É um pouco aquilo que leio em toda a parte, do lado dos que apelam ao voto, seja de que lado for.
É certo que sim, é o povo quem mais ordena, neste caso em particular. São as pessoas, nós todos; e não aqueles ‘eles’ que nos habituamos a culpar quando tudo corre mal. Esses eles somos nós agora. E isso, às pessoas que sacodem a poeira do capote, aos que ainda vivem bebaixo de um complexo de estado papá ou aos que pensam que estão acima do estado das coisas e se estão a borrifar, custa. E aos outros, aos que se sentem responsabilizados pela escolha, ainda custa mais.
A mim custa-me imenso. Enerva-me este peso colocado totalmente em cima dos eleitores. Votem que é o vosso direito e a vossa obrigação. É. Mas
aos políticos cabe uma grande parte da responsabilidade. Cabe a parte de se apresentarem como opções, como alguma coisa que mereça crédito, aquele de quatro anos que lhes vai ser oferecido no domingo. E isso não está a acontecer.
Portanto, pela parte que me toca: amanhem-se. Organizem-se para a próxima vez. Está na altura de os partidos que podem formar governos se responsabilizarem também pelo que fazem e apresentam. Isto não é uma brincadeira. Os partidos formam-se para se dedicarem à política, à arte da governação. Não é para benefício próprio. Tanto me chateia que existam políticos como PSL ou Sócrates, manifestamente insuficientes para aquilo que lhes é pedido / oferecido, como me chateia ainda mais que, dentro dos respectivos partidos, existam pessoas muitíssimo capazes que se desmarcaram porque não lhes convinha agora. Aliás, isso é que verdadeiramente me repugna. Estes dois rapazes são o melhorzito que apareceu: os outros, por razões várias, resolveram não dar a cara, preferem ir tratando da vidinha nos bastidores, nas guerrinhas do costume, nos jogos de interesse que têm por finalidade queimar o próximo e não o bem de todos. Eu devo ser uma lírica, realmente, continuando a pensar que a política deveria ser uma coisa de gente de bem e uma arte nobre: ou então é mesmo aquilo que temos e merecemos. E assim sendo, eles também merecem as consequências daquilo em que se tornaram.