…isto de escrever posts com o estômago vazio enquanto vejo o Culinária a debitar receitas na página do weblog (desde manhã tem sido sopas atrás de sopas), é o que dá, estraga-me este maravilhoso bom feitio que tenho…
Mais uma voltinha mais uma viagem
Eu devia ler mais vezes o Blasfémias, mas esqueço-me. O que é uma pena, reconheço de quando em quando. Perco assim verdadeiras lições de vida empresarial como esta, que encontrei via Anarca:
“Note-se que a participação numa actividade económica legal e lucrativa é incompatível com a participação no mundo do crime porque, por razões óbvias, os agentes económicos valorizam a honestidade dos seus colaboradores e parceiros de negócio. As barreiras à mobilidade social como o salário mínimo impedem a entrada dos mais pobres no mundo do trabalho e dos negócios, o qual, por necessidade de quem nele quer prosperar, é uma escola de virtudes.”
Assim que li isto, sabe-se lá porquê, ocorreu-me o nome João Miranda e pimba, um tiro num barco de um cano. Depois pensei, é irónico, isto é uma fina anedota, só pode! E a seguir, qual não é o meu espanto, quando espreito os comentários e não é que era mesmo a sério???
Não, amigos, este post não se trata de bota abaixismo! Mas é que alguns dos meus leitores são gestores de empresas, economistas (como o João Miranda, isto é, com o mesmo curso do João Miranda), engenheiros até, e têm profissões sisudas e sérias. (é que a coisa na vida real não é exactamente como a encíclica ali em cima.) E qualquer oportunidade que os faça cair da cadeira a rir, durante o dia, é sempre bem vinda.
A vida para além dos posts
verifica-se com um grau de intensidade grande em dois dos posts abaixo, onde se discute alegremente a forma como dar nós à volta das cerejas com a língua e as virtudes e malefícios do tabaco e outras coisas assim. Gosto de pensar que não se trata de um blog-chat (só lhe chama isso quem nunca passou por chat algum), mas de uma desconversa constante, um desviar de atenção – muitas vezes propositado – do tema do post em questão. Os desígnios dos comentadores, tão misteriosos que são. Gosto mesmo que assim seja.
Coisas que me deixam bem disposta logo de manhã
que o brilhante Dragrão tenha dedicado um pouco da sua prosa (das mais verrinosas da blogsfera, na qual eu me vicio todos os dias com imensa admiração) a este humilde tasco, ao post de baixo em concreto. Acreditem ou não, não percebo se me está a zurzir (mas desconfio bem que sim, dada a linha editorial do Dragoscópio) ou nem por isso: mas é um texto tão bem escrito, com um humor e uma ironia tão acutilantes que uma pessoa, mesmo levando na cabeça à força toda, não consegue parar de rir. E de exclamar um grande ‘bem haja’, porque assim, mesmo em pólos opostos, vale a pena esgrimir palavras.
(momento de pulinhos alegres: ele lê isto! ele lê isto!)
Coisas que me deixam intrigada
Não sei se já repararam (ahahahahah) mas passa-se uma coisa curiosíssima na blogsfera, esta nossa blogsferinha que vai sendo levada em manada por ondas de moda, manada esta no caso concreto, composta por blogs eu-cá-sou-muito-outsider-e-só-leio-os-clássicos-quando-não-estou-a-derramar-sobre-vós-marabunta-ralé-cambada-de-ignaros-as-pérolas-do-meu-conhecimento. E as pérolas, claro, das verdadeiras, criadas em mar real, dentro de ostras alimentadas a areia sem qualquer vestígio de poluição literária, korror, pechisbeque, eu, nunca! Essas pérolas de plástico, feitas em Taiwan (ou na Prateleira Picheleira literária) não merecem senão ser abatidas a tiros de desprezo, de escárnio e de sobranceria, nós que somos bons não queremos, temos direito a julgar e todos os que gostam das tais pérolas ranhosas, pois ranhosos também, claro, e batemos os martelos do alto da nossa sabedoria excelentíssima.
