100nada

a Troca de Galhardetes que deveria ser por email mas não é

Catarina!
Em resposta a algumas insinuações que se seguiram, gostava de lhe dizer que quando falei na clientela fiel, tentei ser simpático, e era evidentemente uma brincadeira ao seu post anterior. Parece no entanto, que as bloggers deste pequeno Portugal, estão de pança cheia, acomodadas e inchadas sem sequer se perceber o porquê, visto a maioria, nada fazer para merecer a continuidade das visitas que continuam a ter, excepto, o usarem e abusarem do Português vernáculo, que parece vai dando frutos neste meio, cada vez mais pejado de bicéfalos anácronos, aliás, blog de gaja, parece que tem de ser assim, exceptuando algumas, poucas, que usando o método, escrevem no entanto bem pr´a caralho.
A Catarina pode “espetar” o que quiser no seu blog, não tem é depois o direito de querer que as pessoas comentem cada merda que diz. O gado ainda não é assim tanto, e se aqui vimos é porque já lemos muito bom texto por cá e gostávamos de continuar a ler, mas como diz, o blog é seu, pois bem, fique com ele.
Espero que o mau feitio lhe passe, pelo menos durante as festas que se aproximam.
Um bom Natal.

PS: Depois de escrever este comentário estive para o retirar, o melhor seria nem dizer nada, pois estou a ser politicamente incorrecto, e a Catarina irá desancar-me na certa, e eu nem sou de guerras, mas acabei por decidir que devia comentar. Por vezes as pessoas precisam de ouvir mais do que as palmadinhas nas costas.
PiresF

Ora bem.
Caríssimo PiresF. Eu, quando me refiro à clientela, também o faço em tom de brincadeira. Aliás, quase tudo o que aqui escrevo é sempre na palhaçada, como já deve ter reparado.
Vamos lá por pontos:
as bloggers (e os bloggers, não? Enfim, deixemos passar essa diferenciação entre ‘as’ e ‘os’ senão nunca mais saimos daqui) estão de pança cheia e mais não sei que mais – se calhar não produzem mais porque não podem, não lhes apetece, têm mais que fazer, estão fartas do blog, mas não o fecham porque de vez em quando lhes apetece escrever qualquer coisa, que até pode ser uma caralhada (passe o vernáculo) porque as gajas também podem escrever expressões menos próprias de senhoras que provavelmente não usarão perto das avós, mas que, num desabafo ou para mero efeito, podem perfeitamente escrever num blog.
Eu posso realmente espetar o que me apetecer no meu blog. É meu. E quando digo que é meu, é essencialmente por ser meu (lógica da batata) e porque me apetece por vezes dobrar a página daquele dia em particular com uma frase ou duas que não fazem sentido senão para mim. Imagine que eu escrevo um post totalmente desinteressante e que reza assim:

– Hoje choveu e botas de borracha são giras.

e os meus estimados leitores dizem, esta anda uma chata (de galochas, já agora).

Mas aquilo que eu posso estar a escrever nesta agenda na net é um apontamento que me avivará a memória quando o reler e saberei que naquele dia

saí de casa com o meu filho pela mão, calçado de botas de borracha azuis, novas, que está sempre a precisar de botas, cresce tanto, mas ainda é suficientemente criança para ir saltar em todas as poças que encontrar e, de repente, a mim também me apetece salpicar as calças e os casacos, esqueço-me da chuva e, em vez de ir a correr a puxar pela mão dele, desato aos pulos e ele desata a rir.

Eu não preciso de me lembrar disto, só preciso de um post-it aqui no meu tasco para saber que naquele dia foi o que aconteceu, naquele dia e não noutro, no dia a seguir a ter escrito outro post que tem uma ou meia dúzia de palavras, como por exemplo

As filas de supermercado são uma guerra.

e já me lembro que, no dia anterior, quando comprei as botas e mais coisas, mandei um berro de CALMA a um tipo que foi muitíssimo malcriado só porque eu demorei trinta segundos a limpar cotão da cara do meu filho que se tinha metido para debaixo do tapete das compras.

É nesse sentido, mais do que em qualquer outro, que este blog é MEU. É que eu tenho os meus fiéis leitores, mas daqui a uns tempos, o único fiel leitor que terei dos arquivos (uns tempos sendo uns anos ou assim) serei eu a pensar, olha que cómico, no tempo em que eu tinha um blog escrevi isto ou aquilo e foi sobre isso ou aqueloutra coisa. Que não vou escrever preto no branco, pois ninguém tem nada a ver com a minha vida privada, aquela que eu não quero divulgar em público: são coisas minhas.

