100nada

Staying Alive (very early 80's, linha de Cascais)

Eu explico:

O que está na moda são calças de ganga com botins por fora, de preferência com salto alto e a pele por dentro dobrada na ponta, sweat-shirts às cores da feira de Carcavelos e samarras, esse casaco tão invejado e ambicionado pelas meninas que não os têm e berram com as mães que não vão de kispo nem pensar, nem mortas, então assim só vão de sweat-shirt que nem está frio para Dezembro ou Janeiro. Os cabelos são todos iguais, um nadinha escadeados ou lisos enrolados para dentro, pelos ombros, risco ao lado e umas franjas que vão até ao queixo e têm de ser tiradas da cara a cada dez segundos com um movimento da cabeça para trás. Muito colar de pele com coisas de metal penduradas e argolas nas orelhas e um namorado com moto, cinquentas de escapes de rendimento, tudo sem capacete a bater com os cornos nos postes da Marginal e a morrerem que nem tordos aos desasseis anos, uns dias depois de se atreverem a pedir namoro na última festa da garagem dos pais do não sei quantos que foram passar o fim de semana a Paris ou a Londres e

– olha desculpa podes vir cá fora?
– tá bem.
– queria ter uma conversa contigo
– diz
– aceitas namoro?
– sim

e um beijo meio estúpido a seguir e a rapariga toda contente ou a arrepender-se logo amargamente com a qualidade ou falta dela do dito beijo que sela o namoro e a pensar já que agora vai ter de manter aquilo durante um mínimo de três semanas, que é o tempo de namoro tradicional para não dar mas não ser considerada puta pelo grupo, coisa odiosa porque depois já não há pedidos de namoro, há curtições com os namorados das outras o que é divertido mas fica-se sem amigas para treinar a parte de enrolar os braços e atirar um deles ao ar no quarto, enquanto se comparam franjas e se conversa sobre as outras putas que acabaram ao fim de uma semana, entre festas de fim de semana, em casa umas das outras, depois das aulas.

Para ti, Vieira, que me abriste a caixinha das memórias, com a tua música. Obrigada.





E pronto

É oficial e temos mais uma prima. Nunca tinha visto dois noivos a sairem a correr da igreja, passarem pelas pessoas ainda com o arroz e as pétalas nas mãos sem deixarem tempo para atirar, correrem até ao portão e desaparecerem. Mas lá estavam depois, nas escadas do jardim, e fizemos um belo número de fotografia cantada ” P…., é a terra mais bonita que há em todo o Portugal, tanana taran taran”. Para nota fica também um éfe-érri-á dito por quem parece dizê-lo muito bem há mais de quarenta anos; um cabrito que parece ter caído mal a várias pessoas que acordaram com uma enorme dôr de cabeça; uns miúdos muita mal educados que passaram o tempo a patinar na pista de dança, a correr à volta e a atirarem-se uns aos outros ao chão (não faço ideia quem sejam as mãezinhas que os deixaram fazer tudo aquilo em vez de os amarrar às cadeiras da mesa, francamente! embora uma delas tenha ameaçado várias vezes o filho com a ausência do canal panda por uma semana, mas a criança devia ser surda e a mãe desistiu e ficou a falar sobre o blog dela e outros assuntos como tás a gozar? tás grávida outra vez? não sabes outra vez como aconteceu isso?? e caneco pá! Estão na moda as mini saias mesmo curtas);
e mais coisas mas agora não me lembro…o cabrito também me caiu mal, acho que foi isso…


Depois quando chegarem à minha idade logo me dizem!

O post abaixo – que pertence à categoria dos posts ‘ai, hoje dói-me aqui, caneco!’ – pode ser considerado com um post de categoria inferior, um post de segunda ou mesmo terceira, sem qualquer interesse para o bem da nação e do mundo, da humanidade, da cultura ou do caminho para a elevação da sabedoria.
Nada mais errado.
Já no tempo de uma guerra qualquer que agora não me lembro qual era, havia um tipo, Napoleão ou Hitler ou coisa assim (os factos históricos consultem-nos no google) que por causa da baixa qualidade das botas ou porque os soldados se apanharam no meio do caminho com as chanatas cheias de neve, não conseguiu chegar onde queria e a história do mundo acabou por se escrever de outra forma. A malta pensa que o mundo pula e avança com o cérebro, mas na realidade um par de pés saudáveis faz muita faltinha. Mas isto era só para haver um fundamento mais plausível, porque na realidade me estou nas tintas para o que se passou antes, o que me interessa a mim são os meus ataques e achaques, o resto serve para encher parágrafos em posts. Vocelências, rapaziada nova sem maleitas, uma ressaca aqui, uma dôrzita ali, que também já passei por isso, mal sabem o que o futuro vos reserva passado o cabo dos quarenta. É dói aqui dói ali todo o santo dia é para mim sem molho que me faz mal é ai mais que dois copos não posso é o ai que já não tenho fôlego para estas escadas é tenho uma merda num pé e lá vou eu de sapatolas rasas a um casamento, é o diabo em forma de corpo decadente, pedaços que já faltam, costas curvadas, pés a arrastar e Moscovo cada vez mais longe. Ai vida madrasta…(digam lá se não tenho oitenta anos em cada perna hoje…)

Moscovo? Moscovo?? Onde é que eu fui buscar isto? Tou pior, eu…


É sempre assim

Hoje acordei com uma dôr num pé e pensei, uma bolha que se lixe. À hora do almoço andava coxinha com dores e qual bolha, ossos mesmo…(a PDI que não perdoa ou coisa assim, deve ser gota). Porque raio é que isto me acontece num dia em que tenho de guiar 250 km e véspera de dia de saltos agulha (e muito altos?) Caporra!


Apropriação de autoria de blog

Que se façam plágios de textos de blogs já não é novidade para ninguém, aconteceu a muita gente.
Mas que um tipo, blogger, esteja numa situação qualquer em que ouve falar de blogs, aguce a orelha e participe na conversa como quem não quer a coisa, para ouvir uma criatura discursar sobre blogs e autores e cusquices e de como aquela criatura conhece bem os meandros da blogsfera e domina a coisa e, após troca de cartões de visita, receba um email a enviar já agora o endereço do meu blog e se veja de caras com o link do seuzinho, isso nunca tinha ouvido.
Aconteceu ao TheOldman.