100nada

O meu orgasmo é mais múltiplo que o teu

Já não há cu para todo este gajedo a exigir publicamente um, alguns, mais ou melhores orgasmos. Façam a requisição a quem de direito ou tratem sozinhas do assunto e não chateiem os demais.

mas

também não há cu para o macho latino que passou anos a chamar frígida à parceira quando ela não se vinha ao fim de três apalpadelas, quatro esfregadelas e duas dúzias de bombadas e agora a culpa é dela por não ter exigido mais, ensinado onde se mexia e ter andado a enganá-lo este tempo todo com uns suspiros e outros requebros.
A culpa é sempre das gajas, nada a fazer.

(17.02.06)


Análise comparativa #2

O rácio desceu para 0,77%, o que significa, nos mesmos moldes comparativos, uma tiragem de 1230 exemplares. (note-se que o rácio desce por força da descida do numerador, mantendo-se estável o denominador).
O consumo mantem-se quase exclusivamente interno.

(a comparar as visitas entre o 100nada e o tasco anónimo, 17.02.06)


Análise comparativa

De acordo com o rácio aplicável neste caso (1,24%) e extrapolando para um jornal de grande tiragem (160 mil/semana), verifica-se uma tiragem de 1984 exemplares no caso analisado.
É como comparar o Expresso com a Folha Semanal da Junta de Freguesia Onde Judas Perdeu as Botas. Note-se ainda que, da informação não-estatística disponível, conclui-se que foi consumida internamente cerca de 90% da referida edição.

(a comparar as visitas entre o 100nada e o tasco anónimo, 16.02.06)



O meu problema grave

É esta mania de aperfeiçoar templates por várias vias e opões para depois ficarem todos iguais.

Opões? Ontem era limbrar, hoje é as opões, esta faltinha de prática é no que dá, que isto de andar de bicicleta nunca mais esquece, talvez até seja; mas no andar de blog não se aplica a máxima.

(15.02.06)


De manias e algumas promessas pelo caminho

Creio que, com alguma boa vontade, se pode englobar na “crítica literária” a referência a revistas e outros artigos de consumo mais rápido – pensei eu nisto ontem, quando reparei na Vogue ainda embrulhada no celofane já há uns poucos de dias. Só pensei, evidentemente, nem sequer a posso criticar visto que não a li, mas daí até me lembrar de coisa que me causou algumas comichões (até pela ideia do pó acumulado), foi um segundo ou três:

Há tempos (e ainda corre) andava mais uma das correntes de perguntas nos blogs; estas correntes situam-se entre o passatempo do suplemento dominical do jornal e a total cusquice aos bloggers: uma espécie de ddtc (donde teclas) ou aquela outra sigla dos chats que perguntava logo a idade, o género e o nome, antes de se passar (ou não) à tentativa de obtenção do número de telefone. As pessoas são muito crédulas, realmente: como se na net existissem virtualmente pessoas feias, com buracos na cara ou problemas graves de transpiração, gordas, velhas, de unhaca comprida ou peúga branca. São ou aparentam ser uma data de coisas, físicas e/ou intelectuais e, nos blogs, transparecem ao fim de algum tempo, que são inteligentes ou burras, mas pouco mais. Mas é engraçado verificar que, na maioria dos casos, são até honestas nestes inquéritos e vá de responder com a devida veracidade dos factos.

Só pode mesmo: no questionário das manias, cuja parte requerida do ‘esquisitas’ ou ficou pelo caminho ou realmente as pessoas consideram-se mesmo originais, uma quantidade imensa delas (assim a olhómetro, e dentro do universo analisado, i.e. dos blogs que vi, uns 80%) respondeu que uma das manias era guardar as revistas velhas todas. Ainda bem que carradas de bloggers são detentores de arrecadações potenciais paraísos de peixinhos de prata e outros bicharocos amantes, por assim dizer, de uma boa ou até má prosa: só quer dizer que dispõem de espaço não só para o que é preciso como ainda para aquilo que é totalmente inútil; imaginamos, portanto, que terão também bastantes metros quadrados para guardar todas as nuances que ficam entre o frigorífico e a revista velha. Mas benzós Deus, que essa mania não lembra ao diabo! Só aos bloggers mesmo. Guardar revistas velhas, mas e para quê??? Alguma vez irão consultar a Activa de 1998 ou a Rotas e Destinos de 1995? A TV Guia de 1985 com os resumos das novelas? Uma Teleculinária de outro século, ó mor vai-me lá abaixo à garagem e vê lá se me encontras a receita do pato no forno com pêssego, há-de estar ali para os lados de 2002, lembro-me bem disso, e não demores que já está quase na temperatura mas falta-me saber se os pêssegos são aos bocados ou se se esmagam antes e de caminho se encontrares a TV Cinco Dias traz-ma também que ando a seguir os resumos escritos da novela das seis que nunca consegui ver nesse ano e faltam-me uns números.

