100nada

O dom do insulto mascarado

Como é quase carnaval, lembrei-me de escrever sobre máscaras. Assunto já muito usado, revirado e gasto, mas um gajo não tem obrigação de ser sempre original…

Sou uma apreciadora de bons insultos. Na minha modesta opinião, os bons insultos devem ter vários ingredientes: inteligência bastante, maldade suficiente, algum humor. Gosto de um insulto que me faça desatar a rir, abanar a cabeça e dizer ‘que grande sacana!’ e continuar a respeitar o meu adversário, mesmo sabendo que a faca atingiu o local certo e ainda se está a torcer na ferida. Um gajo, quando assiste a uma boa troca de insultos, aplaude de pé antes de raspar os pedaços dos vencidos do chão. Nem que sejam os próprios.

E um bom insulto dá trabalho e uma pessoa acaba por só os dedicar a quem de facto merece e aprecia.

Depois há toda uma imensa panóplia de insultos de classificações várias, desde os insultos brutos ao chamar nomes, a agressão cretina, a boca para o lado, enfim, toda a gente os conhece.

Mas há uma espécie de insulto que me intriga sempre. É o insulto-graxa. É um insulto muito curioso porque aparece sempre mascarado e a máscara que traz é a máscara da lisonja. É um insulto velado e em muitos casos, é um insulto involuntário. Como se a lisonja fosse transparente e por baixo aparecesse o insulto. Há quem dê por ele, há quem não dê por ele, mas é repetitivo e acaba por cansar. Parece-me que é um insulto um bocadinho carente, um bocadinho inseguro e um bocadinho com medo que isso se note.

Uma espécie de chego-me a ti para apanhar um pozinho de perlimpimpim. Ai é tão lindo este pozinho! Gosto tanto dele! Não te importas que eu aqui esteja, pois não? É que é mesmo bonito!

(e por baixo, a piscar em neon uma pessoa consegue ler eu também era capaz, cabra de merda, sou muito melhor que tu!)

Agora lembrei-me de uma das frases favoritas de uma amiga com quem falei há pouco ao telefone:

– temos pena.


À espera

que chegue Abril para poder postar

April is the cruellest month,breeding
Lilacs out of the dead land, mixing
Memory and desire, stirring
Dull roots with spring rain.

(tenho-o algures lido por ele mesmo, voz gelada)

Mas como não é ainda Abril, escolho

Time for you and time for me,
And time yet for a hundred indecisions,
And for a hundred visions and revisions,
Before the taking of a toast and tea.

(T.S. Elliot)


Caça ao Tesouro

Há um lado meu que nunca cresceu (há quem diga mais do que um, mas isso adiante agora). É o lado mistério e encantamento, o lado fadas bruxas piratas e tesouros, o lado super-heróis, poderes paranormais, naves espaciais, cavaleiros de espadas e outros artures, lobisomens e coisas que go bump in the middle of the night, um lado histórias aos quadradinhos mais Alan Moore que Disney e muitos livros de capas com desenhos esquisitos. Fui fanática de BD (agora não consigo encaixá-la nas prioridades do cabaz de compras, com grande pena minha) e da literatura considerada de segunda até ser traduzida e ficar na moda (quem não leu as Brumas de Avalon que se acuse; ou o Senhor dos Anéis depois de sair o filme) que na contracapa traz o aviso SF/Fantasy. E mais alguma coisita de terror por aqui e por ali.

(vi agora mesmo que na linha de cima cometi um sacrilégio, mas passa)

Claro que uma pessoa assim sabe de cor todas as frases do primeiro Indiana Jones (Start the engine! Start the engine!), bateu palmas quando as bicicletas do ET levantaram voo, ainda se arrepia com os acordes dos Encontros Imediatos, gastou horas e horas de esplanadas de café a discutir monolitos, e toda a vida, secretamente, desejou ser Gente do Amanhã. É a chata que sabe as três leis dos robots sem ter visto o filme e que se irrita solenemente porque umas das personagens mais importantes do Senhor dos Anéis (o observador i.e. o próprio autor transposto para a personagem de Tom Bombadil) ficou de fora do filme.

