100nada

análise política 100nada (2)

nota: de cinco em cinco anos, tendo sido a (1) em 2004

Assim, sem grandes flores ou voltinhas, aquilo que se me apraz dizer sobre algumas coisas, a começar por

1. Porque é que o PS vai ganhar outra vez as eleições e o Freeportgate não interessa nem ao Menino Jesus:

Calha que em democracia, assim ensino ao meu fiho de oito anos, cada vez que vai às urnas comigo e lhe mostro as cruzes ou quando me pergunta quem é que manda em nós, toda a gente (portuguesa, maior de dezoito anos e viva, aqui se incluindo alguns mortos) escolhe, ganha a opinião da maioria e o resto acata, com algum respeito pelo princípio e uma grande barulheira porque afinal não era nada daquilo. Tenho algumas dúvidas sobre este sistema, mas isso é por ser uma arrogante e elitista de merda, a quem faz alguma aflição que o destino de um país seja decidido por uma cambada de mentecaptos que não acredita em quase nada à excepção daquilo que ouve na taberna ou no café ou na retrosaria da esquina. Adiante, que não sendo um sistema perfeito, também não estou a ver como implementar outro, é o que há.

Dentro dessa realidade, de uma sistema democrático num país de carneiros semi-analfabetos, é por demais evidente que (começando pelo Freeport, que está na moda) a maioria das pessoas se está absolutamente a cagar que se tenha feito um centro comercial ou lá o que é , numa zona onde umas pobres cegonhas, tucanos ou caracóis das algas tinham o seu habitat natural e onde o tio do primo do amigo de um pobre homem vítima de cabalas trocou umas amabilidades com uns senhores. Ou coisa assim. Por amor de Deus, alguém está preocupado com isto? Estamos a ver os tipos todos da fábrica de linhas e agulhas de Cu de Judas de Baixo que vai fechar e vão para o desemprego, preocupados com um sítio onde há umas lojas mais baratas pra lá do Tejo, que está num embróglio?! Os pais todos dos miúdos que vão ter Magalhães querem lá saber disso! Querem é saber se a fábrica sempre fecha e se o Magalhães chega antes do final do ano lectivo.

E Sócrates está perfeitamente ciente disto. O PM pode ter montanhas de defeitos, mas de tolo não tem nada. Sabe perfeitamente que 1. esta crise vem ainda a tempo de ser controlada até às eleições, que 2. quem está interessado neste embróglio é uma classe pensadora politico-elitista e que 3. o povão ainda desconfia mais quando os iluminados discutem muito alguma coisa, porque para o povão não há almoços grátis e se tanta malta berra tanta coisa complicada de entender, é porque alguma coisa irá ganhar com isso. Trocado por miúdos: um tipo de um partido de oposição que “tenta manchar a reputação do PM” não tem isenção suficiente para ter uma visão clara: o PM usa esse argumento da cabala e a rapaziada da taberna concorda, até porque toda a gente tem um primo a quem “fizeram a folha” para lhe ficar com o emprego. Ainda haverá gente com pena, um rapaz tão dedicado que até dá Magalhães aos miúdos, a par com inglês e cursos de 3 meses de primária e liceu completo aos pais que não puderam completar os estudos, ocupados que estavam a cavar batatas e a mudar a embalagem do tapete x para o tapete y numa qualquer linha de montagem.

Faltam uns meses para a eleições e tirando o circo do Freeport que vai morrer na praia, há agora este tempo para, finalmente, fazer campanha a sério. Não sei por onde, já que Cavaco se ocupou das estradas todas e o Salazar já tinha feito as escolas, mas desconfio que vai chover milho aos pardais e os pardais serão reconhecidos. Repare-se que a conjuntura é favorável a Sócrates. Sim, leram bem, favorável. Temos uma crise económica que serve (para muita coisa mas neste contexto) essencialmente para duas coisas: para desculpa de tudo o que correr mal e para desculpa de tudo o que correr bem. Em termos económicos, a verdade pura e dura desta crise, é a seguinte: quem tem emprego fica melhor. Preços mais baixos e taxas de juros a descerem? É preciso mais alguma coisa num país onde mais de metade do orçamento das famílias vai para o empréstimo à habitação? E o resto, a ser gasto no supermercado e afins, com preços sem subidas ou com descidas e ganhando-se o mesmo, o que é que sobra no fim do mês? Mais, pois é. Sobra mais. Podem ter a certeza que isso não será uma mera consequência da conjuntura económica, mas sim fruto do esforço de um governo empenhado em dar o melhor às famílias e etc e tal. E então, quem é que paga isto? Porque claro que sobra para alguém, esta “melhoria” das condições de vida de quem tem emprego estável. Sobra para os outros, aqueles que constituem aquela vaga percentagem (que até parece baixa e nem sobe assim tanto, vá, 1, 2%) de desemprego. Faça-se as contas e teremos mais umas centenas de milhares de pessoas com uma mão à frente e outra atrás, a viver do banco alimentar, mas isso, meus amigos, é a crise internacional, a crise mundial, até estamos melhores que os outros, olhe-se para a percentagem e eis como uma crise consegue desculpar tudo e é catapulta para mais uns anos de governo do mesmo partido.