Está-se mesmo a ver que sim.

É verdade que também eu ainda tenho alguma dessa tralha: uns números (todos talvez) de uma revista, a única que penso valha a pena guardar: quanto mais não seja para redescobrir que alguns medíocres da nossa praça que apresentam trabalho impresso com menos qualidade que carradas de anónimos que mostram o que valem a troco de nada através deste formato (não é eu! mas já agora, ok e porque não?) em tempos, há muitos anos, eram promessas brilhantes de extraordinária escrita. Ficaram muitos pelo caminho, dando razão ao Peter dos princípios, com os rabos confortavelmente sentados em cima da fama e cuspinhando agora umas merdas para justificar o cheque mensal. Mas eram bons, no tempo da Kapa, isso eram e vale a pena relembrar.

De resto, carregamos bagagem que é sempre a mais, entre tudo aquilo que gostaríamos de guardar (muito disso para nada) apenas por recordação. Mas se essa é já tanta, por que diabo inventamos nós ainda mais tralha para os descendentes deitarem para o Papelão na hora do deixar tudo para trás?

(15.02.06)


Mais livros a precisarem de limpeza

Se há tipo que seja um génio em fc é Stephen Donaldson. Quem é que não se lembra de Thomas Covenant? Ninguém, claro, que ninguém leu, mas adiante; há uns anos largos não havia livraria em Londres ou NY que não tivesse um Covenantzinho nas suas mesas de entrada. Também pudera, o autor foi-se à primeira trilogia “The first chronicles of Thomas Covenant the Unbeliever: Lord Foul’s bane ; The Illearth war ; The power that preserves e siga para a segunda, outra trilogia, claro, que se mantém esta simbologia dos grupos ímpares nas sagas sérias. Só para me lixar também é autor de um ‘díptico’ mas já lá vamos. Thomas Covenant é o clássico anti herói, faz tudo contrariadíssimo. Leproso, abandonado e quase eremita na vida real, é transportado para um outro universo, de fantasia, o mundo medieval e mágico do costume nestas andanças, mas com bastante profundidade. Thomas Covenant, claro, não acredita naquilo e acha que está a delirar: no fundo ele é o leitor a imaginar-se na mesma situação:”isto não me está a acontecer”. Do que me lembro (recorde-se que isto é crítica literária a pelo menos quinze anos de distância), os livros eram bons, muito bons, tanto que depois de os devorar segui para a segunda trilogia. Mais do mesmo, mas entenda-se no bom sentido, embora ao fim de seis volumes uma pessoa comece a ficar vagamente farta de tudo aquilo; mas quem manda ler seguido? Não sei se alguma vez os voltarei a ler e confesso que me fiquei pela primeira vez. Da pesquisa, mais uma vez, reparo que já há mais, pelo menos um primeiro volume de uma terceira série. De culto portanto, nem havia dúvidas, talvez o mande vir mas há outras prioridades.

Já o ‘díptico’, The Mirror of Her Dreams e A Man Rides Through (nem preciso de consultar nada para me lembrar dos títulos) li, reli, reli, reli, reli: era coisa assente que todos os anos regressava àqueles dois. A receita é um pouco a mesma do Thomas Covenant: ela, a heroína pertence ao mundo real embora seja uma pessoa que se considera irreal; não consegue agarrar a realidade da sua existência e claro, ‘cai’ noutro mundo diferente. Cai literalmente, através de um espelho. Há ali uma parcela Alice engraçada, mas apenas no primeiro capítulo é mais visível. Depois, ela e o herói salvam esse mundo que é o dele, mas são os dois completamente toscos: ele assumidamente, ela por ignorância, só fazem asneiras que acabam por dar certo. E é uma história de espelhos que são portas para outros lugares mas contada de uma forma muito original. A reler, evidentemente, é um clássico das minhas memórias.