Esta conversa fiada toda (agora ficava aqui até amanhã a escrever sobre isto) para explicar que adorei o National Treasure.

Tem o Nicholas Cage.
O mau, apesar de loiro, é giro.
Tem o Nicholas Cage.
É uma caça ao tesouro.
Tem o Nicholas Cage.
Não foi poupado exagero nenhum.
Tem o Nicholas Cage.

(tanta conversa, tanta conversa e afinal lá descambei eu…que coisa…)


Tou toda trocada!

Escrevi mais uma posta política de vinte quilómetros de comprimento, ainda nem acabei e já desisti, tou toda trocada! É que estou a tentar defender que o voto em branco é estúpido e não consigo arranjar argumentos.



Miosótis

When you wish upon a star
Makes no difference who you are
Anything your heart desires
Will come to you

If your heart is in your dreams
No request is to extreme
When you wish upon a star
As dreamers do

Fate is kind
She brings to those who love
As sweet fullfillment of their secret drowns
Like a boat out of the blue
Fate steps in and see’s you through

Moma when you wished upon a star
Your dreams come true

Fate is kind
She brings to those who love
As sweet fullfillment of their secret drowns
Like a boat out of the blue
Fate steps in and see’s you through

Baby when you wish upon a star
Your dreams come true
When you wished upon a star
Makes no difference who you are
Your dreams come true

Um beijo de parabéns às duas. :)


Manual do Faz de Conta que se Faz – página 27

Querida Eufigénia,

Os homens são todos iguais. Todos muito prestáveis que ajudam imenso, que fazem o jantar e que arrumam a loiça e levam o lixo e fazem máquinas de roupa e aspiram a casa e limpam o pó e que só não fazem porque nós (mulheres) é que sabemos como se faz melhor e não os deixamos.

Ora então, consulte-se o Manual do Faz de Conta que se Faz. É um Manual apenas passado de homens casados a homens pré-casados, através de fotocópias ou ficheiros pdf, no mais completo segredo e com a promessa de nunca ser mostrado a nenhuma mulher e muito menos a respectiva (encontrei esta cópia no meio de uma data de papéis do banco de 1998 e centenas de pequenos papelinhos – um bocado amachucados – de extractos de multibanco, cartões de visita, contas de bicas, post-its e outros afins, misturados algumas linhas, o que me leva a crer que a proveniência seja de bolsos esvaziados).

Consulte-se a página 27, não sem antes passar pela nota manuscrita da primeira página (verso): um homem deverá seguir todos os preceitos descritos neste manual, se tenciona levar uma vida feliz e sem esforços. Já se começa a perceber onde é que isto nos (os) leva…

Página 27 – Na Cozinha

– nunca se lembre dos sítios onde estão guardados todos os utensílios de cozinha;

– nunca se lembre de qualquer instrução sobre o funcionamento de qualquer utensílio de cozinha;

– na máquina da loiça, os pratos devem ficar todos misturados, os da sopa encaixados nos outros, os copos todos juntos para vibrarem com o funcionamento da máquina e todos os plásticos arrumados mesmo ao lado da resistência; se necessário, tapar com uma tampa a saída de água;

– na máquina da roupa, misturar sempre umas meias vermelhas a toda a roupa branca e lavar tudo a 90 graus.