Não acredito que tenha maioria absoluta mas que ganha a eleições, sem qualquer dúvida, até porque

2. A oposição é a mesma palhaçada do costume.

Não sei onde estaria eu com a cabeça quando aqui disse alto e bom som que, se MFL ganhasse no congresso, haveria de ser a próxima PM com a ajuda do meu voto. Se eu ainda tivesse capacidade de me decepcionar com alguém, MFL teria ganho todos os meus pontos negativos e mais alguns. O seu silêncio começou bem mas chegou a um ponto em que se tornou absolutamente ensurdecedor. Mais! não só chegou a esse ponto como ainda conseguiu ultrapassá-lo, passando a ser interrompido com ruído produzido sabe-se lá de onde, com a extraordinária faculdade de ser sempre o ruído errado na altura incorrecta. Um absoluto flop, MFL, mas dentro daquele partido de cães raivosos, pergunto-me se não seria a única forma de se agarrar à cadeira. Costuma-se dizer nas empresas que o empregado exemplar é aquele que não faz absolutamente nada porque, dessa forma, nunca erra e não há por onde lhe pegar. MFL é uma espécie de não coiso nem sai de cima, assegurando assim que não há dedos que se lhe possam ser apontados, assim de forma muito agressiva. Claro que não ganha coisa nenhuma com isso, ou pelo menos, não ganha eleições. Agora, quase tenho pena que não tenha ganho o garoto mais novinho que, pelo menos, tem sangue na guelra, mas suspeito que não tivesse estaleca e protecção suficiente nas costas, a ter ganho as eleições do PSD. Mais uns anos de oposição, quem sabe, a rapaziada da velha guarda morra politicamente e haja lugar para sangue fresco sem ser muito derramado. Mas…mesmo assim, tenho algumas dúvidas, dado que aquele partido é onde mais gente se empurra, pisa e mata, para ter o seu lugar ao sol.

Quanto aos outros partidos, giro giro é ver o PC ganhar alento com aquele rapaz de 150 anos em cada perna à frente. Não há dúvida que é um partido onde o carisma, mais do que as ideias, ganha sempre e em que o camarada Cunhal deixou a sua marca. Recuperada a cassete do pós 25 de Abril, a coisa ainda mexe, o que só vem provar que a malta continua a frequentar cafés na margem sul. Menos mal, são menos que fecham.

O BE, sinceramente, enjoei por completo. Desta vez juro que, nem por ser do contra e para evitar a maioria absoluta, desço a rua indecisa entre esse e o PP. Ambos fazem uma oposição engraçada, as duas igualmente betinhas e com muita pena dos pobrezinhos, doentes e desamparados, género sucedâneo político da caridade cristã Porta-a-Porta. São bons rapazes, no fundo e sem qualquer ironia de espécie alguma. Só estou mesmo farta do BE porque se tornou uma moda e eu não tenho qualquer paciência para bairro-altismos intelectualmente superiores; antes a caridade mais assumida da direita que esta de esquerda de superioridade coitadista. Jamais em tempo algum quereria ver qualquer deles no governo, seria a desgraça completa, mas são úteis como oposição e fazem uma algazarra mais eficaz que o PSD, ocupado que está nas questões internas de sempre.

Sobra alguma coisa? O MEP. Já é partido? Penso que sim. É um movimento e tem (pelo menos) dois gajos honestos que conheço, um deles desde que nasceu. Dado que o sei pessoa de bem, pois a ver. Deixá-los crescer, talvez com o meu voto, havendo oportunidade, uma vez que ainda acredito nas instituições, não votar está fora de questão (quanto mais não fosse pelo respeito e admiração que me merecem aqueles que lutaram pela democracia neste país) e votar em branco parece-me sempre cretino, porque se um gajo não está contente com nada, levanta os braços e faz qualquer coisa em vez de esperar que sejam os outros a fazer (que é o que eu faço, porque bem prega Frei Tomás, mas, apesar de tudo, tenho a consciência que tenho sempre votado por – ou para tentar evitar – alguma coisa; “branco” parece-me pouco demais).

Ainda ia escrever sobre o PR. Mas ainda é cedo e assim escuso de escrever a próxima análise política daqui a 5 anos, posso escrever antes.


Tempestades e Bach

Talvez porque estas noites assim me tragam outras tempestades, talvez porque a natureza em alvoroço me arranque da terra onde sou – sempre – enraizada, lavradora de árvores, árvore eu, pequena, macieira de maçãs agrestes, a voar (sempre aos ais que me foge o chão) e me leve para o lado da água e do mar e me acorde um lado de marinheiro, a voar espavorida aos ais que me foge o chão e se me caem as maçãs, mas levada e encantada com a paisagem, que uma macieira vê crescer a erva e as plantas, as couves e tem ali os caracóis e as alvéolas e estorninhos por perto, mas não vê de cima o mar.