Guardo o melhor para o fim, como não podia deixar de ser: o Gap Series. Deve ser das coisas melhores que li, neste género. Uma sf opera, suficientemente cheia de naves, planetas, piratas do espaço, andróides e gente má a sério. Os cinco (cinco, número ímpar) livros são uma espiral de versões novas de partes que antes tinhamos assumido como verdades na hstória e chegamos à conclusão, depois de alguns dias de leitura compulsiva com a cabeça à roda de tanta casca da cebola que é arrancada no plot, que somos todos manipulados, personagens e leitores. Muito muito bom, aflitivo até no assumir de preferências por personagens (que são muitas e todas principais) que afinal são do pior que há: quando se lê alguma coisa em que é notório que não há bons nem maus, só interesses divergentes, a coisa torna-se muito interessante. Um dia, com tempo, gostava mesmo de voltar a esses: mas com tempo que não é leitura simples.

(pró que me havia de dar, esta coisa dos textos sobre as minhas estantes, mas estou a gostar)

(14.02.06)


O pó dos livros velhos

Numa das minhas noites de insónia, dei comigo a pensar num livro. Vagamente, só me lembrava que o herói andava para trás e para a frente numa estrada até a um fim do mundo, herói esse um miúdo ou coisa parecida, e mais umas quantas coisas de reis bons desaparecidos e magos maus que tinham tomado o poder. Ou assim. Coisa de quatro da manhã, luz fechada, voltas na cama. Lá me levantei para ir procurar, sempre se ocupa o tempo que teima em não passar quando é de insónias.
Encontrei o que pensava ser e recomecei a ler um livro (o primeiro de uma trilogia, isso eu sabia que era; estes livros regra geral são em trilogias ou, mais raramente em séries de cincos; números pares lembro-me de alguns, aos dois, nunca aos quatro) mas a história não batia nada certo. Para falar verdade, nem batia certo nem errado, não me lembrava de nada daquilo, mas desculpei-me com os anos entre a leitura e o agora e a memória que não dá perdão a esses anos, ou então o contrário. Fosse como fosse e também não era nada cedo, até me interessei, dentro do interesse relativo da tal hora tardia. E depois, o autor, o autor, tinha ideia que não era mau de todo. Publicado em Portugal, que eu saiba, só o piorzinho dele, por modas arturianas, uma série de cinco (lá está), o Pendragon Cycle (não sei como se traduziu isso) dos quais não passei do meio do segundo, creio eu, depois de mastigar a custo o primeiro. Não era mau, mas estava tão farta daquilo e era o tempo dessa moda, o que cheirasse a Avalon era sempre bom. Culpa da Marion Zimmer Bradley, claro, mais as suas Brumas que não havia Natal que não aparecessem num sapato ou noutro. Também não era mau, mas há melhor. Não me lembro é agora e, de qualquer forma, não estou para escrever sobre assunto que ainda hoje me farta. Mas então e voltando ao autor dos tais que recomecei a ler por engano e dos quais não me lembro nem do resumo da contracapa, Steven Lawhead e estes o Dragon King Saga. Até estou curiosa e lá hei-de regressar, um dia com tempo: é raro não me lembrar de absolutamente nada, mas entretanto passam outros à frente, se falamos de releituras: o Empyrion, dois volumes (aqui neste autor há tudo menos em quatros, só para me contrariar no que escrevi mais acima), extraordinários, li e reli e tornei a ler e não me canso daquilo. Para quem gostar de fc, evidentemente, o autor aqui já muito longe do sword and sorcery e ainda mais do arturiano do costume. Falta referir outros que não li e por isso mesmo ficam de fora e ir a correr para o Dream Thief: também me lembro pouco, isto assim em crítica literária não teria futuro eu, mas também não é essa a minha preocupação ou ensejo (cruzes canhoto!): mas sei que, na altura em que o li, bateu com força. Não se pode dizer que é assim fc do mais clássico, não é: um fantástico meio aterrador; e depois coisas de sonhos tratam do imaginário por si mesmas. Muito bom, a reler em primeiro e é já a seguir (na próxima noite de insónias que é para nem conseguir adormecer de todo…pensando melhor talvez à luz do dia seja melhor opção).

