Mais livros a precisarem de limpeza
Se há tipo que seja um génio em fc é Stephen Donaldson. Quem é que não se lembra de Thomas Covenant? Ninguém, claro, que ninguém leu, mas adiante; há uns anos largos não havia livraria em Londres ou NY que não tivesse um Covenantzinho nas suas mesas de entrada. Também pudera, o autor foi-se à primeira trilogia “The first chronicles of Thomas Covenant the Unbeliever: Lord Foul’s bane ; The Illearth war ; The power that preserves” e siga para a segunda, outra trilogia, claro, que se mantém esta simbologia dos grupos ímpares nas sagas sérias. Só para me lixar também é autor de um ‘díptico’ mas já lá vamos. Thomas Covenant é o clássico anti herói, faz tudo contrariadíssimo. Leproso, abandonado e quase eremita na vida real, é transportado para um outro universo, de fantasia, o mundo medieval e mágico do costume nestas andanças, mas com bastante profundidade. Thomas Covenant, claro, não acredita naquilo e acha que está a delirar: no fundo ele é o leitor a imaginar-se na mesma situação:”isto não me está a acontecer”. Do que me lembro (recorde-se que isto é crítica literária a pelo menos quinze anos de distância), os livros eram bons, muito bons, tanto que depois de os devorar segui para a segunda trilogia. Mais do mesmo, mas entenda-se no bom sentido, embora ao fim de seis volumes uma pessoa comece a ficar vagamente farta de tudo aquilo; mas quem manda ler seguido? Não sei se alguma vez os voltarei a ler e confesso que me fiquei pela primeira vez. Da pesquisa, mais uma vez, reparo que já há mais, pelo menos um primeiro volume de uma terceira série. De culto portanto, nem havia dúvidas, talvez o mande vir mas há outras prioridades.
Já o ‘díptico’, The Mirror of Her Dreams e A Man Rides Through (nem preciso de consultar nada para me lembrar dos títulos) li, reli, reli, reli, reli: era coisa assente que todos os anos regressava àqueles dois. A receita é um pouco a mesma do Thomas Covenant: ela, a heroína pertence ao mundo real embora seja uma pessoa que se considera irreal; não consegue agarrar a realidade da sua existência e claro, ‘cai’ noutro mundo diferente. Cai literalmente, através de um espelho. Há ali uma parcela Alice engraçada, mas apenas no primeiro capítulo é mais visível. Depois, ela e o herói salvam esse mundo que é o dele, mas são os dois completamente toscos: ele assumidamente, ela por ignorância, só fazem asneiras que acabam por dar certo. E é uma história de espelhos que são portas para outros lugares mas contada de uma forma muito original. A reler, evidentemente, é um clássico das minhas memórias.
Guardo o melhor para o fim, como não podia deixar de ser: o Gap Series. Deve ser das coisas melhores que li, neste género. Uma sf opera, suficientemente cheia de naves, planetas, piratas do espaço, andróides e gente má a sério. Os cinco (cinco, número ímpar) livros são uma espiral de versões novas de partes que antes tinhamos assumido como verdades na hstória e chegamos à conclusão, depois de alguns dias de leitura compulsiva com a cabeça à roda de tanta casca da cebola que é arrancada no plot, que somos todos manipulados, personagens e leitores. Muito muito bom, aflitivo até no assumir de preferências por personagens (que são muitas e todas principais) que afinal são do pior que há: quando se lê alguma coisa em que é notório que não há bons nem maus, só interesses divergentes, a coisa torna-se muito interessante. Um dia, com tempo, gostava mesmo de voltar a esses: mas com tempo que não é leitura simples.
(pró que me havia de dar, esta coisa dos textos sobre as minhas estantes, mas estou a gostar)
(14.02.06)
- O pó dos livros velhos
- De manias e algumas promessas pelo caminho
Eu tb. Muito!
(com licença, vou subir, que isto hoje vai mesmo ser uma barrigada das boas … desmarcar a reunião das 9h da manhã, não esquecer)
Bem, havendo um leitor interessado, posso continuar a cozinhar posts longos e chatos como estes, sobre literatura de capa e espada.
Como este poste já têm uns meses não sei se vai ver isto… de qualquer maneira vou dizer o que tenho a dizer por descargo de consciência.
Encontrei o seu blog quando numa pesquisa no google por Stephen Donaldson, o seu era basicamente o unico link em português. Quando o blog abriu e vi a quote do douglas adams percebi que estava no sitio certo. Mais parvo fiquei quando me salta á vista palavras como como Pendragon e Dragon king Saga e Dream thief…. Stephen Lawhead…. basicamente vi todos os titulos que fizeram parte da minha bilbioteca e da minha vida como adolescente.
Estou a dizer-lhe isto porque não é facil encontrar alguem que saiba quem é douglas adams, mais dificil é encontrar alguem que saiba o chato que é ler o ciclo pendragon, agora imagine os dois juntos….
Se calhar nem tudo tá perdido….
Obrigado