiantes e cores que só assim (sem ruído) seria possível apreciar.
E introduziu, também ela, uma forma diferente de cantar, se a compararmos com o faduncho até aí tradicional de Marceneiro ou Hermínia Silva, por exemplo. Uma forma de interpretar mais limpa, mais potente, mais cristalina, com muito menos ruído, arrastamentos e indefinições.
Piazzola e Hendrix estão para Paredes assim como Carlos Gardel está para Amália Rodrigues.
“Daqui a uns anos, já ninguém poderá ouvir esta música de guitarras. Isto vai passar”, garantia ele, em entrevista ao Jornal de Letras, em 1981.
Felizmente Paredes era bem melhor a trabalhar o seu instrumento do que a fazer previsões.