Põe-te bom, caralho!

Não tivesses escrito sobre o assunto e eu ficava calada, mas já que consegues postar a partir de Santa Marta, daqui mando o recado para te pores bom depressa. Foda-se, não tens idade para solipantas pá. Essas merdas são para gajos que já têm uma porrada de anos atrás deles e que estão completamente carecas, vá, a fazer a vida negra aos bisnetos e assim. Portanto, põe-te fino depressa, meu amigo, que a tua rainha, que é a mulher mais corajosa e a melhor pessoa que eu conheço, está em casa à espera e ainda se consegue rir e tudo. Anda lá, a sério. As melhoras rápidas que, sinceramente, embora os velhos com quem partilhas o quarto possam dar bons posts, prefiro os dos Marias.


SPM – não aguento isto, pá!

Todas as minhas amigas estão a ter ataques brutais de SPM, caneco! Antes, durante e depois, é uma verdadeira tragédia!

Não sei se é lá do tempo escuro e cinzento que não ajuda, dos casacos que não deixam ver os decotes, do cabelo que fica uma merda absoluta com esta chuva miudinha, dos saltos que se enfiam nas poças de água, dos espelhos que se embaciam antes que se consiga retocar a pintura no semáforo (não, não estava a retocar a coisa quando levei com o rapaz simpático “desculpe, desculpe, claro que sou culpado!” em cima hoje, senão agora tinha um baton espetado no céu da boca, para além de um pára-choques todo fodido), das carteiras que não escapam às manchas, dos guarda-chuvas favoritos que se esquecem nos suportes das portas das lojas e restaurantes quando saímos numa aberta, talvez seja disso tudo, talvez apenas o cinzento escuro dos dias misturado com hormonas explosivas à procura de melhor tempo.

O que é certo é que não se aturam, eu incluída, um verdadeiro inferno de dramas descomunais. Este é o inverno de todos os descontentamentos, desgostos, desânimos, tristezas, discussões, silêncios, desabafos, encolheres de ombros, gritos, lágrimas, enfim tudo aquilo que (não se aguenta, pá!) faz parte deste destino, o único de facto difícil de escapar, já que não se foge da natureza própria e as (putas das) hormonas são incrivelmente ditadoras (nestas merdas).

Agarramo-nos umas ás outras, é a única hipótese que temos, apoiadas e abraçadas e aos mimos e beijinhos e festinhas no cabelo, uma choradeira colectiva, um inferno feminino, empurramo-nos para a frente com a frase mágica “essa porra é hormonas, caralho, não as oiças, não ligues, luta contra isso, pá!” (que, vou já avisando, só funciona de mulher para mulher, nunca jamais em tempo algum se aceita um conselho desses proveniente de homem; é imediatamente acolhido com mais uns pratos a voar na direcção do infeliz que teve a brilhante ideia de nos colocar ao nível de uma fêmea – “o cabrão, já viste? não lhe admito!” ovariana). E vamos sobrevivendo, aguentando-nos umas às outras, porque daqui a um tempo será a nossa vez, em solidariedade de gineceu.

Uns vidrinhos, todas, enfim. Os incautos que hibernem ou ofereçam mimos, chocolates e flores.
No mínimo.


Blip (tudo o que quer saber – e eu também)

A bem dizer, este post não deveria estar aqui e sim noutra altura, mas siga, vai antes daquilo que eu tinha ideia de fazer, já que tá tudo a endoidecer com o blip.fm e a querer saber o que é e como se faz para aderir.

Bom, aquilo é um coiso – o que é sempre uma boa forma de classificar um…coiso – onde uma pessoa se inscreve, passa a ser um DJ (como eles dizem), e depois é escolher a música que se gosta de uma enorme base de dados (ou colocar um url para onde a nossa favorita está) e blipar, ie, divulgar aquele blip (aquela música que escolhemos) onde quisermos. No Twitter é automático, no resto é mais copy/paste o link. Ora ide lá ver, leiam as FAQs e façam uma vez e depois digam-me que não é giro.

PS: props é uma pontuação que se dá ao que se gosta.

PS2: lá vou eu linkar outra vez o Vasco Campilho que me ensinou como fazer da primeira vez e o Mário Pires que me tem dado umas dicas e ajudas. :)

PS3: a Ana Lutetia está a tratar de distribuir o vício pelo Plurk as we speak.




Blip.fm ou não tinham nada que fazer? :)

Então, aqui vai mais um vício para contribuir para o entretenimento global e o fim da blogsfera as we know it. Com uma vénia e um beijo (posso?) ao Vasco Campilho, que me ensinou, no Twitter, como é que se faz isto.

Ora é só ir ao Blip.fm e seguir os passos.

E, claro, como sou gaja não podia deixar de começar “dijaiar” isto:

Rádio 100nada, 1º blip

cuja tradução livre é

estou a precisar de gajo, mas que não fique para o pequeno almoço que isso já dá uma grande maçada