Tudo isto para chegar aos tais livros do rapaz para trás e para diante. Empoleirada num escadote a dar a volta às estantes. O problema do espaço ou da falta dele é arrumar livros em três filas até à ponta da prateleira. Para ver os que estão atrás o método é tirar alguns da primeira fila para o lado e ir andando com os outros para cá e para lá até conseguir ler as lombadas todas da fila seguinte; depois aplicar o mesmo método à segunda fila para conseguir ver os livros da terceira. Isto significa que, ao fim de meia dúzia de pesquisas, não há livro que esteja no sítio e, no caso das trilogias, encontra-se sempre o último em primeiro lugar (é um princípio de Peter): foi o que me aconteceu; e lá me apareceu então, apenas por instinto de é isto, é isto mesmo, não me lembrava do nome do autor de todo: claro, porque não escreveu coisa nenhuma que eu conheça senão esta. Mike Jefferies e veja-se que, da pesquisa no Amazon, aparentemente escreveu a continuação. Bem digo eu que para crítico literário vou ali e já volto, mas digamos que em terra de cego e tal e duvido que mais alguém (em seu perfeito juízo) tenha trocado os clássicos por leituras assim, nos tempos em que havia mais tempo para ler (mas que, não sendo infinito, haveria sempre qualquer coisa a ficar pelo caminho). Adiante. Loremasters of Elundium, e o rapaz chama-se Thane. A reler e este sim, já aqui ao meu lado, ainda hoje se possível. Provavelmente não deveria: a opinião que leio aqui é fracota, gente que também leu quando era mais novo e sofreu uma decepção uns anos depois. Datam os meus de 1990, já lá vão uns anos. Acabarei por ler em diagonal: mas quero mesmo confirmar a minha ideia de existir uma parcela de sacrifício nesta história. Não de ir às lágrimas, mais coisa de espinha dorsal. Não é usual no género (refiro-me ao sacrificio, porque espinha dorsal todos os heróis supostamente devem ter).

Todo esta verborreia para chegar ao post em si:

Ali estou eu, no cimo do escadote, livros para um lado, livros para o outro, tira uns, volta a enfiar no espaço disponível já fora de sítio, mãos pretas de pó que limpar a última fila é quando se muda de casa ou de estantes ou as estantes de sítio, a ler lombadas, a ver lombadas partidas de uso e mais voltas, as páginas amareladas, as capas fanadas (o paperback não tem qualidade nenhuma mesmo) e penso: nunca, nunca mais vou reler isto. Não tenho tempo nem para ler o que ainda não li e que gostava de ler, não vou ter para reler o que gostei mas não me parece que valha a pena o gasto de tempo. E é nisto, nesta realidade que bate de vez em quando na prática (porque na teoria toda a gente sabe que não se vai para mais novo) que uma pessoa vê que o tempo não é – de todo – aquela carpete que se estendia sem destino para lá de portas invisíveis.
Agora já se vislumbra a ombreira.
É fodido.

(13.02.06)



Eu e este meu tasco

e mais todas as suas funcionalidades, como os posts para data futura e aquela jigajoga que haveria de guardar os dados de quem comenta mas nunca guarda, faz-me lembrar

Eu e o meu candeeiro

Tenho um candeeiro, daqueles completamente simples à prova de estúpidos, uma ficha para ligar à tomada, um fio com uma pera e uma lâmpada. Ultimamente a pera andava meio avariada e aquilo só acendia com duas sapatadas. Mas funcionava.
O problema é que eu tenho sempre a mania que tudo há-de funcionar melhor, de certeza, se eu fizer assim ou assim. E lá fui eu comprar uma pera nova, naquela, eu? Eu cá tinha uns 12 anos e fui a única rapariga que se inscreveu numa opção de Electricidade no 7º unificado, em Oficinais ou lá o que era aquilo; e fui a primeira a acabar o meu quadro eléctrico! Caixas de derivação? Venham elas! Peras? Mas e o que tem uma pera? Entra o fio de um lado, sai de outro, no meio tem um coiso que corta a corrente e estamos em casa, toca a andar.
Cortei o fio, tirei a pera antiga que era daquelas blindadas com super cimento branco e não dão para abrir e vamos lá então ligar os dois extremos à pera nova…

Caneco, em 30 anos, as peras evoluiram muito! E mais, evoluiram de certeza sob o método português que consiste em complicar imenso o que antes era simples. Tenho eu dois fios com duas pontas na mão (quatro extremidades, portanto) e a pera tem uns duzentos e setenta e oito mil quatrocentos e noventa e seis buracos onde enfiar os ditos fios.

Engoli a humilhação, arrumei tudo de fininho (incluindo o candeeiro que agora sem fio é que não funciona mesmo) e fiquei com uma luz a menos.

Assim vai este meu tasco, mas as suas duzentas e setenta e oito mil quatrocentas e noventa e seis templates que eu vou alterando sempre até rebentarem de vez.