Chamando os bois pelos nomes, refiro-me à onda mais in entre algumas das nossas estrelas intelectuais blogsféricas que, por qualquer razão inexplicável (a mim sinceramente também me escapa!), se encontram nas galáxias mais perdidas e desconhecidas deste universo virtual: a quase literal queima dos livros nascidos de blogs. Não há blogger que não domine de trás para a frente pois o seu Cervantezinho, o seu Joycezinho, até um Homerozinho e mais meia dúzia de escritores, poetas e filósofos cujas citações, aplicadas a propósito (e sem ser também) podem ser encontradas com a ajuda de qualquer pesquisa no google, que não queira chegar um fósforo a uma quantidade considerável de acendalhas colocadas sob a pilha dos horrores que nascem como cogumelos da semente dos blogs. São todos iguais, todos péssimos, merdosos, sem qualquer ponta por onde se lhes pegue, sem qualidade, sem interesse, escritos por merdosos péssimos sem ponta por onde se lhes pegue e sem qualidade ou interesse, enfim, chegue-se-lhes o fósforo e queime-se tudo isso, que o facto de esses blogs terem sido considerados pelos leitores e referências como bons, muito bons, excelentes, excepcionais, isso não interessa nada. Ou é Homero ou então não merece viver, consideram esses bloggers. Aliás consideram e escrevem isso mesmo nos seus blogs, talvez não tão cruamente, mas de forma indirecta, melíflua, os coitaditos dos pobres que publicaram, a vergonha que deram aos progenitores, não são Joycezinhos, esses pobres de espírito que nos envergonham a todos, escrevem eles nos seus blogs. Escrevem nos seus blogs. Não sei se os leitores estão a entender esta repetição: os juízes da escrita alheia, aos quais não se conhece opinião sobre qualquer outra coisa que esteja nos escaparates das livrarias, escrevem nos seus blogs (repito mais uma vez) que os livros nascidos de blogs são uma merda. Os seus eventuais, potenciais, esquecidos, cruelmente ignorados, livros que nascessem dos seus excelsos blogs, esses seriam os que deveriam ser publicados…digo eu, mas se calhar até estou enganada sobre a natureza humana e na verdade, tais opiniões são apenas e só uma tentativa de melhorar, com árduo e tão (mas tão!) desprezado (principalmente por editores) esforço, o estado da literatura mundial em geral e da portuguesa em particular.
Ah, não sei porque me fui eu lembrar agora de La Fontaine!
As coisas que 'nunca' aconteceram
Alertada por telefonema, vou ler um comentário num blog amigo, que me falhou por qualquer razão. Apesar do aviso sobre o assunto, fico absolutamente siderada. Copio o comentário para a minha memória, para a minha história. Não o copio para aqui, pois a autora podia não querer, por ser a história dela. A história dela, quando era ainda uma criança, a quem ofereceram, junto com pancada, o poder de vida ou morte de um adulto querido. Peço desculpa de trazer isto para aqui. É só uma marca para mim; tudo o resto, aquilo que me vai na alma depois de ler, escondido.
Às vezes, tenho vergonha de pertencer à mesma raça humana que algumas criaturas que vivem de ódio cego.
Regressando à tontaria
pois os clientes não perdoam e assim o esperam. Coisa pouca, dita assim para o lado, num intervalo entre uma chatice e outra maçada, coisas sérias e pesadas, por que raio havemos nós de povoar também os entretantos de seriedades, não é? Lá vamos cantando e rindo, porque não, só muda a cantiga, o suposto empedernido, esse, de betão armado agora, construção moderna, vidros à prova de bala, gente à prova de vidros, prossegue sempre, enraizado até à medula. Mas de tontaria se trata o post, cuspamos pois para o ar, concursos de escarretas ou de cascas de cerejas, ainda a pingarem um resto de sumo em pleno voo, depois de bem mastigados os vermes que vivem dentro das melhores (nota mental de época: nunca olhar para a metade que sobra se acaso se mordeu uma cereja ao meio, melhor comê-la de uma vez, poupamo-nos ao nojo pior de saber que o verme era tão saboroso).
Regressando pois a uma linha editorial mais antiga deste tasco.
Recado privado
Thanks L., for saving my lunch.
(quando apostam que nem assim vai comentar?)
Falar para as paredes
Não sei para que me dou ao trabalho e depois me aborrecer.
É tão mais simples resolver tudo assim:
Jogo
(anti jogo)