Quanto aos comentários e ao pedido-choradinho de comentários ali de uns posts abaixo: eu às vezes digo aos meus amigos, ando a escrever para as paredes, talvez dez por cento dos leitores entendam o que eu escrevo, os outros não. Só lêem o sentido literal. Então o meu caro PiresF não percebeu que aquele choradinho era a GOZAR??? Dou prémios a mim mesma e ainda vou buscar os que os leitores, que entram no espírito da coisa, me atribuem e faço um espectáculo de ‘oh que boa que eu sou, deixem mais, deixem mais!’ e não se percebe que estou a gozar com os prémios e comigo mesma?
Agora se acha que é merda, está no seu pleno direito. Aliás o seu comentário em tom de brincadeira comparava a leitura do meu tasco ao ter deixado de ver o Herman. Não foi lá muito simpático, mas enfim, ok, admito, é uma forma a brincar de dizer que a coisa deixou de ter qualidade. Lamento imenso, mas bons textos não se escrevem a correr entre as gotas da chuva, demoram tempo que não tenho; mas não acho que tenha que fechar isto só porque os meus posts são uma merda. Quem gosta gosta, quem gostava mais, pois paciência, que já tive alturas da minha vida que tinha muito mais tempo para isto do que agora e agora é o que há, não há mais, não tenho qualquer disponibilidade para mais. Tenho pena, claro, que eu gosto muito de escrever, mas é a última das minhas prioridades; nem sequer posso dizer que seja a primeira das prioridades no meu tempo livre, porque não é, há muitas outras opções que passam à frente.

Quanto ao tal mau feitio, entenda de uma vez por todas: faz parte da linha editorial. Este blog é escrito por uma personagem quase real, ou por uma pessoa que deixa aqui o seu lado irritado. Acho piada e se há quem acredite que sou mesmo assim, pois melhor, quer dizer que é credível.

Estou-me nas tintas para ‘as palmadinhas nas costas’ ou para ‘precisar de ouvir mais’. É que para mim, os meus blogs são uma coisa para me divertir, para servirem de registo de algumas coisas e para, eventualmente para apenas e por força das circunstâncias de ser público, entreter quem me lê. E nem sequer costumo explicar o que escrevo, mas dado o espírito de paz e boa vontade deste tempo, cá está a coisada toda, que até pode servir para mais gente que pense o mesmo que o PiresF.

Um bom Natal também para si e um abraço.

0 thoughts on “a Troca de Galhardetes que deveria ser por email mas não é

  1. catarina

    Eu também, espumante. E até concordo. :DDD

    Zeak, à vontade, mas acho que ainda preciso de dar uma volta no texto, que foi escrito com um banho a correr…(não, não tive inundações em casa).

  2. Joana

    …Posso?
    CLAP, CLAP, CLAP, CLAP, CLAP!!
    Muitíssimo bem respondido, à letra! (Ou, em vernáculo, pr’ó caralho, chauvinista de merda!)
    E olha, tu escreves tão bem, mas tão bem, que até podes fazer uma antologia da asneira portuguesa e nós não nos importamos. 😉
    Um beijo grande!

  3. PiresF

    Catarina!
    Em primeiro lugar agradeço a sua resposta, de facto, tenho de reconhecer que o deveria ter feito por e-mail, não o fiz e por isso me penalizo. Estava também à espera de uma resposta que me reduziria a poeira, sei bem do seu jeito para as palavras. Assim não foi, creio que devido à época lhe apeteceu poupar-me. Agradeço-lhe, pois como lhe disse não sou de guerras, nem chauvinista como alguém me chamou, leio aliás, com mais prazer algumas bloggers do que alguns bloggers, até porque, mostram mais imaginação e perspicácia para a escrita, se bem que, algumas como disse, preferiram definitivamente, o caminho fácil de captação das atenções masculinas anácronas, com o verbo fácil, mas esse, será problema delas sem dúvida alguma.
    O meu desabafo, entenda-o assim, foi devido ao prazer perdido de a ler, gostava eu, que tivesse continuado a escrever como me habituou, mas explicadas as circunstâncias, que são razoáveis, tenho de admitir ter sido indelicado consigo, e também me penalizo por isso e lhe peço desculpa.
    Gostava que voltasse à linha de escrita que já encontrei nesta sua casa, mas compreendo o que disse e talvez não tenha o direito de lho pedir.
    Como se diz: Presunção e água benta, cada um toma a que quer. Esta sua resposta prova que a Catarina é definitivamente de água benta.
    Interpretei-a mal nalguns dos seus posts, está explicado.
    Renovo os votos de um bom Natal e espero sinceramente que não fique magoada com o que disse, já que a intenção foi de amigo, virtual é certo, mas mesmo assim de amigo.
    Um abraço para si.

  4. Rui Semblano

    Olá Catarina. E, antes de mais, obrigado pelo lisongeio (imerecido, aliás).
    Quanto a esta “troca de ideias”, gostei de um contracomentário seu, mais acima: “fiel leitor”.
    Catarina…
    :)

    Um grande abraço,
    RS

  5. Leonel Vicente

    Que satisfação ler-te e perceber tudo o que escreves e rever-me em algumas coisas (como, por exemplo, o cansaço dos blogues, mas a nenhuma vontade de acabar com eles)!

  6. catarina

    Não há pancadaria que eu sou pela paz, sininhos e pais natais de chocolate, Ana. :)

    SCita, refraseando: talvez um tudo nada de mau feitio, mas passa assim que escrevo aqui…;)
    Descaramento, sim, isso muito!

