A responsabilidade para cima dos eleitores
É um pouco aquilo que leio em toda a parte, do lado dos que apelam ao voto, seja de que lado for.
É certo que sim, é o povo quem mais ordena, neste caso em particular. São as pessoas, nós todos; e não aqueles ‘eles’ que nos habituamos a culpar quando tudo corre mal. Esses eles somos nós agora. E isso, às pessoas que sacodem a poeira do capote, aos que ainda vivem bebaixo de um complexo de estado papá ou aos que pensam que estão acima do estado das coisas e se estão a borrifar, custa. E aos outros, aos que se sentem responsabilizados pela escolha, ainda custa mais.
A mim custa-me imenso. Enerva-me este peso colocado totalmente em cima dos eleitores. Votem que é o vosso direito e a vossa obrigação. É. Mas
aos políticos cabe uma grande parte da responsabilidade. Cabe a parte de se apresentarem como opções, como alguma coisa que mereça crédito, aquele de quatro anos que lhes vai ser oferecido no domingo. E isso não está a acontecer.
Portanto, pela parte que me toca: amanhem-se. Organizem-se para a próxima vez. Está na altura de os partidos que podem formar governos se responsabilizarem também pelo que fazem e apresentam. Isto não é uma brincadeira. Os partidos formam-se para se dedicarem à política, à arte da governação. Não é para benefício próprio. Tanto me chateia que existam políticos como PSL ou Sócrates, manifestamente insuficientes para aquilo que lhes é pedido / oferecido, como me chateia ainda mais que, dentro dos respectivos partidos, existam pessoas muitíssimo capazes que se desmarcaram porque não lhes convinha agora. Aliás, isso é que verdadeiramente me repugna. Estes dois rapazes são o melhorzito que apareceu: os outros, por razões várias, resolveram não dar a cara, preferem ir tratando da vidinha nos bastidores, nas guerrinhas do costume, nos jogos de interesse que têm por finalidade queimar o próximo e não o bem de todos. Eu devo ser uma lírica, realmente, continuando a pensar que a política deveria ser uma coisa de gente de bem e uma arte nobre: ou então é mesmo aquilo que temos e merecemos. E assim sendo, eles também merecem as consequências daquilo em que se tornaram.
- Voto em branco
- Eu sei que tá chato, eu sei, eu sei…
Catarina,
Essa é a parte em que falas para dentro.
Agora fico à espera do post.
Precisava tanto que alguem desmantelasse esta charada, … que eu pudesse dizer: “É isso!”
(Porque raio tenho a sensação de estar na caixa do supermecado a comprar figos podres, os que sobraram, os que me rebentarão a boca)
Eu também fico à espera do post, Eufigénio, mas não há faróis, desta vez. Acho que se vai ter de esperar mais quatro anos…para mim é um desespero saber que tudo isto não termina no domingo, e sim COMEÇA. Nem sequer consigo encontrar o mal menor. No fundo porque as minhas convicções políticas foram traídas, claro.
É de se ficar triste…muito triste!!! Raio de alternativas…
Trabalhos de casa
A ler “A responsabilidade para cima dos eleitores” pela Catarina, no 100nada. Haja ouvidos nos partidos, nos jornais e vontade de coisa melhor, já a partir de dia 21. Independentemente dos resultados das eleições, não há motivo para grandes empolgament…
Eu tenho de concordar que o voto deve entrar na urna, é o nosso dever e a nossa decisão. Mas (há sempre um mas) olhando para as alternativas penso:
-Este serve-me? Nãoo!E este? Também não! Não há ninguém, não há ideias nem saídas… que tristeza
Catarina, compreendo o que queres dizer e subscrevo grande parte.
No que discordo é quando continuas a colocar a questão na dicotomia nós (eleitores) e eles (políticos). Os políticos não são uma classe, nem uma raça à parte. Saem da sociedade civil, do meio de nós, e se são o que são, isso é o retrato da sociedade em que vivemos. Basta olhar à nossa volta… É certo, ainda existem alguns líricos (eu também acho que a política devia ser como tu a descreves, uma arte nobre ao serviço do bem comum) mas estamos em franca minoria.
E o problema é global, não é só em Portugal que ns queixamos da inépcia da classe política. Por toda a parte é o mesmo. É a globalização… LOL
O que me aflige mesmo no meio disto tudo, é que não vejo como as coisas podem mudar. Não vejo mesmo. A sociedade inteira, e a classe política com ela e em especial, precisam de uma renovação, de uma mudança de valores (que digo, de valores, ponto)que só é possível fazer de dentro e é um processo lento e difícil. Que hipóteses disso acontecer se a evolução tem sido sustentadamente, nos últimos anos, nas últimas décadas, precisamente no sentido contrário? Não sei, e aflijo-me.
A única coisa que posso fazer é asumir a minha quota de responsabilidad e fazer o melhor que sei com o que tenho. talvez no dia em que toda a gente tentar o mesmo as coisas possam mudar…