100nada


O problema do sms blog

O problema de actualizar o blog na app (WordPress da Automattic, cinco estrelas) é que acaba por ser um sms ou parecido. Não que não se possa escrever muito ou que eu não consiga escrever um texto longo sem ser em teclado normal. Mas o meio (como sempre) determina a forma e eu já sou um bocado telegráfica (stop). Mas siga, é no blog, a coisa mexe, já é melhor que nada. Evidentemente, nada sobre nada que não seja despersonalizado. Isso é para listas restritas ou grupos no FB. Longe vai o tempo do pensamento interior no blog; interiores aqui, só cortinas – vulgo, themes novos e afins – que tratarei a seu tempo, por desporto apenas ou gozo de mexer no CSS ou o que seja, já que ninguém liga a templates na era dos readers e networked blogs.
De resto, saravás e olás ou idebusfuderes, consoante o leitor.




Recado ao dono do carro ao qual escavaquei o para-choques

Exmo Sr, lamento imenso o estado em que terá ficado o para-choques do seu carro. Percebe-se que era estimado, para-choques e restante carroceria, o que denota um proprietário cuidadoso. Por esse mesmo motivo, causa-me enorme surpresa que vexa., aparentando ser tão cioso do seu automóvel, tenha apresentado uma enorme falta de perspicácia no que diz respeito ao restante parque automóvel em geral e em concreto, àquelas viaturas que estão mais perto: aí a uns vinte centímetros ou assim. Vexa. deveria primeiro verificar, antes de estacionar colado ao carro da frente, se o dito aparentava ser propriedade de pessoa com cuidados semelhantes ou se, pelo contrário, teria uma dona que não ligaria muito a todos os cento e cinquenta riscos e pequenas mossas e até algumas maiores, mormente uma provocada por camião TIR cujo condutor ia a dormir. Não. Vexa. demonstrou, de facto, uma enorme capacidade para enfiar o Rossio na Betesga, quando estacionou mas, infelizmente, estacionou colado ao meu carro. Daí que, ainda lá estando o seu lindo carroço quando quis eu tirar o meu, tive que recorrer ao estratagema dar um toque no da frente, dar um toque no de trás. O da frente levou menos toques porque estava a uma distância mais prudente, o seu, ali pespegado no meu para-choques, levou mais pancada. Ainda por cima, a lei da gravidade também não ajudou mesmo nada. Espero que tenha aprendido a lição de nunca mais estacionar, a subir, colado a um carro cuja lata não está já como veio de origem; ou então, o mais provável, terá sido ter dito muitos palavrões e não ter aprendido nada. É por isso que as pessoas não evoluem.

Se eu encontrar mais algum bocado do seu para-choques, amanhã entrego no café mais próximo.





Árvore de Natal

E mais a tralha toda, as bolas, as fitas, as luzes, os bonecos. E presentes e embrulhos e fita cola e tesoura e laços e presépio e estrela e anjo e doces (não fui eu que fiz e também não fiz bolachas). Mas canto aos berros no carro todos os jingóbels, não me aborreço com as pessoas na rua, farto-me de refilar com todas as merdas não relacionadas com Natal (olarilolés natalícios não significam mudança de personalidade) e rio-me imenso também, todos os dias, a todas as horas. Tenho tempo e espaço para o Natal, tenho tempo e espaço para montar a tenda, tenho tempo e espaço para refilar, tenho tempo e espaço para me rir às gargalhadas com as pessoas de quem gosto.

Se balanço há a fazer, então é esse, o do tempo e do espaço para as pessoas de quem gosto. Foi um ano de Natal cheio de coisas boas. É isso que vos desejo, família, amigos, leitores: que o vosso Natal seja muito feliz e que o próximo ano seja um ano de Natal. Porque todas as coisas boas da vida não têm preço, não custam dinheiro e basta começar (ou recomeçar) a rir, às gargalhadas grandes, enormes, sentidas, as que nos saltam do fundo da alma, para percebermos que esse Natal que dura um ano são os dias felizes com as nossas pessoas.