Vidrinhos, agora temos vidrinhos, só faltava…
Quando parti o vidro do barco, o barco não tem vidros, é de papel, e eu com sono, também não faz mal. Tem vidro hoje, inventei um vidro no meu barco. No vidro está colado um acetato com as correntes do mar desenhadas, na transparência vejo umas nuvens ao longe, como se o céu tivesse correntes. Mar e céu, imagens gastas; e parto o vidro. Com a mão nua, o punho fechado, o mapa vermelho de pedaços de vidro; mais imagens gastas. Não se inventa nada, só um vidro aqui e ali, para se poder partir depois.
- Um post
- Cof
Cat, não comprometas a viagem à Nova Zelãndia.
O barco não tem remos, de qualquer forma, não são precisos mapas…
A Nova Zelândia é mesmo aqui ao lado, não há problema; o fuso horário é que é mais afastado. 😉
Alfredo. Grisalho. Camisola de jersei azul e sobre a camisola o pesado casacão preto. As calças azuis, irrepreensíveis, com um vinco exacto. O cachimbo, objecto de todos os desvelos, permanentemente aceso. Botinas de cabedal preto sempre a brilhar. O boné, com a âncora sempre brilhante, colocado com a exacta inclinação de treze graus. A barba impecavelmente aparada. Os óculos de meia cana pendurados na ponta do nariz.
A cabine de navegação espantosamente arrumada. Os mapas da costa em cima da mesa. As réguas e os sextantes cuidadosamente colocados nos seus lugares. O diário de bordo, elaborado com uma letra cuidada, reflectia, com exactidão a passagem do tempo, os acidentes, incidentes e outros acasos de uma navegação cuidada. Uma recusa sistemática, vinda do fundo do seu ser, bania, de forma definitiva, toda a panóplia de aparelhagem electrónica que é uso ver nestas cabines. Nem radar, nem GPS, nem radiofarol. Nada. Rigorosamente nada. Apenas os bons velhos instrumentos de marinha.
Alfredo passava todo o seu tempo nesta cabine. Planeava aqui as suas viagens e dirigia, com mão firme e com a autoridade de velho lobo-do-mar, a sua embarcação. Falava raramente com a tripulação. Todas as ordens eram transmitidas ao seu Imediato. Contava já com quatro voltas ao Mundo, uma das quais sem escalas. Gostava sobretudo de ficar na ponte em dia de tempestade, com o vento a zunir lá fora, a água a bater, violenta, nas vidraças.
Havia apenas uma coisa que o enfurecia.
Quando a Mãe o interrompia nestas suas viagens, com a voz doce de todas as mães: -Alfredo, vem tomar os comprimidos.
É o cúmulo! Então inventas para destruir? Crias para destruir? Ai, ai… Onde é que já vi isso…
Ah, aproveito para avisar que já consigo publicar, de novo!
Irmã, não inventes vidros e barreiras onde elas não devem existir. Assim, não terás de os partir.
Isto pega-se :-)))
Realmente, cap, nada é longe com o google ao lado…;)
SCita, um gajo até fica de cara à banda, pá! Correndo o risco de ser repetitiva, o teu comentário é o melhor post dos últimos tempos aqui da tasca.
Claro, Pintelho, assim ao menos não destruo o que é de outros
Já lá vou ver isso (hoje o dia está complicado…)
Frei, antes as inventadas. E sempre se vai treinando para as outras. 😉
Partiste uma janela, Robina? 😉
Antes um vidro que um muro de betão. 😉
Não, estava a referir-me à veia poética que ultimamente tem afectado este universo :-))))
Sim, porque o outro só de picareta e, às vezes, nem isso, Duende.
Ah, Robina, essa!
Bom, aqui pelo universo desta tasca sempre foi (e agora aquela expressão muitas vezes usada) recorrente na linha editorial…;)
Sim senhora, ganda expressão! :-))))
É uma expressão recorrente…;)
Só te digo que valeu a pena os estilhaços para ler o post (também acho que é post) da Santa Cita! 😉
DO Santa Cita, Maré.
É post e ele já o colocou no blog dele, ainda bem.
(senão punha eu aqui, se me autorizasse).
Caneco!
As coisas que um gajo descobre neste tasco, Cat!
O SCita é mesmo uma caixinha de surpresas…mas tu também tens crédito nessa inspiração…;-))))
Oh Cat, tu mulher estás sempre autorizada. Fazes o que te aprouver.
Podes crer, Mar, dá vontade de escrever mais das minhas tontarias só para ter comentários/posts como aquele!
SCita, obrigada.