– no secador de roupa, colocar o dobro do peso e deixar ligado o tempo máximo;

– o ferro de engomar deverá ser colocado em cima do pano da tábua ou até de roupa, sem desligar, enquanto se atende a porta ou um telefonema de propaganda do ADSL;

– as panelas e frigideiras não aderentes devem ser esfregadas com palha de aço;

– idem (palha de aço) para a placa vitrocerâmica;

– o microondas deve sempre ser utilizado de forma a que aquilo que se está a aquecer sofra uma explosão e tenha de ser posteriormente arrancado com acetona;

– todas as migalhas devem ser imediatamente sacudidas para o chão para deixar as bancadas livres;

– o frigorífico deve servir para guardar todos os restos de metades de limão, lá muito escondidos atrás dos iogurtes para quinze dias;

– todas as tampas de manteiga e margarina devem ser cuidadosamente untadas por fora, bem como as garrafas de óleo e azeite;

– a faca do pão deve sempre ser utilizada na manteiga, no doce e no queijo por esta ordem;

– o pão, por sua vez, deverá sempre ser deixado ao ar, principalmente nos dias em que no seguinte não há padarias abertas;

– os pacotes de leite devem ser guardados no frigorífico, na porta, com a parte da abertura fácil arrancada;

– todas as embalagens vazias devem ser espalhadas um pouco por toda a casa;

– o pano da loiça deve ser usado para limpar as bancadas, os cinzeiros vazios e as manchas do chão;

– finalmente, em caso de dúvida, deverá deixar cair ao chão qualquer coisa frágil, de preferência do enxoval dela.

Querida Eufigénia, não se deixe levar por isto. Tem toda a minha solidariedade e, se acaso passar aqui pelo meu humilde tasco, fique sabendo que deixo os comentários abertos, pois estou certa que as leitoras manifestarão também a delas. Porventura, algum comentário masculino contra aquilo que eu aqui descrevo, não se esqueça: na última página deste Manual está apenas escrita a frase:

NEGUE TUDO.

Um grande beijinho e insista sempre. Negue também tudo, diga que não sabe, não se lembra e não pode agora que está a ver o telejornal.
Uma vida não será o suficiente, mas nós mulheres, somos muito persistentes.



Então vamos lá ao tal questionariozinho

1. Have you ever used toys or other things during sex?

Pericaso sim. Uso sempre o mesmo brinquedo (embora em várias versões). É um brinquedo com duas pernas, dois braços, cabeça e outros apêndices diversos que ajudam e animam, para além de outros requisitos básicos, como os mínimos olímpicos, capacidade respiratória e não ter problemas de coração. A imaginação também é simpática, mas essa parte, em faltando, forneço eu.

Quando o brinquedo está gasto ou já muito usado e virado de todos os lados, deito fora e arranjo outro.

2. Would your consider using dildos or other sexual toys in the future?

Uma gaja sabe o futuro. Um gajo nunca sabe. Na eventualidade de não se ter cão, lá terá que se caçar com gato.

3. What is your kinkiest fantasy you have yet to realize?

A melhor foda é sempre a que vem depois. Não ponho de lado a ideia de me apanhar debaixo da mesa da Assembleia Geral do PSD (levando comigo um brinquedo, evidentemente, e de preferência de um partido de oposição) e poder berrar à vontade quando começarem todos a atirar as cadeiras ao responsável pela derrota nas legislativas. A mesa tem é de ter uma saia blindada do lado do público e uma toalha até ao chão para salvaguardar o pudor, a moral e os bons costumes.

4. Who gave you this dildo?

A Soudona Duende, que respondeu ao dela com grande decoro e deverá ter pensado que era uma ideia gira envergonhar-me perante os meus leitores, esquecendo-se por momentos que mantive um dos blogs mais despudorados que ainda por aí andam; como sei que é uma rapariga decente, decidi responder a este questionário de forma a não a ofender.

5. Who are the ones to receive this dildo from you?

Era só o que me faltava enviar dildos. Dava logo uma ideia errada sobre os destinatários e o que lhes pudesse faltar…mas se algum dos meus leitores quiser responder, terei todo o gosto em apreciar as respectivas fugas à questão.

(olha, hoje está-me a apetecer abrir a janela dos comentários a bujardas…)