    PiresF: eu não desfaço pessoas, rapaz. :) Não vi qualquer achicalhamento ou má intenção no seu comentário, portanto achei que era melhor esclarecer na calma. Não fico nada magoada e reconheço, o meu tasco já viu melhores dias, mas as coisas são assim. Um abraço.

    Rui, obrigada eu pela simpática referência. E muitos parabéns pelo grande acontecimento em Tomar. :) Um grande abraço e, mais uma vez, é bestial ver A Sombra de regresso e na minha listinha dos actualizados do blo.gs.

    Leonel, é mesmo, não é? Mas agora acabar com isto? Como? Impossível…:)

    Isabela, eu também gosto muito do teu tom. Ainda hoje (isto ali para o comentário que deixaste mais abaixo) andei a falar dos teus posts e a dizer AH QUE GENIAL, ESTA MULHER É DEMAIS e coisas assim. Ora vê!

  7. PiresF

    Catarina!

    Voltei para ver se já teria lido a minha resposta. Vejo que não e agora só o fará amanhã, no entanto, não pude deixar de ler os comentários que se seguiram e verifico que o Sr. Rui Semblano, não leu, lendo o seu texto, e daí a insinuação do “fiel leitor”.

    Sr. Rui Semblano, Se ler, hoje, servir para impedir a leitura, melhor será não ler do que pensar que se lê, deglutindo prosas ao metro e ao quilo. Como – citando Pessoa – pensar que se pensa e pensar que se fala se apenas se move a cabeça e as cordas vocais.
    Não sendo assim, sem rebuço lhe digo, que teria verificado que o termo “fiel leitor”, foi usado pela Catarina no post original abarcando com abrangência todos os seus leitores, o que, o inclui, obviamente.
    A crítica e a recensão são exercícios totalmente apagados entre nós, hoje em dia. Razão, talvez, da geral falta de qualidade do que se publica. Pense nisso.

  8. PiresF

    Verifico que já me respondeu e que compreendeu a minha intenção.
    Dou por encerrado se me permite, este assunto, por ter satisfeito esta pretensiosa pretensão de querer que escrevesse como antes.
    Bem-haja.

    PS: Desculpe a redundância.

  9. Vi

    Depois de tudo o que li, só tenho um adjectivo:
    A – D – O – R – E – I !!!!!!!!!!
    Um belo dum auto-retrato de blog, uma bela explicação das psicologias do bloganço, um belo tratado sobre o prazer e a liberdade de blogar, sobre a arte de bem blogar em toda a linha e sei lá que mais coisas assim tipo intelectuais que eu podia acrescentar se a minha desgraçada memória não tivesse estes (co)lapsos…

  10. Joana

    Catarina (e, já agora, PiresF):
    Não era minha intenção ofender (de morte) o fiel leitor, confesso. Mas perante aquela bela dissertação sobre “as bloggers”, assim mesmo no feminino, subiu-me a mostarda ao nariz. O vernáculo saiu mais como exemplificação do que como insulto. Faço-me entender? Pois, eu sei que não, mas o mal é meu. 😉
    De qualquer forma, isto assim visto à luz do dia, depois de um belo pão com tulicreme, parece-me um bocadinho cru demais e por isso peço desculpa se ofendi. Ainda mais em blog alheio.
    Retomarei o meu tom cordial e inofensivo do costume (espero) dentro de momentos. 😉
    Beijinhos!

  11. PiresF

    Catarina! Permita que responda à Joana aqui no seu espaço, já que, foi aqui que a questão se levantou:

    Cara Joana, acredite que não me ofendeu, teria ofendido se me conhecesse, como não é o caso, assumi as suas palavras como defesa da Catarina, – que não precisa, mas eu até gosto de ver, sei lá porquê, um amigo saltar em defesa de outro – e má interpretação das minhas palavras. Se me conhecesse, saberia que sou pouco chauvinista, pouco, porque reconheço carregar ainda alguns resquícios de uma educação machista.
    Acredite também, que não me incomoda só por si, o vernáculo utilizado pelas mulheres, o sentido em que me incomoda é o mesmo que me incomoda nos homens, que é o despropósito abusivo com que é usado e neste particular as mulheres, algumas, muitas, usam e abusam desnecessariamente dele, e quantas vezes pelos motivos errados. Na minha opinião, o despropósito da utilização do vernáculo retira classe, e na maioria das vezes revela a falta de umas quantas xícaras de chá, mas o contrário também é verdade, há quem o utilize a propósito e nesses casos pode até ser uma mais valia.O mau gosto, esse, é que nunca o será

  12. jpt

    eu acho muito porreiro um tipo ter um blog e ter um leitor que o desanca como o piresf desancou a catarina – vale bem mais do que duzias de comentários, mão-cheia de elos e “he que ganda post”. Acho que ele escreveu com um bocado de mau-feitio, e ainda melhor, mais porreiro ainda, ter leitores com mau-feitio. pode ser que torne o blog mais humano [agora imaginem aquela imbecil sinalética amarela que os imbecis usam para dizer que estão a sorrir]

    e já agora, gostei imenso disso da autora deste blog ter mau-feitio

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